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Amélia Lorenzi
O fim de semana tinha chegado e eu tentava a todo o custo me despachar para sair de casa, estava atrasada novamente. Iria de uber e na vinda pediria a algum dos meus amigos para me trazer pois sabia que eles não me deixariam vir sozinha num uber de madrugada.
Planejo me divirtir muito e beber muito também, apesar de Amélia e alcoól não serem sinónimos eu insistia em fazer meu organismo gostar daquilo. Eu não precisava de muito para ficar bebâda e toda a gente sabia disso.
Aproximo-me do meu grupo de amigos que esperava por mim na frente da boate, era uma boate luxuosa e rústica. Passava uma vibe mais antiga e como eu nunca tinha entrado nela estava amando o ambiente. Na área VIP nossos amigos escolheram uma mesa para se sentarem e depois de alguma conversa começamos finalmente a beber.
Charles desde que me viu na entrada da boate não tirou os olhos de mim porém eu sigo ignorando ele a noite inteira, mantendo de vez os olhos nele e encarando-o mas sempre com um olhar vazio. Sabia que ele estava tentando tirar alguma emoção dos meus olhos e como não encontrava nenhuma estava frustado. Charlotte que estava do lado dele parecia não ligar para a situação frustada do namorado e conversava animadamente com uma das nossas amigas. Já tinha conversado com ela esta noite, ela me contou que ela e Charles estavam planejando ir esquiar nos alpes suiços no winter break e eu apenas sorri para ela. De nada acrescentava na minha vida saber para onde eles iriam e também não queria saber mas Charlotte por algum motivo se sentiu na necessidade de me contar aquilo.
(...)
Bebia uma cerveja enquanto conversava com Richard encostada no balcão do bar, não precisava de muito para haver tema de conversa entre eu e ele.
-Lia, você lembra de quando você tinha um crush em mim? -ouço Richard perguntar perto do meu ouvido, por conta da música alta.
Olho para o homem desacreditada e ele tinha um sorriso brincalhão no rosto.
-Lembro, infelizmente. -digo fingindo estar triste. -Já tenho mau gosto em rapazes desde pequena.
Ouço ele rir alto e curvar-se por conta de estar a rir muito, provavelmente a bebida é que o estava a fazer rir assim tanto. Quando a gente era criança, ainda uns pentelhos, eu tinha um super crush em Richard. Sempre estudamos nas mesmas escolas por isso a nossa amizade já tem anos e anos, o considero meu melhor amigo.
Naquela altura eu fazia cartinhas de amor e presentinhos para Richard que retríbuia com caixinhas de chocolates e abraços. Lembro-me de quando pedimos a nossos pais, que são amigos, para nos deixarem namorar e eles simplesmente riram nas nossas caras, dizendo que quando crescessemos poderíamos namorar. Naquele dia eu e Richard choramos baba e ranho agarradinhos no quintal de minha casa, enquanto nossos pais assistiam tudo de dentro de minha casa. Com a chegada de Charles na minha vida, no ensino fundamental, aquele crush que eu tinha por Richard passou.
-Eu naquela altura já era um gostoso. -diz se achando, era convencido que nem.
-Claramente. -digo sorrindo. -Então com aquele sorriso bengala que você tinha na altura ainda ficava melhor.
-Eu nem vou te responder porque se não você vai ficar chateada comigo Amélia Lorenzi. -Richard diz sorrindo torto.
-Agora que começou tem que acabar Richard, você é um homem ou um rato? -pergunto me aproximando dele.
-Sou um homem. -diz e olha para as calças dele, meus olhos para lá também mas logo volto a olhar para ele. -Voltando ao assunto eu nem preciso comentar sobre as suas mechas verdes que te deixavam parecendo um campo de futebol né Lili? -diz e eu começo a distríbuir tapas pelo corpo do homem.
Ele tinha tocado no meu ponto fraco, odiava quando falavam da triste época em que fiz madeixas verdes no meu cabelo e odiava também que ele me chamasse Lili.
-Um dia eu te mato Richard. -digo e ele ri.
-Você me ama Lili. -diz e me abraça. -Vamos dançar.
Nem tive tempo de responder porque ele me puxa rapidamente para o meio da pista de dança, começamos a dançar que nem uns doidos. Uma música mais sensual começa a tocar e eu sinto o corpo deRichard se aproximar do meu, começamos a dançar de acordo com o ritmo da música. Sentia ele se aproximar cada vez mais de mim e nossos lábios quase tocavam um no outro, era possível sentir a atração de nossos corpos porém nenhum de nós dois parecia querer aquilo.
-O que estamos fazendo? -Richard pergunta alto.
-Não sei. -digo rindo e ele me acompanha.
Richard volta a se afastar de mim e ambos fingimos que aquilo não aconteceu, nós não conseguiamos nos ver daquela forma e muito menos fazer aquilo. Somos melhores amigos há muitos anos e sabiamos que um beijo sem significado não iria estragar a nossa amizade.
Voltamos para o bar onde Richard pediu mais umas bebidas e por ali ficamos até eu sentir uma vontade absurda de ir no banheiro para fazer o número um. Entre aquele amontuado de gente fui fazendo meu caminho até ao banheiro, me senti aliviada depois de colocar todo aquele líquido que se tornava incómodo para fora.
Enquanto lavava minhas mãos ouvi a porta do banheiro se fechar, olhei rapidamente para o local e o encontrei. Seus olhos percorriam com urgência meu rosto e eu apenas secava minhas mãos na toalha tentando não me incomodar com a presença dele ali, ele ainda tem um poder gigante sobre mim.
-O que você quer Leclerc? -pergunto olhando para ele.
-Eu venho tentando falar com você Lia. -diz se aproximando.
-Meu nome é Amélia. -digo tentando mostrar indiferença e ele engole em seco. -Você tem um minuto para falar. -digo olhando para ele.
-Eu tenho saudades suas. -diz. -Você não me quer dar uma segunda chance? -pergunta e eu fico chocada e desacreditada.
-Dar uma segunda chance a quê querido? Me poupe e se poupe Charles. -falo mais alto. -Era isso que tinha para me dizer? -pergunto e ele não responde. -Passe bem Charles Leclerc.
Ando até à porta e tento abrir a porta quando ia sair sinto meu corpo ser puxado de volta, de um momento para o outro eu tinha os lábios de Charles colados nos meus. Fiquei sem reação nos primeiros momentos porque tudo aconteceu muito rápido, mas logo me afastei e dei um tapa bem dado no rosto de Leclerc. Daqueles que viram a cara para o lado.
Saio apressadamente pela porta e procuro Janet porque seria ela que me iria levar até minha casa. Não me acredito que depois de tudo Charles ainda teve coragem de fazer aquilo.
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𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐭𝐡𝐞𝐫 𝐖𝐨𝐦𝐚𝐧 ➤ 𝗖𝗵𝗮𝗿𝗹𝗲𝘀 𝗟𝗲𝗰𝗹𝗲𝗿𝗰
Teen FictionAmélia sempre soubera que lhe pertencia, mas ele... Ele era só mais um homem que nunca encontrou o amor verdadeiro e vivia num relacionamento falhado. Sabia que em casa sempre estaria alguém a esperar por ele, mas também sabia que quando quisesse ta...