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Amélia Lorenzi 

Depois de ouvir aquelas três palavras saírem da boca de Charles, uma chuva de questões começou a cair na minha cabeça. Qual era a nessecidade de dizer aquilo neste momento em que eu não sei o que sentir e o que fazer em relação a ele, só veio provocar na minha cabeça mais uma confusão gigante. Obviamente que ele estava mais bebêdo que o Jack Sparrow mas mesmo assim aquelas palavras tinham deixado um peso enorme sobre mim. 

Como muitas pessoas dizem que as vezes nós dizemos bebâdos aquilo que queríamos dizer sóbrios, não sei até que ponto isso pode ser uma completa verdade. 

Ao fim de travar uma enorme batalha com o meu "eu" interior e depois de ver que já estava próximo de começar a amanhecer, decido que o melhor era fingir que nada daquilo tinha acontecido pois provavelmente Charles não se lembraria daquilo que se tinha passado mas aquilo ficaria na minha cabeça por algum tempo. 

Fecho meus olhos e logo o sono me apanha, antes de adormecer completamente sinto Charles se mexer, se virando e abraçando o meu corpo ficando assim de conchinha. Poderia me afastar, mas eu estava tão bem ali. Sentindo a respiração lenta de Charles no meu cabelo, seu braço na minha cintura e o calor do seu corpo junto do meu, eu finalmente cedi ao sono. 

(...)

Acordo com um pouquinho de calor e logo encontro a razão, Charles estava dormindo tão colado em mim que parecia que queria fundir o seu corpo no meu. Me mexo para tentar me levantar e começar a fazer a minha rotina normal, mas sinto o homem deitado do meu lado fazer força para que eu fique no mesmo lugar. 

-Fica aqui mais um pouquinho. -ouço a voz rouca de Charles atrás de mim. 

Eu até poderia ficar ali, mas ao ceder àquilo estaria a ceder a muitas outras coisas principalmente às vontades dele. 

-Está muito calor. -digo.

Ele logo tira o braço de cima da minha cintura dando espaço para eu me levantar e é isso que eu faço, ando até ao banheiro que havia no meu quarto. Começo a fazer toda a minha rotina matinal. Estava escovando meus dentes quando sinto passos vindo até ao sítio onde estava, Charles entra só de cueca dentro do banheiro e se senta na privada coçando os olhos.

-Tem uma escova de dente aí para mim? -pergunta e eu abano a cabeça dizendo que sim e aponto para uma gaveta do móvel. 

Depois de tirar uma escova de dente do lugar onde eu tinha indicado, Charles para do meu lado na frente do espelho e começa a escovar os seus dentes. Tudo isso era estranho porque parecia que estavamos tendo uma rotina de um casal normal, a parte triste é que nós não somos um casal e estamos longe de ser normais. 

 Sinto o olhar dele em mim e começo a olhar para ele também, claramente a havia uma tensão entre nós. 

-O que foi? -digo para ele que continuava a olhar para mim pensativo. 

-Nada. -diz e assim como eu termina de escovar os dentes. 

Saio do banheiro e sou acompanhada pelo o homem, queria saber até que horas ele prentendia ficar aqui. Não que ele esteja me incomodando até porque hoje ele tá bem mais pensativo.

Procuro uma roupa no meu armário, ouvia o barulho de Charles a fazer o mesmo mas depois de escolher a roupa do dia me viro novamente para o homem.

-Até quando você prentende ficar aqui? -pergunto vendo o homem olhar para trás de uma cadeira que eu tinha no quarto. 

Ele se levanta lentamente e pega em alguma coisa que estava atrás dela, mais propriamente um casaco. Não um casaco qualquer mas sim um casaco de homem, me pergunto como é que eu ainda não tinha dado conta que aquilo estava ali.

-Isso é de quem Amélia? -pergunta mostrando o casaco para mim. 

Fico calada vendo ele manter o seu olhar em mim, Max tinha logo que deixar seu casaco aqui numa última vez que cá veio. 

-É do Max. -digo e vejo ele atirar com o casaco para o chão completamente frustado. 

Charles se senta na cama e passa as mãos no cabelo logo olhando para mim. 

-Só me responde uma pergunta, você gosta dele? -ele olha diretamente para mim. 

-Isso não te interessa. -digo e ele ri irónico. 

-Interessa sim, Amélia, mais do que você pensa. -diz e apoia a cabeça na mão. -Tenho medo de você começar a criar sentimentos por ele, aí se as minhas chances de ter você já são reduzidas assim elas passariam a ser nulas. -diz passando a mão no cabelo, claramente nervoso. 

-Isso é problema seu Charles, tivesse pensado em tudo isso antes. -digo e começo a andar para fora do quarto. 

Passado pouco tempo ouço os passos dele novamente atrás de mim, começo a fazer meu café e sinto uma cadeira ser puxada. Quando me viro para a frente vejo Charles sentando nela e a olhar para mim. 

-Não coloque só as culpas em mim Amélia, a situação que em que nós nos encontramos não é só culpa minha. -diz e eu torço a cara. 

-Claro que não, eu fui burra ao ponto de cair nos seus encantos todas as vezes que você me prometia coisas que sabia muito bem que não iria cumprir. Eu fui burra por deixar que você me dissesse o que fazer quando eu era aquela que não estava num relacionamento, fui burra ao ponto de me submeter a ser a outra e perder toda minha autoestima e esquecer o meu valor. Fui burra por sentir ciúmes daquilo que não era meu, por deixar você ter ciúmes de mim, por não deixar nenhum outro homem me tocar ou aproximar. Mas acima de tudo Charles eu fui e sou uma idiota por depois de tudo isso ainda continuar a te amar. -digo tudo aquilo que tinha vontade para dizer tudo o que estava preso dentro de mim. 

Olho para ele que se levanta e vem rapidamente até mim, sua boca se cola na minha numa urgência. Quando dou conta já estou envolvida demais naquele beijo, não me afastei porque assim como ele eu queria aquilo poderia estar a fazer uma grande asneira mas ao sentir os lábios de Charles na minha boca e em meu pescoço todas as incertezas foram embora e eu só queria aproveitar aquilo ao máximo. 

Charles Leclerc mais uma vez me tinha surpreendido. 





𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐭𝐡𝐞𝐫 𝐖𝐨𝐦𝐚𝐧 ➤ 𝗖𝗵𝗮𝗿𝗹𝗲𝘀 𝗟𝗲𝗰𝗹𝗲𝗿𝗰Onde histórias criam vida. Descubra agora