The Right Way

CAPÍTULO 20 - A UM PASSO

Use as mangas do meu suéter
Vamos viver uma aventura
Cabeça nos ares, mas com os pés no chão
Toque o meu pescoço e eu tocarei o seu
Você nesse shortinho de cintura alta, oh]

Sweater Weather, The Neighbourhood

O sol ainda adentrava o quarto pelas frestas da janela mesmo que a cortina impedisse uma maior qualidade de luz. Despertei com sussurros que em um primeiro momento não consegui identificar a quem pertenciam. Quando finalmente decidi abrir os olhos, a imagem de Finnick de costas apoiado no batente da porta do banheiro apareceu em meu campo de visão e não me surpreendi quando Peeta também entrou nele.

Contive meu suspiro e fechei os olhos, mas controlar meus pensamentos foi impossível. Eu não queria que nenhum dos dois me visse acordada no momento, mas ambos estavam bem presentes em minha mente.

Finnick, como me acolheu ontem em um abraço reconfortante de irmão mais velho e ouviu todas as merdas que eu necessitava jogar para fora, além de ter cuidado de mim. E Peeta, que estava infringindo minha vontade de que não viesse em minhas divagações. Eu não queria — e muito menos podia — estar brava ou chateada de modo algum com ele por causa da noite anterior, muito menos pela semana anterior. E, apesar de saber muito bem disso, eu precisava de um tempo para acatar a realidade.

Meus olhos semicerrados miraram onde Peeta se encontrava. Ele estava fazendo a barba enquanto trocava poucas e baixas palavras com Finnick, pude perceber isso pelo seu reflexo no espelho que chegava até mim. Sua aparência não era de quem havia acabado de acordar com uma ressaca forte, embora eu soubesse que ele não poderia ter se embebedado tanto se estivesse dirigindo. Mesmo assim, nem seus olhos indicavam poucas horas de sono ou alguma indisposição que qualquer gota de álcool poderia causar. De certa forma, constatar isso esquentou meu corpo com um alívio indescritível.

A ideia de que Peeta não fora à uma festa correu pela minha cabeça. Porém, junto com constatações, estão as dúvidas. Onde estaria ele se não em um bar, rodeado de bebidas caras e garotas bonitas que não pensariam duas vezes antes de beijá-lo? Bem, sua noite não era da minha conta afinal.

A troca de sussurros cessou no instante em que ouvi a torneira ser aberta e obriguei-me a fechar os olhos novamente. Prestei atenção no barulho da água escorrendo pela pia, mantendo-me pacientemente quieta ao não ouvir mais nada vir de algum dos dois. Quando a torneira finalmente foi fechada, ouvi passos duplos e soube que agora eles estavam no quarto.

— Devo voltar até o final da tarde. — ouvi Finnick dizer por fim. — Faça-a comer alguma coisa, por favor.

— Não se preocupe. — a voz de Peeta soou muito mais perto de mim do que eu imaginara. — Eu cuido dela.

Ouvi meu irmão agradecer um instante antes de sentir lábios pressionando um beijo em minha testa, e o baque da porta estalar, indicando que foi fechada. Nesse meio tempo, Peeta já estava andando pelo quarto em passos silenciosos, porém perceptíveis, e acabei me sentindo nervosa pela situação. Eu estava dormindo enquanto ele estava ali, zelando meu sono e esperando que eu acordasse. Quase senti como se estivéssemos tendo a manhã que não tivemos juntos após aquela noite.

Os passos subitamente pararam, dando lugar à um silêncio de minutos. Eu já estava impaciente em não saber o que estava acontecendo, então semicerrei os olhos quando mirei em sua direção, e fiquei aliviada ao ver Peeta de costas para mim diante de seu guarda-roupas. Ele estava com as duas mãos apoiadas na gaveta superior do móvel e vestindo apenas uma bermuda cinza clara, aparentemente larga em seus quadris, deixando o elástico preto da cueca à amostra. Eu não queria reparar, mas meus olhos correram pelo seu corpo quase que automaticamente, como sempre insistiam em fazer quando Peeta estava exposto demais. Eu tinha que parar com isso.