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Todos os dias vêm sendo os mesmos. Acordar, comer, estudar, remédios, dormir. E de novo, de novo e de novo. A última semana de aula começava em três dias: já era onze de fevereiro. Parece que acordo no mesmo dia sempre. Só sei que o dia está passando quando olho o calendário.

Mal acordava e já queria estar dormindo de novo. Minha cabeça tinha pensado tanto nos últimos dias que me deixou exausto. Desde o começo das férias, na verdade, eu estava pensando muito mais. Tudo culpa de eu ter parado de esconder e ignorar o que sentia. Agora minha mente e meu corpo queriam fazer absolutamente nada — sempre quiseram, mas nunca os deixava ter esse descanso —, só ficar o dia inteiro na cama.

Sentia raiva ao olhar no espelho. Toda minha rotina "perfeita" já não existia de novo. Meu rosto estava praticamente igual como ficara depois do acidente, só menos inchado. No fim do dia, apesar de me esforçar muito para manter ela, só me jogava na cama, lacrimejava e, logo depois da primeira piscada, já era o dia seguinte.

Tirei esse dia para descansar, porque estava à beira de um colapso. Sempre estive, mas dessa vez era pior. Estava quase neurótico. Já passaram quase duas semanas que comecei a tomar os antidepressivos e ISRSN — um inibidor de recaptação de serotonina e noradrenalina, que meu psiquiatra receitou para o tratamento do meu TEPT — e nenhum efeito ocorreu. Sabia, claro, que demoravam para fazer efeito e raramente seriam imediatos, talvez nunca. Mas me deixava cansado, tomar remédios todos os dias e a menor parte deles fazer efeito.

Eram seis da manhã quando acordei, apenas me levantei e fui ao banheiro, logo me joguei na cama de novo. A sensação era de que meu corpo derretia e se fundia com o colchão; me impedia de sair. Todo o meu peso parecia triplicar, como se fosse impossível me tirar dali, eu era um só com o colchão.

Passei a mão no rosto, respirando fundo, só pensando no que poderia estar fazendo. Mas meus olhos pareciam tão pesados...

Num piscar de olhos já eram nove da manhã. Não tive a sensação de descanso, só passaram-se três horas em um piscar de olhos. Era mais cansativo.

Ergui meu corpo, ficando sentado na cama, ponderando seriamente no que não faria hoje. Encarei o travesseiro, pensando se iria dormir o resto do dia. Deitei a cabeça, cerrando os olhos. Meu raciocínio estava lento, então fiquei encarando meu travesseiro, tentando buscar na memória o motivo de me chamar tanta atenção. Até que minha expressão se metamorfoseou para uma de surpresa. Como pude esquecer?

Já era uma memória muscular, meu coração acelerava antes mesmo de pensar em fazer. Levei as mãos para debaixo do travesseiro, prendendo a respiração para tirar o diário dali, lembrando alguns segundos depois que precisava respirar.

Passei os dedos suavemente sobre a capa do caderno, analisando-o e garantindo que estava nas mesmas condições que encontrei na mochila. Não quis abri-lo por agora, então apenas o olhei. Achava engraçado, não no sentido cômico, que, no fim, o meu conforto sempre estava em algo que envolvesse Taehyung. Nós já éramos próximos, mas ficamos ainda mais depois do acidente.

Tinha algo muito consolador em saber que ele não saiu do meu lado mesmo quando eu estava estranho, mesmo que eu ignorasse o que ele falava (não por mal). Ficar do lado dele era como um porto seguro para mim, talvez fosse a única fonte de felicidade que possuía.

Deixei o diário entre meus braços, abraçando-o calmamente, me trazia tranquilidade. Não era a mesma coisa que abraçar Taehyung, mas me fazia sentir como se fosse.

Me deitei na cama, passando os olhos rapidamente por todas as páginas, sem de fato lê-las. O sorriso que estava em meu rosto se desfez ao passar pelas últimas páginas que li. Só virei a página, para não prestar atenção em mais nada naquelas páginas. Nem desenhos tinham.

O Diário de Taehyung (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora