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Amélia Lorenzi

Quando Charles saiu do meu apartamento eu senti um vazio tomar conta do meu interior, por alguma razão parecia que o momento que tivemos momentos antes tinha sido realmente uma despedida. 

Agora chorava agarrada numa almofada e por momentos parecia que ainda sentia os braços dele à minha volta e ouvia ele dizendo que me amava baixinho incontáveis vezes. Eu por algum motivo não tinha dito que o amava durante aquele abraço, talvez por já o ter dito tantas vezes antes. 

Ligo minha TV para tentar me distrair e consigo até eu sentir meu celular vibrar, vejo que tinha recebido duas mensagens de Charles. 

📱Leclerc💩📱

Não se esqueça daquilo que eu lhe disse minha linda

Quando eu voltar da corrida, teremos mais tempo para conversar

Leio aquelas mensagens algumas vezes pensando no que eu iria responder, escrevia e apagava mensagens várias vezes tentando de alguma forma procurar as palavras certas para lhe escrever.

📱Leclerc💩📱

Tudo bem

Boa corrida Charles

Não era de todo o que eu lhe queria escrever mas no momento me parecia o melhor para dizer, atiro meu celular para o sofá e volto minha atenção para o filme que passava na TV.  Quando dei conta já era tarde e estava na hora de começar a me preparar para ir para o trabalho. 

(...)

Era de madrugada quando eu fui ver e medicar os pacientes, não havia grande coisa para fazer no hospital nos turnos da noite. Usualmente a urgência estava muito parada com casos pouco preocupantes durante a noite, por isso nós ajudavamos em outras unidades do hospital. 

Entro dentro de um quarto de um senhor que eu já conhecia muito bem e tinha um certo apego, ele tinha um câncer terminal e a sua família tinha abandonado ele, por isso ele passava os seus últimos dias no hospital. 

Estava administrando o remédio no soro quando sinto o senhor se mexer um pouquinho e olho para ele para ver se estava tudo bem. 

-Menina Amélia, está muito pensativa hoje? -diz lentamente e eu olho para ele sorrindo. 

-São só uns problemas pessoais, senhor Joseph. -digo e continuo o meu trabalho. 

-Problemas no amor? -diz e eu concordo. -Como assim uma menina tão bonita tem problemas no amor? -diz e eu sorrio, fazendo um carinho no seu rosto. 

-Não sei senhor Joseph, o amor é complicado. -diz e ele concorda. 

-Eu sei minha filha, demorou muito tempo para conquistar minha mulher. -diz sorrindo, a mulher de senhor Joseph tinha morrido primeiro que ele. -Mesmo depois de todo o sofrimento que eu lhe causei ela me deu uma opurtunidade e eu a agarrei como se fosse o último dia de minha vida. Não vejo a hora de me reencontrar com ela e estar junto com ela para sempre. -diz triste e eu fico triste também, lembrando da minha realidade. -Se esse homem a amar de verdade não irá desistir de você. -diz e eu penso nele. 

-É complicado. -digo sorrindo triste. 

-Não é, muitas vezes nós que complicamos minha filha. -diz e eu olho para ele, ele estica e pega na minha mão. -Tenho a certeza que o melhor está guardado para vocês dois, seus olhos brilham só de pensar nele. Ele é um homem de sorte. -diz e eu sorrio. 

-Obrigado por isso, senhor Joseph. -faço carinho na mão dele e ele sorri. 

-Sempre que precisar estarei aqui. -diz e eu sorrio triste. 

A verdade é que senhor Joseph tinha pouco mais que uma semana de vida, estava mesmo no seu leito da morte. Mas mesmo assim continuava com um sorriso enorme na cara e era por pessoas assim que eu amava meu trabalho. 

Eu não tinha escolhido a enfermagem, a enfermagem tinha me escolhido a mim. Não consigo imaginar outro trabalho que me fizesse mais feliz que esse, mesmo sendo muito cansativo o amor que eu tinha por ele era enorme. 

-Daqui a algumas horas passarei aqui para fazer novamente um check-up. -digo para o velhinho e ele concorda rapidamente cedendo ao sono. -Tenha um bom sono. -digo e abandono o quarto. 

(...)

-Está muito pensativa. -ouço uma voz conhecida, enquanto tomava um café. 

Credo em cruz, porque logo hoje tinha que dar de cara com o comedor de enfermeiras.

-Não é a primeira pessoa que me diz isso. -digo e ele sorri. 

-Problemas no paraíso? -pergunta e eu olho para ele chocada, ele realmente não tinha vergonha na cara. 

-Não que você tenha muito haver com isso mas sim. -digo não ligando muito à sua presença.

-Já sabe que se precisar conversar pode contar comigo. -diz e eu rio ironicamente. 

-De todas as pessoas, você não iria ser aquela com quem eu iria falar sobre meus assuntos pessoais. -digo começando a ficar passado com ele. 

Não que ele tenha dito ou feito alguma coisa de mal, mas pelo simples facto de ele estar respirando perto de mim já fazia eu querer cometer um homicídio. 

-Não sei o que eu te fiz para você falar assim para mim. -diz e eu olho para ele incrédula. 

-Doutor Milner, faz um favor e vai ver se eu tou ali na esquina junto com as outras enfermeiras que você come. -digo e ele olha para mim surpreso. 

-Tanta agressividade, já vou me retirar enfermeira Lorenzi. -diz em tom brincalhão e eu concordo já sem paciência.

Ele sai do meu campo de visão e logo outra pessoa aparece na minha frente, o chefe dos enfermeiros do hospital, um senhor com certa idade mas que claramente ainda tinha uma carreira enorme pela frente. 

-Enfermeira Lorenzi, tenho uma proposta muito importante lhe fazer. -diz e eu olho para ele atenta. -Se estiver interessada em saber o que é, me encontre no meu escritório. Estarei lhe aguardando. 

O homem saí do meu campo de visão, deixando-me com inúmeras questões na minha cabeça. Ando de um lado para o outro na receção até finalmente ganhar coragem e ir enfrentar o meu chefe. 

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Qual proposta importante será essa?

Meus amores quero agradecer acima de tudo ao apoio gigante que vocês têm dado, love u  all <3

𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐭𝐡𝐞𝐫 𝐖𝐨𝐦𝐚𝐧 ➤ 𝗖𝗵𝗮𝗿𝗹𝗲𝘀 𝗟𝗲𝗰𝗹𝗲𝗿𝗰Onde histórias criam vida. Descubra agora