CAPÍTULO 4

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M A R I A N E

Um menininho!

Minha barriga já está redonda e me concentro apenas no bem-estar do bebê. A cada dia, sinto que Vicente está se tornando apenas uma lembrança e não mais aquele amor intenso que sentia. Meu erro talvez tenha sido tentar demais, agora já até duvido do seu amor por mim, porque quem ama faz de tudo para ver o outro feliz.

O amor cura! Dei todo o meu amor, para que ele se curasse e pudesse viver, mas, meu amor não o curou, talvez por ser fraco e errado. No fundo, ele talvez ame sua esposa mais do que compreenda, afinal, enquanto por mim ele apenas tentava, quando se referia a ela, tudo ele fazia.

Se me amasse, teria me escolhido.

Às vezes, me senti cruel por nosso bebê está se desenvolvendo longe. Porém, quando penso melhor, sei que estou certa. Ele jamais estaria seguro, estando próximo a Soraia, e não vou arriscar novamente por alguém que não está pronto para também ariscar por mim.

Trabalho o dia todo, e estou realmente dormindo tranquila, se levar em consideração que meu bebê já se meche e as vezes não me deixa dormir direito, fazendo meu estômago virar um reboliço ardido. Todos os dias penso em Vicente, e o que deve estar fazendo, e sempre acabo imaginando como seria se tudo fosse diferente, se por acaso por um instante ele tivesse me dado ouvidos e confiado o suficiente para olhar por outro ângulo, em vez de apenas para a dor fingida daquela mulher.

[...]

V I C E N T E

Gasto cada segundo do meu tempo, tentando encontrar algo que possa me ajudar. Está difícil, porque o crime já não é tão recente, e a BMW roubada, foi abandonada e incendiada, apagando qualquer outro vestígio que pudesse ser encontrado.

Só queria um rosto, e talvez pudesse chegar a quem me tirou minha menina.

Observo o BO registrado do roubo do carro, analisando e tentando encontrar algum suspeito. Vou até a rua onde ocorreu o roubo, e procuro se existe câmeras residenciais ou nos comércios, porém, ao que parece o dono estacionou no único ponto cego da rua. Um carro passa, e logo os dois seguem caminho, como se apenas tivesse vindo buscar e não fazer um roubo. Isso é tudo que as imagens me oferecem, e isso me frustra, porém, não me desanimam em buscar mais informações. 

Eu procuro o homem que seria o dono do carro roubado, e ele não está mais morando no lugar. Procuro saber dos vizinhos e descubro o que já suspeitava, — Ele ganhou na loteria e mudou-se.

— Não era um bom vizinho. Fechado na dele, alguns até dizem que era envolvido com coisa errada. — Uma senhora que varia a calçada me disse. — Eu não sei, apenas via o movimento de pessoas entrando e saindo, . — Deu de ombros, continuando seu serviço.

— Obrigado por me ajudar. — Aceno devagar, me despedindo.

Não posso chamar muita atenção, porque isso só levantaria suspeita, porém, eu preciso achar esse bastardo. Aposto como as coisas fariam mais sentido e posso apostar também, que ele está mais envolvido nisso, do que se fosse apenas uma vítima de roubo.

Procuro no sistema por algum rastro sobre o homem e encontro uma multa de trânsito em seu nome, em uma cidade vizinha, e o melhor de tudo, está com seu novo endereço. Quando cheguei a cidade, não foi difícil encontrar a casa que o homem vive, com a mulher e um outro homem, que imagino ser cunhado.

Liguei para um ex-colega da equipe técnica da minha delegacia, e cobrei um favor acumulado. O número de telefone que estava indicado no boletim de ocorrência não funciona mais, e preciso conseguir o número novo e também fazer um reconhecimento cara a cara desse indivíduo, e tenho certeza de que poderei ver seu real envolvimento com o crime.

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