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Abri os olhos rapidamente, num susto, como se estivesse acordando de um pesadelo. Ergui o meu corpo sem pensar, sentindo uma mão me empurrar cuidadosamente de volta até que me deitasse novamente. Minha mente ainda estava processando tudo, demorei alguns segundos até ver minha mãe sentada na cama, passando os dedos em meus cabelos, me olhando, calada.

— Bom dia, querido. Feliz ano novo — murmurou. — Como está se sentindo?

Pisquei algumas vezes, mexendo os olhos para os lados, tentando enxergar onde estava, com um alívio imenso ao reconhecer o meu próprio quarto. Levei a mão até o pescoço, procurando algum indício do que causou a pontada, meio assustado.

— Ah... Seu pai disse que não seria um problema desde que fosse só dessa vez... — Suspirou fundo. — Era um tranquilizante leve, então...

Massageei o pescoço por alguns segundos, virando o olhar até a cabeceira, encarando o relógio que marcava nove da manhã. Permaneci quieto, absorvendo todas as informações e deixando que meu cérebro compreendesse o que ocorreu, imóvel.

— Jimin... você consegue falar?

Balancei a cabeça para concordar, parando quando as lágrimas simplesmente saíam dos meus olhos, sem eu prever. Mexi-me até encarar a parede, puxando o cobertor para me cobrir melhor, encostando as mãos em um formato de X no peito, com os punhos cerrados.

— Tem algo de errado comigo... — balbuciei enquanto encolhia as pernas.

— Jimin... — Encostou a mão em meu braço. — Tem nada de errado com você, meu bem... Por que não levanta um pouco para comer?

Pude escutar um suspiro longo depois de uns bons minutos que fiquei parado, apenas deixando as lágrimas terminarem de surgir. Fiz força para me apoiar e sentar na cama, com a visão girando um pouco. Encarei minhas mãos por um tempo, levando o olhar até as cortinas fechadas.

— Ainda está chovendo — comentei.

— É apenas uma garoa, meu bem, não se preocupe, está indo embora. — Apoiou a mão em minhas costas e fez um breve carinho. — Quer que eu traga algo para você comer?

Neguei com a cabeça, ainda meio cansado. A contragosto, me levantei da cama para começar a rotina de sempre. Minha mãe se levantou cuidadosamente e saiu do quarto, já estava começando a se acostumar a fazer as coisas sozinha.

As minhas mãos estavam trêmulas demais para fazer a maioria das coisas que eu precisava fazer, então tive que pegar sobras para comer no café da manhã e deixar a lista de eventos para outra hora. Fiquei alguns minutos fazendo origamis, apesar de ter um pouco de dificuldade, com um pouco de tédio enquanto isso. Mexi na planta na escrivaninha, escorregando na cadeira, suspirando fundo, entediado e sem muita opção do que fazer.

Olhei a janela por um tempo, esperando ansiosamente até que o chuvisco parasse, mas parecia cada vez mais longe de acontecer. O tremor das minhas mãos permanecia o mesmo, o que deixou meu dia muito mais entediante do que o usual. Joguei-me na cama, me cobrindo para tentar dormir no meio da tarde mesmo, já que continuava chovendo. Fiquei pensando por um tempo, aproveitando para encarar o teto, sem saber exatamente como compensaria esse dia.

Sem focar muito na realidade, mexi no cabelo enquanto respondia algumas perguntas que surgiram na minha cabeça, coisas nada relacionadas à escola ou algo do tipo. Num momento, como se uma ideia acendesse na minha mente, lembrei de ler o diário antes da minha crise, então me ergui para procurá-lo. Estava na mesa de cabeceira, um pouco para a borda. Estiquei o braço e puxei o diário até mim, o encarando por um bom tempo, repensando o fato de continuar a leitura dele. Uma parte de mim permanecia se culpando e a outra, morrendo de curiosidade. Não sabia exatamente o que fazer, mas ainda me culpava por deixar a curiosidade falar mais alto. Sentei-me na cama e abri o diário, folheando as páginas e notando alguns rabiscos nos cantos, pequenos desenhos não muito detalhados. Soprei um sorriso, era fofo.

O Diário de Taehyung (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora