CAPÍTULO 14

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MARIANE

Mesmo sabendo que sua provável mudança seja devida a algum concelho da psicóloga, ainda me sinto muito feliz por isso, seja pela forma que realmente está me olhando quando falo, ou apenas por está se dedicando ao tratamento. Desde que pedi e ele aceitou fazer acompanhamento, marquei no mesmo dia com medo que ele desistisse, e foi quatro vezes por semana, somando nove ao todo e a maioria das vezes sentia que ele estava pensando ser uma grande bobagem, porém, ontem foi realmente gratificante.

Eu visto um vestido longo, que estou seriamente pensando em mandar encurtar, porque agora sem minha barriga imensa, ele está mais que longo. Tiro as tranças do meu cabelo, que estou mantendo quase permanente devido ao medo de ir parar nas mãos no Bernardo, e machucar suas mãozinhas delicadas e espertas, porém, fica um cheiro horrível se mantê-lo sempre assim. Em dois meses já volto a trabalhar na escola, e já me sinto ansiosa em como farei para deixar meu pequeno, se bem que o Vicente se aposentou e se ele pretende morar na minha casa, poderá cuidar do nosso filho sozinho, enquanto trabalho. Eu sorri um pouco boba, porque gosto da sensação de casal construindo para um bem maior e me sinto cheia de ânimo em vê-lo tentar melhorar para temos uma boa relação. Não sei como será, porém, a tempos estou disposta a tentar recomeçar com o Vicente, claro que não vou simplesmente dizer isso a ele, porque preciso que ele esteja bem e estável, tanto quanto ter certeza de que é isso mesmo que ele quer.

— Está pronta? — Me chamou da porta do quarto, com o nosso filho nós braços.

— Quase lá. — Não consigo esconder o sorriso, e vejo como ele me observa com cuidado.

Quando eu disse que iria me vestir para irmos à praia, ele disse que assumiria a troca do Bernardo enquanto me arrumava, e fiquei feliz pela iniciativa, porque por várias vezes durante esse mês, ele pareceu tão distante e as vezes parecendo no modo automático, outras vezes parecia que estava olhando um pequeno mundo a sua frente, e juro como ignorar seu humor tão diferente, me deixava angustiada, porque sei como ele realmente é, e cada dia estou mais ansiosa para vê-lo em sua própria pele.

— Você está linda. — Elogiou me olhando com uma intensidade boa, que causa aquela sensação boa no meu estômago.

— Obrigado Vicente. — Suspiro me olhando no espelho.

Não me sinto feia com as marcas da gravidez. Eu sempre sonhei em ser mãe, infelizmente a gravidez do Bernardo não foi algo planejado, porém, veio em um bom momento, porque me fez ter a coragem que hesitei por tantas vezes e só tenho a agradecer por isso, porém, quando soube que estava meu mundo simplesmente pareceu expandir e ganhar novas cores e dimensões.

Saímos e fiquei feliz que ele tenha aceitado ir caminhando e não de carro, porque assim podemos ver as pessoas saindo para suas rotinas de sábado, alguns pescadores chegando no cais, ou até mesmo outros saindo para levar as cidades próximas. Cresci em uma cidade bem parecida com essa, e com as mesmas situações rotineiras, e amava a liberdade que sentia ao correr nas calçadas e brincar com outras crianças, como se não houvesse amanhã, e por fim voltar para casa com um joelho ralado, então minha avó me banhava enquanto reclamava das minhas estripulias, e por último passava goma nas minhas raladuras. Conto ao Vicente, que dá uma risada bonita, que acelera meu coração, porque a muito tempo ele não sorria assim, parecendo livre e espontâneo.

— Se nosso filho herdar suas danações, vamos ter problemas. — Provocou me fazendo rir.

— As mangas eram enormes, e eu era uma pirralha baixinha. — Resmungo dando de ombros. — Então sempre sobrava para mim, entrar no sítio e pegar as mangas. Ainda tínhamos que chegar limpinhos em casa, porque se minha avó sentisse ao menos cheiro de manga em mim, ela ia puxar minha orelha. — Confesso recordando da minha infância feliz com a minha avó.

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