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Amélia Lorenzi

Quando acordei no domigo de manhã o meu primeiro pensamento foi: "Porra, o Charles é pai." e com esse pensamento minha vontade de voltar a dormir foi gigante. 

A verdade é que eu não queria enfrentar a realidade, não queria aceitar que ele tinha alguém, que ele tinha um filho. Eu não queria aceitar que ele tinha seguido com a vida dele e eu tinha ficado presa num passado que neste momento parecia muito distante. 

Me levanto da cama já cansada, igualzinho aquele meme "Já amanheci cansada", a primeira coisa que faço é tomar um café pois eu precisava despertar e tinha que me preparar pois tinha combinado que iria sair com Richard.

(...)

Ouço batidas repetidas na porta e logo me estresso, porra pra que tanta pressa logo de manhã. Eu juro que se for Richard, eu arranco a porta e dou com ela na cara dele. Eu não estava nem brincando. 

Hoje tinha acordado especialmente mal-humurada talvez por as coisas não estarem a correr como eu queria. Grito um "Já vai" bem alto para a pessoa parar de bater na porta e as batidas instantanemente cessam. 

Ainda estava descabelada, estava começando a me arrumar quando começaram a esmagar a porta. Enfim, eu diria que quem me visse desse jeito só iria sair ganhando porque a gata é bonita até descabelada.

Abro a porta de rompante preparada para berrar em plenos pulmões com meu melhor amigo, mas todo o ar saí deles quando vejo na minha frente Charles Leclerc. Que porra ele estava fazendo aqui? Não deveria estar com sua mulher e seu filho?

Olho para ele que carregava consigo um olhar preocupado mas também tinha um pequeno sorriso no rosto. Tá rindo de quê? Deve ter comido um circo inteiro no café da manhã.

-Oi, Lia. -diz baixinho e faz com que eu arrepie até à minha alma. 

-Oi. -digo ainda surpresa e confusa por ele estar na minha frente. -Precisa de alguma coisa? -minha vontade era mandar ele ir para casa dele. 

-A gente precisa conversar. -diz e começa a me seguir visto que eu ia para a cozinha. 

Me encosto no balcão e vejo ele para na minha frente, muito perto de mim. Seu perfume invadiu minhas narinas e por momentos fiquei extasiada, queria poder sentir esse cheiro todos os dias. Mas essa posição já tinha sido tomada de mim e eu nem sequer me tinha apresentado para a batalha. 

-O que foi? -pergunto olhando no rosto dele. 

porra, porque é que ele tinha que ser tão lindo?

-Ouvi dizer que você foi na minha casa, o que queria? -pergunta. 

Não respondo e fico olhando na cara dele, iria fazer aquilo que eu sou melhor a fazer. Responder perguntas com perguntas.

-Qual é o nome do seu filho? Para quem dizia que não ia desistir de mim, você me esqueceu bastante rápido não acha? -pergunto sendo irónica, vejo ele abrir um pouquinho a boca em choque com o que eu tinha dito. -Para quê me dizer aquelas coisas, dizer que me amava, para logo depois me substituir por outra? -pergunto perto dele com os braços na cintura. -Em um ano você conseguiu arranjar alguém e ter um filho, isso é obra em?

Charles fica parado a olhar para mim, seu olhar parecia o olhar de quem não estava percebendo nada. 

-Lia, você entendeu tudo errado. -diz baixinho perto de mim, sinto a sua respiração perto de mim. 

-Ele não é seu filho né? -pergunto como se fosse óbvio e ele nega. 

Porra Amélia, você é um máximo. 

Minhas bochechas estavam começando a ficar vermelhas, eu e a minha mania de tirar conclusões precipitadas. Eu estava cheia de vergonha e o olhar do homem sobre mim apenas me deixava ainda mais. Havia qualquer coisa naqueles olhos que tinha mudado desde a última vez que eu o tinha visto. 

-Ela é minha prima. -diz e eu solto o ar que eu nem sabia que estava preso. -Está passando por um divórcio e como ficou sem casa, eu me ofereci para dar casa para ela. -diz e eu concordo. -Ela me disse que você apareceu lá, mas que foi logo embora. Ela é psicóloga percebeu que você estava mentindo e te reconheceu em uma foto de um quadro de lá de casa. Foi assim que eu soube que era você. -diz.

Fico parada a olhar para ele ainda perto dele, tentando raciocinar tudo o que ele me tinha dito. Então ele não tinha nem mulher, nem filhos. Que bom.

Me lembro da carta e então eu vou buscar ela na minha mala que estava pousada em cima da mesinha da sala, quando tenho o papel em mãos eu volto a ir até Charles. Ele fica a olhar para a minha mão. 

-Pega. -digo e estendo para ele o papel. - Eu deixei ela cair no dia em que fui embora, por isso que você não recebeu. 

Ouço ele soltar o ar, ele parecia mais aliviado e agora tinha um pequeno sorriso no rosto, depois de ter visto no canto da folha "C.L". 

-Não pense que eu me esqueci de você, eu nunca vou me esquecer de você. -digo olhando nos olhos dele. -Muito menos pense que você não é importante para mim, você sabe muito bem como é que eu me sinto em relação a você. Não houve um dia sequer que passei sem pensar em você. -digo e ele agora tem um sorrisão no rosto. 

Sinto os seus braços passarem à minha volta e eu abraço Charles de volta, era estranho mas depois de muito tempo eu me sentia em casa, me sentia confortável.

-Você não sabe o alívio que eu senti ao ver essa carta, tive a certeza que ainda sou importante para você. -diz ainda agarrado em mim. 

-Você sabe que entre todos você é o mais importante. -digo com voz de choro e faço um carinho nas costas dele. 

Ele me solta e agora olha novamente para a carta, suspira e volta a olhar para mim. 

-Eu vou ler em casa, apesar de tudo ainda estou um pouquinho descrente. Espero que entenda. -diz e eu concordo rapidamente. 

-Tudo bem, espero que você finalmente compreenda os meus motivos. E que tudo isso que nos ensombra desapareça. -digo e ele concorda. 

Ele se vira e começa a ir embora mas para no meio mas ainda assim continua de costas viradas para mim.

-Amélia, não pense que em algum momento eu parei de te amar. 













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É dessa que esse cazalsão se resolve! Ou não?

Gente, quero agradecer pelas 20 mil leituras e por todo o apoio que eu sinto da vossa parte. Vocês são especiais, love u all<3

𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐭𝐡𝐞𝐫 𝐖𝐨𝐦𝐚𝐧 ➤ 𝗖𝗵𝗮𝗿𝗹𝗲𝘀 𝗟𝗲𝗰𝗹𝗲𝗿𝗰Onde histórias criam vida. Descubra agora