CAPÍTULO 15 - DIVISOR DE ÁGUAS

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Cause I know I can treat you better

Than he can

And any girl like you deserves a gentleman

Tell me why are we wasting time

On all your wasted crying

When you should be with me instead

I know I can treat you better

Better than he can

Treat You Better, Shawn Mendes

Acordei sentindo o cheiro de café que, por mais que eu odiasse, me fez abrir um sorriso, pois me lembrava ele. E então eu dei um pulo, porquê se me lembrava ele, ele provavelmente estava ali.

Abri os olhos num sobressalto mas não dei de cara com café nenhum, concluindo que meu psicológico estava me sabotando. Ainda estava nos braços de Peeta, que parecia não ter se mexido nem um centímetro durante a noite. Eu não queria dizer que aquilo em seus lábios parecia um sorriso, porque não queria guardar ideias erradas para mim. Seu peito subia e descia no ritmo da sua tranquila respiração e eu me contive para não passar a mão em seus cabelos bagunçados e acordá-lo. Meu coração disparou quando lembrei que ainda estávamos nus e na mesma cama, e que ele poderia acordar a qualquer momento. Eu não estava preparada para isso. Na verdade, não estava preparada para nada do que viria pela frente.

Me desvencilhei dos seus braços, tomando cuidado para que ele não se mexesse. Não podia levar comigo o único edredom que nos cobria, então estava contando com que o mínimo barulho que eu fizesse não o despertasse.

Quando olhei para o chão, fiquei surpresa com a bagunça que fizemos. Peeta era várias coisas, mas bagunceiro não estava entre elas, porém, quem visse o quarto naquele estado não diria isso. Nossas roupas não poderiam estar em lugares mais aleatórios, além dos cadernos espalhados que estávamos usando para estudar na noite anterior. Meu estojo havia caído e derramado uma porção de canetas e lápis, e eu estava torcendo também para encontrar o outro pé do meu tênis sem dificuldade. Ainda vi a embalagem da camisinha rasgado no chão ao lado do seu celular, assim como o meu. Peguei o aparelho e juntei minhas roupas, me trancando no banheiro.

Precisei de um minuto inteiro para pensar e colocar a cabeça no lugar.

A primeira coisa que pensei foi: uow. Eu sabia que ter beijado Peeta uma ou duas vezes acabaria se tornando menos estranho e constrangedor com o passar do tempo, mas, como se isso não fosse o bastante, agora nós transamos? Deus, Finnick estava fora de São Francisco, mas Cato poderia ter entrado no quarto a qualquer momento. Nós nem sequer pensamos em trancar a porta, estávamos ocupados demais não pensando nas inúmeras consequências que apenas uma noite já seria capaz de causar.

E o que meu irmão diria quando descobrisse, afinal? Ou Madge, ou Johanna, que com certeza teriam notado a minha ausência no quarto a noite toda? Eu sabia que como dependia apenas de mim e de Peeta, nenhum dos nossos amigos saberia tão cedo, mas não era uma preocupação que eu poderia apagar para sempre.

Peguei meu celular para checar as horas. 9:20. Ao menos eu poderia sair do dormitório masculino sem grandes preocupações, já que a partir das oito horas da manhã a circulação nos dormitórios era liberada. Mais uma vez com os olhos em meu reflexo no espelho, passei um tempo analisando meu corpo. Meus cabelos estavam um pouco bagunçados, mas meu rosto não parecia tão cansado quanto achei que poderia estar, talvez porque eu tenha dormido realmente bem. Ainda tinha o coração acelerado quando desci os olhos para meu pescoço e avistei algumas espécies de marcas por ali, que desciam também para o meu colo. A maioria era suave e poderia ser coberta por uma blusa ou pelo meu cabelo, mas eu ainda estava indignada com o quanto nos envolvemos na noite passada. Mas também com o quão bom havia sido. E que noite...

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