QUERIDA AMANTE |+18|

CAPÍTULO 3

V I C E N T E

— Tudo errado! Olha essa merda?! — jogo as pastas irrelevantes sobre a mesa. — A investigação não pode ser arquivada. Eu fui impedido de investigar o assassinato da minha própria filha, mas entregaram a investigação para um filho da puta irresponsável, que não fez nada para descobrir.

— Acalme-se Vicente. Você sabe que foi um crime muito bem premeditando, e não ficou rastros a serem seguidos. — O delegado da corregedoria alega, mas, tudo que desejo no momento é arrebenta sua cara.

— é da minha filha que estamos falando! — grito, não aceitando essa situação absurda.

Quando soube que o caso foi arquivado, senti o medo e a impotência me empurrando ainda mais para o desespero. Não posso admitir que a justiça não seja feita, não posso e nem irei permitir isso. Minha filha tinha apenas dezenove anos, uma linda vida e careira pela frente e não posso permitir que apenas a mim, seja disposta a culpa da sua morte.

— Vou tentar segurar a investigação por mais algum tempo, mas, é apenas isso que posso fazer. — Balanço minha cabeça em negativa, decepcionado com tudo e todos.

— Quero que você e sua equipe se foda. — Desejo, pegando as pastas sobre a mesa e saindo da sua sala sem esperar resposta.

Minha vida está uma grande e fodida merda. Mariane me deixou, e a meses sou apenas um verme bêbado afogado na minha culpa, sem ter a chance de estar com a mulher que amo, e muito menos solucionar o caso da minha filha. Minha ex, é meu inferno na terra, sua perseguição acirrada para que voltemos nosso casamento é constante e enjoativo. A muito tempo Soraia está ciente sobre o quanto nossa situação é impossível, porém, não consegui admitir isso, e está se aproveitando ainda mais, pelo fato de a Mariane não estar mais comigo.

Saber que não a tenho mais, dói a miséria dentro de mim. Sei que está bem, seja lá onde diabos ela se enfiou, porque não procurei minha garota, não quero destruir sua vida e levar para esse buraco que me encontro. Mariane merece mais, ela merece tudo.

Tudo que não sou, que não tenho.

Entro no apartamento que era da Mari e olho ao redor procurando sua presença, seu cheiro e seu amor. Perdi também isso. Quando perdi minha filha, perdi tudo a minha volta, perdi inclusive o amor da minha garota, porque sou fraco e não tenho condições de cuidar de quem eu amo.

No quarto dela, ainda tem algumas coisas que deixou para trás para serem descartadas no lixo, rascunhos de suas aulas e anotações que me fazem admirar sua letra bonita e caprichosa. Quando vim vê-la, e soube que havia ido embora, pedi para ficar com seu apartamento e aluguei para que pudesse ter um lugar para nossas recordações, mas, isso está me fazendo se afundar mais ainda nesse mar de desespero depressivo. Não deixei que fosse tirado nada que ela deixou, e apenas assim ainda tenho o cheiro bom e a sensação de que a qualquer instante ela passara pela porta, e me oferecerá um sorriso meigo e um abraço apertado.

Nas suas anotações, Mari deixou deixa claro sua desconfiança sobre a Soraia. Leio com cuidado sua teoria, que é a que mais está fazendo sentido no momento, porque outras linhas de investigação já foram seguidas e nenhuma levou a nada. Porém, não existe uma base sólida para colocar minha ex como suspeita, nem mesmo algo que possa alegar como motivo.

"Vicente está cego. Sei que perdeu a filha, ela era minha melhor amiga e somente consigo imaginar a proporção da sua dor, porém, o atentado não foi pra ela, e disso eu tenho certeza. Eu sinto que estou em perigo, e a única coisa que me protege ainda de uma nova represália e o medo que Soraia tem de chamar atenção, para o fato de que Alice não era o alvo."