Amélia Lorenzi
Depois de Richard quase me ter batido ao me ver na porta de sua casa, ele me abraçou e me chorou junto comigo. Como eu tinha sentido saudades dele!
Richard fez questão de me atualizar de todas as fofocas sobre o principiado, é o que dá viver num sítio onde quase toda a gente se conhece. Fiquei até a saber que a vizinha dele tinha adotado dois gatinhos e que eles miavam muito durante a noite.
Meu melhor amigo de alguma forma conseguiu me convencer a sair hoje à noite com meus amigos, com o meu grupinho. Acho que não estava preparada para tal coisa e ainda mais para ver uma pessoa em específico.
Quando soube que Charles tinha sido campeão de Fórmula 1 meu peito se encheu de alegria, mas logo se encheu de tristeza ao me lembrar que eu não vi, não acompanhei e não estive lá com ele. Eu realmente tinha perdido muita coisa nesse tempo.
Muitas vezes eu acho que no momento em que me fizeram aquela proposta eu agi de sangue quente, aceitei a proposta sem pensar naquilo que era importante. Mas naquela altura eu só queria tentar encontrar um sentido para aquilo que eu sentia e para a minha vida também, tentar preencher o vazio.
Na solidão eu me apercebi que talvez Charles era aquilo que iria preencher o vazio que eu sentia dentro de mim e que talvez não tinha mal nenhum em tentar como ele tinha proposto. Na altura, se eu quebrasse a cara apenas seria uma vez e mais nenhuma. Se eu tivesse escolhido tentar talvez nós tivessemos festejado a vitória do campeonato juntos e talvez hoje em dia estaríamos para casar, quem sabe.
Eu não me arrependo de nada do que eu fiz, mas certamente sabendo o que sei hoje teria pensado melhor e conversado com eles. Talvez eles me tivessem feito ficar.
(...)
-Lili. -reviro os olhos ao ouvir aquele apelido. -Algumas pessoas se juntaram ao nosso grupo, então quando chegarmos lá eu te apresento para elas, ok?
-Sim, tudo bem. -digo concordando.
Estávamos indo para o bar para onde Richard tinha convocado todos os nossos amigos, graças a Deus estavam cá todos em Mónaco. Nem tinha ido a casa ainda, me preparei com as roupas e maquilhagens que tinha deixado na casa do meu melhor amigo.
Sentia-me nervosa.
Será que ele ainda esperava por mim?
Será que ele tem alguém novo?
Será que alguma daquelas pessoas novas que Richard me irá apresentar será uma namorada dele?
Será que ele entendeu os meus motivos?
Tantas perguntas rondam a minha cabeça e para nenhuma delas eu tinha resposta.
-Se prepara para aquilo que você poderá enfrentar. -Richard diz e eu respiro fundo. -Algumas pessoas podem ter mudado.
Espero que as minhas teorias não se confirmem, eu juro que tenho um mental breakdown se eu vir Charles com alguém. Durante todo este tempo, eu tentei me convencer que ele não tinha ninguém, ver ele com alguém agora seria como levar com um balde de água bem fria.
(...)
Quando Richard parou o carro no estacionamento do bar eu não queria sair, parecia que minhas pernas tinham congelado ali naquele lugar. Fazia bastante tempo que eu não estava com eles e pelo que Richard disse algumas pessoas tinham mudado. Imagina se todos eles estavam diferentes, se se tinham esquecido de mim, se tinham ficado com ódio de mim por ter ido embora do nada?
Mas eu expliquei nas cartas deles todos o porquê, tinha um medo enorme que eles não me tivessem compreendido. Mas pelo menos Richard e meus pais perceberam e compreenderam, será que Charles também compreendeu?
Richard consegue me arrancar do carro e me leva até ao bar, ao entrar eu logo consigo ouvir as risadas e vozes familiares. Na minha barriga borboletas brincam e eu fico um pouquinho nervosa.
Enquanto andamos até eles eu sinto alguns olhares em mim e um silêncio se forma, todos ficam a olhar para mim com um sorriso no rosto e com os olhos embaciados de lágrimas. Eu estava do mesmo jeito enquanto Richard me abraçava de lado.
-O que foi gente? -ouço aquela voz que me arrepiou por inteira.
Meu coração acelera e minha vontade era de andar até ele e abraçar ele e nunca mais largar. Quando ele se virou para trás para olhar para mim, eu vi o seu corpo congelar quando seus olhos pararam em mim.
Quando me viu seu rosto ficou sério, seus olhos abertos e neles era visto um pouco de choque e talvez um pouquinho de aversão. Suas feições não mudaram de expressão em momento algum, ele apenas continuou a olhar sério para mim. Eu não estava a aguentar receber aquela reação por parte dele, eu esperava um sorriso grande assim como o dos meus amigos e uma receção muito melhor.
Sinto que o clima ficou pesado e todos os nossos amigos olhavam para Charles, que ainda olhava para mim parado no mesmo sítio e sem mudança de expressão.
Engulo o choro e sorrio.
-Oi gente. -digo com uma vontade enorme de chorar, por causa do olhar que recebi dele.
Todos eles vieram para cima de mim e me abraçaram com força, disseram o quanto tinham sentido a minha falta e que todos os dias pediam a Deus para que eu me aguentasse viva para puder voltar e eles puderem puxar as minhas orelhas. Tinha conhecido as novas pessoas que Richard tinha falado e elas eram bem simpáticas, só que eu ainda não me sentia muito confortável com elas.
Por obra do destino o único lugar que sobrou para sentar era do lado de Charles e a muito custo me sentei do lado dele. De todos ele tinha sido o único que não me tinha cumprimentado nem falado para mim sequer. O olhar que ele me deu quando eu me sentei do lado dele me fez querer levantar e sentar do chão, mas eu não puderia me rebaixar a ele.
-Oi, Charles. -digo e olho para ele.
Ele simplesmente olha pra mim e não me responde, apenas abana a cabeça. Uma facada no coração doeria menos.
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E aí meus amores? O que me dizem?
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𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐭𝐡𝐞𝐫 𝐖𝐨𝐦𝐚𝐧 ➤ 𝗖𝗵𝗮𝗿𝗹𝗲𝘀 𝗟𝗲𝗰𝗹𝗲𝗿𝗰
Teen FictionAmélia sempre soubera que lhe pertencia, mas ele... Ele era só mais um homem que nunca encontrou o amor verdadeiro e vivia num relacionamento falhado. Sabia que em casa sempre estaria alguém a esperar por ele, mas também sabia que quando quisesse ta...