The Right Way

CAPÍTULO 28 - PEETA - TRAÍDOR

Eu gastei todo o amor que eu guardei
Nós sempre fomos um jogo perdido
Garoto de cidade pequena em um grande fliperama
Eu me viciei em um jogo perdido

Arcade - Duncan Laurence

Os últimos dias talvez tenham sido os piores e os melhores da minha vida. Foi como se eu tivesse passado pelo inferno para então chegar ao paraíso. O único detalhe que fazia tudo deixar de ser o paraíso era o fato de Katniss ir embora. Descobrir isso realmente havia afetado meu humor a ponto de eu quase estragar tudo entre nós.

A briga que tivemos por minha causa me fez pensar que eu a afastaria de mim para sempre, mas aquela noite, minha mente havia mudado por completo. Eram muitas informações para absorver ao mesmo tempo, começando pelo fato de que eu poderia ter tido muito menos sorte em relação a sair ileso daquele acidente.

Em compensação, os próximos dias foram como estar no céu. Eu nunca chamava Katniss para sair com segundas intenções, mas levá-la para minha casa depois daquela festa havia sido o maior divisor de águas que eu estava precisando. Poderia facilmente chamar aquela de melhor noite da minha vida. O jeito que nos envolvemos, embora eu quase tivesse estragado tudo novamente por ciúmes, foi a chave para finalmente começarmos a expor nossos sentimentos, e eu nunca me senti tão bem. Era literalmente tudo que eu estava precisando: colocar para fora o que eu guardei só para mim por tanto tempo.

Cato estava certo, Katniss e eu só precisávamos conversar, e algo me diz que ele sabia disso desde a noite da festa em que eu a magoei. Eu não poderia estar mais arrependido sobre esse dia e ainda queria conversar com ela sobre isso se tivesse a oportunidade. Eu tinha consciência de que havia sido um completo idiota, mesmo Katniss alegando que não era nada demais. Dava para perceber o quão aquela noite a havia incomodado e eu não lhe tirava a razão. Fazia todo o sentido depois de saber como ela se sentia em relação a mim esse tempo todo. Mas, em minha defesa, eu não fazia ideia e também não estava sendo racional. Só estava seguindo com a minha vida do modo que achava que era melhor para nós dois.

Acordar com ela em minha cama me fez pensar que, por um momento, eu estava sonhando. Eu nunca havia levado ninguém em casa porque eu não tinha costume de passar a noite com ninguém. Geralmente era algo que eu evitava porque não me agradava, mas Katniss eu fiz questão que estivesse ali e a sensação foi maravilhosa. Naquele domingo eu evitei a todo custo levantar, mas quando Dylan me ligou, não tive escolha. Ele queria saber se eu estava em casa pois estava lá embaixo e fazia um certo tempo que não nos víamos. Com ele na faculdade e trabalhando e eu morando no internato, era comum chegarmos a ficar semanas sem nos encontrar, mesmo estando na mesma cidade.

Eu acabei me desvencilhando de Katniss a contragosto, arrumando o lençol por cima de seu corpo antes de procurar algo para vestir. Quando desci, meu irmão pareceu animado em me ver mais uma vez.

— E aí, maninho, quanto tempo! Veio matar as saudades de casa? — disse um pouco alto demais e eu automaticamente levei o indicador à boca.

— Shhh. Katniss está dormindo no quarto. — sussurrei, fazendo meu irmão arquear as sobrancelhas.

— É ela? Minha cunhada? — ele zombou e eu revirei os olhos. — Não acredito que finalmente trouxe alguém pra casa!

— Nós saímos ontem e tivemos um contratempo na rua.

— Blitz. — deduziu ele. Eu assenti. — Fez a escolha certa.

— Não podia arriscar, ainda mais com o seu carro.

Dylan assentiu, assoprando a espessa fumaça do cigarro para fora da boca.

— Quando seu carro fica pronto?