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Amélia Lorenzi

Observava, deitada na cama suada e com a respiração desrregulada, Charles recolher as roupas pelo chão do meu quarto.

Dentro de mim um sentimento de impotência se formava, pois eu sabia que eu podia fazer de tudo e nada iria fazer o homem ficar. Novamente, ele tinha vindo até meu apartamento apenas para me comer e ir embora.

Era sempre assim.

Normalmente, acontecia quando ele se chateava com a namorada. Mas outras vezes ele apenas se lembrava da minha existência, vindo no meu apartamento apenas para me levar para a cama e logo de seguida ir embora como se nada tivesse acontecido.Sempre que ele saia por aquela porta um vazio se formava dentro do meu peito, por saber que nunca o vou ter por inteiro e também por estar a destruir um relacionamento, que à frente das câmaras parece incrível.

Já tentei colocar um fim a todos estes encontros que já duram há dois anos, porém Charles sempre me conseguiu dar a volta. E também prefiro deixar as coisas como estão, porque assim consigo o ter perto de mim nem que seja por alguns momentos.

Ao aceitar este relacionamento, se é que isto se pode chamar assim, fui contra todos os meus princípios e morais. Desde sempre me ensinaram que trair é feio e que não se deve fazer e eu sei disso, mas eu não tenho culpa. 

Eu o amo. 

E por isso é que eu continuo na situação de hoje, por amá-lo eu não consigo ter ninguém. Não consigo deixar outro homem se aproximar de mim. E enquanto ele aproveita com a namorada dele, eu me pergunto qual será a próxima vez que ele vai voltar.

Me sinto mal em saber que sou apenas a amante, ele nunca vai conseguir olhar para mim como olha para Charlotte e eu sei disso. 

Ele nunca me vai amar como ama ela.

O pior de tudo é que sou "amiga" de Charlotte, ela começou a andar com o nosso grupo de amigos depois de começar a namorar com Charles. Por isso sempre que estamos juntos tenho que fingir que não me afeto com nenhuma interação entre Charles e ela.

Em todos os convívios de amigos a minha vontade de ir é pouca, porque eu já sei o que se vai passar lá.  E quando chego a casa o meu coração dói e eu choro, por ela ter tudo o que eu quero.  

Dói tanto.

Desde há um ano atrás deixei de acreditar nas promessas de Charles, ele sempre dizia que iria deixar Charlotte para nós ficarmos juntos e sempre disse que me amava. No primeiro ano, eu acreditava naquilo cegamente. Agora, ouvia aquelas promessas furadas e concordava com ele.

Começo a ficar cansada disto, mas também não quero deixar aquilo que temos porque que eu penso que me faz bem. Vivia e continuo a viver das migalhas de um amor prometido.

-Eu vou indo. -a voz de Charles tira-me dos meu devaneios. -Charlotte mandou mensagem pedindo para nos resolvermos. -ouvir aquilo fez meu coração começar a bater rápido e doer.

Eu nunca seria ela.

Concordo com o que Charles disse com o meu coração magoado, o observando pegar nas suas coisas que estavam pousadas a um canto. Meu coraçãozinho sempre ficava amassado quando ele saia por aquela porta. 

-Adeus, Lia. -vem até mim e me dá um beijinho na testa. 

Não digo nada, apenas o observo sair e logo depois ouço o barulho da porta principal a fechar. A vontade de chorar encheu o meu peito, isto não era vida para mim mas até agora o amor dele era o único tipo de amor que eu tinha conhecido.

Sei que mais tarde ou mais cedo isto vai acabar, porque começa a cansar e dois anos disto não é pouco coisa. 

O sentimento de ser usada e logo depois descartada é horrível. Era assim que eu me sentia, usada para o prazer dele. 

Sabia que ele não me merecia, eu merecia muito melhor. Mas como dizem o amor é cego e não é como se eu pudesse dizer ao meu coração para parar de o amar. 

(...)

Ouço o meu despertador tocar, abro os olhos completamente mal-humorada. Era típico de Amélia Lorenzi ser mal-humorada logo de manhã.

A primeira coisa que faço é tomar a pílula, porque Charles diz que sem camisinha é mais gostoso, e ele até tem razão. Porém eu não queria ficar grávida, não é que eu queira ser mãe. Mas ficar grávida nas está nos meus planos neste momento. 

Antes de sair de casa, olho para meu celular para ver se tinha alguma mensagem de Charles. Sempre fazia aquilo, mas também encontrava sempre um total de 0 mensagens da parte dele. 

Por causa do meu apartamento ser perto do hospital onde trabalho, hoje resolvi ir andando até lá. Observar a natureza de certeza me vai fazer distrair do caos que acontece na minha cabeça.

Abro o meu instagram e vejo que Charlotte publicou um story. Abri o story e meu coração começou a bater rápido e meus olhos se encheram de lágrimas. Aquilo com certeza arruinou o meu dia. 

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via story

@charlottesine:

@charlottesine:

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Parece que eles se tinham resolvido, olho novamente para a publicação e penso para mim em como eles ficam lindos juntos. Ela parece tão contente e feliz por estar ao lado dele. 

Coitada. 

Meu coração doía por ver aquilo, doía por mim e por ela. 

Apesar de não ser uma das minhas pessoas preferidas no mundo, ela não merecia o que lhe estavamos a fazer. 

(...)

Vejo um paciente entrar numa maca dentro do hospital, aproximo-me para ver a gravidade e vejo que tinha a perna com um corte gigante. Desliguei o meu modo sensível e acompanhei o paciente, fiz todos os procedimentos devidos e esperei que o médico chegasse. 

Quando olhei para a sala de urgências, reparei que ela estava cheia, pelos vistos iria ser um dia longo e cansativo. 

Cheguei a casa completamente cansada, o meu corpo pedia por descanso. E minha cama nunca pareceu tão confortável, porém as mensagens que caiam incessantes no grupo de whatsapp que tinha com os meus amigos pareciam ter outros planos para mim. 

Meus amigos falavam sobre sair hoje, porque amanhã é fim de semana e a maioria não trabalha. Eu trabalhava porém era no turno da noite. 

Disse que apareceria no bar onde eles tinham marcado de se encontrarem, mas não planejava ficar até muito tarde porque no dia a seguir tinha que trabalhar. 

𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐭𝐡𝐞𝐫 𝐖𝐨𝐦𝐚𝐧 ➤ 𝗖𝗵𝗮𝗿𝗹𝗲𝘀 𝗟𝗲𝗰𝗹𝗲𝗿𝗰Onde histórias criam vida. Descubra agora