Capítulo 14

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"Comentário da autora: antes de começarmos, gostaria de dizer que este é provavelmente o meu capítulo favorito até aqui - e provavelmente o mais dolorido também. Para um experiência ainda melhor, sugiro que coloquem Wish You Were Here do Pink Floyd - provavelmente a minha música preferida e mais dolorida - para tocar junto com a Elo. Boa leitura. Espero que gostem e sintam tanto esse capítulo como eu."

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Elo's p.o.v.

29 de maio de 2022, domingo.

Monte Carlo, Mônaco.

22h 33min.

Após alguns lances de escada, finalmente chego ao meu destino final - o terraço do Hôtel de Paris. Aquele lugar que havia sido meu refúgio quando era pequena e era obrigada a vir em eventos, novamente seria meu porto seguro, em um momento que parecia em outra vida. Tanta coisa mudara de lá para cá. Mas não esse lugar. Ele seguia igual.

O vento refrescante da fresca noite de primavera bateu em meu resto e balançou meus longos cabelos castanhos enquanto me encosto no parapeito. E eu finalmente respiro ar puro. Tento esvaziar a minha mente. Naquele momento, não havia Charlotte, Charles, ou quem quer que fosse. Era apenas eu, o vento e o céu estrelado.

Respiro fundo enquanto admiro a visão panorâmica do principado. Mônaco é linda durante o dia, mas nada, absolutamente nada - nem mesmo Mônaco de dia -, conseguia superar a beleza da noite monegasca. Às estrelas. Às luzes. O mar. Tudo era perfeito. E eu não conseguiria colocar em palavras o sentimento de felicidade de poder ter aquela vista de camarote, no terraço de um dos hotéis mais tradicionais do principado.

Outra brisa atinge meu rosto. E eu decido que um momento daqueles precisava de uma trilha sonora especial - que não fosse a música eletrônica que ecoava do salão de festas alguns andares a baixo. Eu queria me desligar de tudo o que estava ligado àquela festa, e isto incluía a trilha sonora.

Em poucos segundos, os acordes de Wish You Were Here, do Pink Floyd, começam a tocar - estar 24 horas com o celular em mãos precisava servir para alguma coisa, a final de contas. E como eu desejava meus fones de ouvidos nesse momento, foi a primeira coisa que passou em minha mente. A segunda, era como essa cidade conseguira ficar ainda mais linda.

Eu estava pronta para cantar os primeiros versos quando sou surpreendida - e levemente assustada, admito - por uma doce voz familiar. E David Gilmour começa a cantar sozinho enquanto recebo um pedido de desculpas do homem que acabara de terminar com a minha paz naquele momento - e nos últimos tempo em geral.

Eu não acreditava em karma, mas se acreditasse, tenho certeza que o meu seria o monegasco de olhos verdes e 1,80m de altura que interrompia o meu momento - e a minha fuga.

- Não era minha intenção te assustar. - fala ele um pouco corado enquanto o vento gelado move seus curtos cabelos como ondas. Como era lindo. E como era impossível.

- Suspeitei que não fosse. - respondo com um pequeno sorriso tímido. Haviam muitas coisas que eu gostaria de lhe dizer. E eu não tinha o direito de lhe dizer nenhuma delas.


"So, so you think you can tell

Heaven from hell?

Blue skies from pain?"


"Então, então você acha que consegue distinguir

O céu do inferno?

A alegria da dor?"


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