CAPÍTULO 7

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MARIANE

A dor mais uma vez corta minha coluna e se concentra na parte mais baixa da minha barriga, e sinto meu fôlego faltar. Segundo a médica, tenho todas as condições para um parto normal, mas, tenho minhas dúvidas com tantas dores, apesar de ela dizer que é normal.

Estou apenas tentando me focar no meu momento, não quero que minha mente escorregue para a lembrança de quem vi hoje cedo. Estou tão assustada e impactada, que suspeito que seja um delírio, devido à noite mal dormidas que tive nos últimos tempos.

— Vai dar certo, pretinha. — Willian sorri nervoso, e quero rir do meu pobre garoto.

— Ajuda a mamãe aqui, garotão? — Jeferson acaricia minha barriga com calma, e sinto um certo alívio, onde sua mão grande aquece. — Lembra do que conversamos sobre as garotas?! Temos que tratar bem, e você não está muito justo, judiando assim da nossa girassol. — Repreendeu meu filho, e acabo rindo em meio as lágrimas doloridas.

Queria me apaixonar pelos dois, sentir aquela ansiedade que o Vicente ainda me causa, mas apenas amo os dois como se fosse bons irmãos, que estão sempre tão felizes em cuidar de mim, que me tenho vergonha de me aproveitar da sua paixão por mim. Eles deixam bem claro isso, e tenho meu coração apertado de desejo por desejá-los e amá-los. Porém, meu coração é idiota demais, e é rendido por Vicente, mesmo que eu tente ao máximo esquecê-lo, porém, foi apenas vê-lo que senti todo o meu mundo se agitar, medo e paixão.

— Puta que pariu! — Eu xingo, uma onda de suor escorrendo por meu corpo, a dor me fazendo estremecer.

Eu fico ali com os meninos, porque do fundo do meu coração eu não quero pensar no Vicente, e que ele trouxe seis problemas até aqui. Quando vi o homem que fez parte da minha vida com tanta intensidade, fiquei dividida entre ele está ali em um momento que poderia ser crucial e o medo que a Soraia chegue até nós, devido a ele.

— Meninos! — A enfermeira Carmem entra apressada. — Aquele homem que estava ali com vocês, acabou de ter um infarto, e já está sendo atendido. — Contou rapidamente, e olho para os meninos que ficam um pouco pálidos.

— Quem era? — minha pergunta quase é cortada, pela nova contração dolorosa.

— Aquele homem, pretinha. — Jefferson declara, e paraliso com a notícia. — Ele veio até aqui. Quando entramos, ele ficou lá fora.

— Vicente? — Minha cabeça dói, exaustão e medo me acertando. — Como ele está? — Me preocupo.

— Ele vai ser transferido para Madalena, que tem uma melhor estrutura. — A senhora me olhou, não sabendo quem ele é. — O atendimento foi imediato, e ele ficará bem. Se preocupe apenas com o seu bebê, querida. Tudo ficará bem, prometo a você. — Promete, e meus pensamentos são cortados por mais uma onda de dor.

Eu penso no meu bebê, e em tudo que tenho que fazer para que ele possa vir saudável ao mundo. Mais uma vez, vou priorizar quem realmente importa, sabendo que não posso fazer nada pelo Vicente, além de desejar melhoras e que possa se recuperar sem danos graves, mas, agora é meu momento, e sinto meu filho a cada instante mais ansioso a vir ao mundo.

Dona Carmem retornou, acompanhada da obstetra que já havia visto minha dilatação a algum tempo atrás. Não sei se os meninos ainda vão continuar aqui, porém, eu me sinto tão segura e cuidada com eles ao meu lado, que somente se realmente quiserem sair, não poderei impedir. Não quero ficar sozinha, me sinto assustada e vulnerável.

— Muito bom Mariane! — A médica sorriu, minhas pernas já posicionadas e abertas para o alto. — Ele já está posicionado. — Dou um sorriso nervoso, e os meninos pegam um em cada mão minha, me dando o incentivo que preciso no momento.

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