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Acordei num susto, respirando ofegantemente. Olhei ao redor, tentando me situar. O dia de ontem parecia um sonho, ou um pesadelo, não saberia dizer qual dos dois. Levei o olhar para o relógio, eram oito da manhã. Passaram mais de doze horas desde que dormi e não acordei durante esse tempo todo. Olhei a data: cinco de janeiro. Definitivamente, o dia de ontem tinha acontecido.

Coloquei a mão na cabeça, estava doendo um pouco. Demorei um tempo até me levantar, não deixando de estar meio desnorteado. Meu corpo tendia para baixo, fazendo com que meus passos fossem pequenos tropeços, precisava me apoiar nas paredes para não cair. Assim que cheguei no banheiro, encarei meu rosto no espelho. Estava meio amassado depois do tempo que passei dormindo, e meio inchado depois de tanto que chorei. A última parte não era novidade, acontecia tão frequentemente que parecia ser natural, dessa vez apenas estava mais inchado do que costumava ficar.

Foram necessários mais alguns minutos até eu acordar de verdade, sem disposição alguma, igual o usual. Voltei a me sentar na cama, encarando o chão, tendo alguns minutos com a cabeça vazia. Fiquei longos segundos encarando algum ponto fixo no chão, piscando forte quando passei a ver duplicado.

Aquela sensação era muito estranha. Apesar de já estar acostumado com o sentimento de vazio, aquele vazio era diferente. Eu não podia colocar em palavras, não havia me sentido tão vazio em toda minha vida. Olhar para mim já era perceptível a falta de esperança, mas dessa vez parecia que encarar meus olhos seria o bastante para entender que sentira vazio a vida inteira; talvez, se eu estivesse num necrotério, eu parecesse morto, porque tinha certeza que meu rosto mostrava nenhum sinal de vida.

— Jimin?

A voz estava abafada, não podia identificar quem era. Levei o olhar para cima, vendo a silhueta borrada do meu pai. Permaneci indiferente, voltando a encarar o chão, sequer manifestando que o escutara.

— Nós fizemos café da manhã. Estávamos lhe esperando acordar. Se sente melhor agora?

— Sim — sussurrei, mas minha voz não saiu.

Alguns segundos se passaram até que pudesse sentir sua mão em meu ombro. Respirei fundo enquanto me levantava devagar, sendo parado no meio do caminho. Meu corpo foi rodeado por seus braços, e eu não fiz questão de retribuir.

— Quero que você coma hoje igual comeu ontem, tudo bem? Só não se force a comer mais do que aguenta.

Franzi o cenho, não tinha processado direito o que tinha dito, mas odiava pedi-lo para repetir. Apenas concordei com a cabeça, torcendo para não ser algo absurdo.

Assim como ontem, só andei porque ele me empurrava, estava sem vontade de sair do quarto e muito menos com vontade de comer. O rosto de minha mãe se iluminou ao me ver e Jihyun parecia animado. Meu pai me direcionou até a cadeira, sentando-se ao meu lado em seguida.

Olhei para cada um deles, estranhando muito aquela situação. Parecia tão anormal que cheguei a me beliscar debaixo da mesa, apenas para garantir que de fato tinha acordado. Momentos assim eram comuns uns sete ou oito anos atrás, agora eram apenas... memórias. Não era algo que via minha família fazendo novamente.

— Bom dia! Dormiu bem?

Fechei os olhos por alguns segundos, balançando a cabeça, já entediado com as perguntas que receberia. Fiquei cerca de cinco minutos respondendo perguntas chatas e repetitivas, que se resumiam no interesse repentino do meu bem-estar.

Jihyun se levantou da cadeira e correu até mim, me abraçando com força, soltando uma risada. Deixou um beijo na minha cabeça e me entregou um pacote, dando pulinhos até eu tirar de suas mãos. Franzi o cenho, olhando aquele pacote em minhas mãos, alternando o olhar entre todos.

O Diário de Taehyung (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora