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Amélia Lorenzi

Charles caí do meu lado e assim como eu a sua respiração está completamente desregulada, não conseguia acreditar que nós tínhamos mesmo acabado de fazer aquilo. Tínhamos cedido aos desejos, que já estavam à muito tempo acumulados, e porra aquilo tinha sido tão bom. Foi diferente de todas as vezes que Charles tinha vindo ao meu apartamento e logo de seguida ido embora, desta vez parecia que haviam sentimentos envolvidos. 

Ainda não me acredito que eu me tinha vestido para acabar assim aqui, nua do lado dele e também satisfeita. Olhando para ele que estava de olhos fechados tentando regularizar a respiração, um sorriso pequeno se forma em seus lábios e eu de forma inconsciente sorrio também. Mas logo abano a cabeça para que todos aqueles pensamentos que me estavam a deixar feliz fossem embora. 

Me levanto, ainda meia coisada pelo acontecimento anterior, e começo a procurar e vestir as peças de roupa que estavam perdidas pelo quarto. Eu a fazer aquilo, me fazia lembrar todas as vezes em que eu estava deitada onde Charles está e era ele que procurava as roupas para ir embora o mais rápido possível do meu apartamento. Acho que certas mágoas nunca irão embora e se forem irá ser um processo bastante complicado tentar esquecê-las. 

(...)

Estava na cozinha há mais de dez minutos e Charles ainda continuava no meu quarto fazendo sabe lá Deus o quê. A semana tinha acabado de começar e com ela também começou uma semana inteira ficando com o turno da noite no hospital, realmente é uma coisa que eu adoro (ironia).

Ouço passos se aproximarem do local onde eu estava e espero a figura masculina aparecer no meu campo de visão, Charles entra pela cozinha já vestido e com um sorriso no rosto. A sua disposição de agora era totalmente diferente da que ele tinha quando acordou. 

Sem dizer nada vejo ele procurar nos armários por uma caneca, para assim como eu puder beber café. Quando encontra ele vem até à máquina que estava ao meu lado e começa a encher a sua caneca, de novo sinto o seu corpo muito perto do meu e meu coração acelera. Até porque esse é o efeito que ele tem em mim. 

Ele se afasta e se encosta no outro balcão que fica bem de frente para mim, enquanto beberica o seu café por estar quente. Sinto os seus olhos vaguearem por minha figura, deixando-me totalmente desconcertada. 

-Como é que a gente fica agora? -pergunta e meu coração acelera. 

Fico parada durante alguns segundos apenas olhando para ele, ele tinha conseguido me deixar sem resposta com aquela pergunta. 

-Igual a antes. -digo séria. 

Ele se mexe irrequieto e se aproxima mais de mim, continuo-o no mesmo lugar de antes.

-Como assim Amélia? -diz e eu olho para ele, seus olhos pareciam aflitos. 

-A gente fica igual a gente estava ontem, você no seu canto e eu no meu. -digo e ele continua com o seu olhar preso em mim. -Não é uma porra de um sexo que vai fazer mudar tudo, tornar as coisas mais fáceis. 

-Mas eu pensei que a gente talvez pudesse tentar. -diz ainda olhando para mim, seus olhos suplicavam por alguma coisa. 

Ficamos ambos calados durante algum tempo, era notório todo o clima tenso que se tinha formado à nossa volta. 

-Você está me simplesmente pedindo para tentar ter um relacionamento com você depois de tudo o que a gente passou? -pergunto retoricamente. -Charles, eu vou ser bem sincera com você. Eu não consigo confiar em você, não dá. Não depois do que você fez com Giada, não depois do que você fez com Charlotte e não depois do que você fez comigo. É suposto eu pensar que comigo irá ser diferente? Talvez até possa ser, mas eu não consigo. -digo e fecho os olhos. 

Novamente o silêncio toma conta do espaço e por momentos consigo sentir a respiração de Charles começar a acelarar. 

-Com você vai ser diferente. -diz bem baixinho e eu sorrio triste, queria eu acreditar naquilo.  

-Me desculpa, mas eu não consigo acreditar. -digo com o tom de voz triste e ele solta todo o ar preso nos seus pulmões. 

O silêncio. O silêncio estava me matando e tudo isso estava sendo demasiado doloroso. 

-Eu te amo Amélia. -diz e eu olho para ele. 

-Você sabe que eu também te amo Charles, eu te amo muito e se não fosse por esse amor que eu sinto por você, de certeza absoluta que eu não me iria subemter aquilo tudo que me submeti. -digo e faço uma pequena pausa. -Ás vezes o amor não é tudo e não é só ele que consegue sustentar um relacionamento e fazer duas pessoas ficarem juntas. -digo triste já com a voz fraca e lágrimas nos olhos. -Talvez nós tenhamos feito tudo ao contrário, começado com o pé errado ou talvez isso não é para ser. -digo com uma dor gigante dentro de mim. 

De todos os cenários que eu tinha imaginado de Charles a declarar o seu amor por mim, esse concerteza era um daqueles que eu nunca tinha imaginado. 

Estava ficando díficil de sustentar meu olhar em Charles pois eu via ele perder o brilho aos poucos, estava custando em mim e eu sabia que nele também. Mas eu não via uma outra solução para nós dois, talvez não seja para ser. Doí pensar assim mas é a pura verdade, na sua forma mais nua e crua. 

-Eu entendo teu lado Amélia, eu realmente entendo. -diz e eu volto a olhar para ele. -Mas eu finalmente consegui encontrar aquilo que eu estava procurando à muito tempo, o amor verdadeiro. E agora que eu finalmente encontrei eu não vou abrir mão tão fácil, eu não vou desistir de você. -diz e eu começo a chorar. 

Sinto Charles se aproximar e me abracar, sussurrando vários "eu te amo", aproveito aquilo que na verdade parecia uma verdadeira despedida. E talvez era. 





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Será esse o fim de Charles e Amélia? 

Gente como que tá o vosso coração mercedista e ferrarista?







𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐭𝐡𝐞𝐫 𝐖𝐨𝐦𝐚𝐧 ➤ 𝗖𝗵𝗮𝗿𝗹𝗲𝘀 𝗟𝗲𝗰𝗹𝗲𝗿𝗰Onde histórias criam vida. Descubra agora