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— Jimin? — A voz soou.

Gesticulei-me até ver minha mãe, apoiada na cadeira da minha escrivaninha. Ergui meu corpo, meio desnorteado. Não estava dormindo, deviam ter passado algumas horas, das quais eu passei deitado e digerindo tudo que li.

— Bom dia, mamãe. Precisa de ajuda?

— Ah, bom dia. Não, só vim conferir se dormia ou não. Comeu alguma coisa, meu bem?

— Comi, sim, as sobras do jantar de ontem.

— Está se sentindo bem? Você está com falta de apetite desde o ano passado... — Se aproximou da cama, bem devagar. — Quer que eu marque uma consulta? Jun pode levá-lo da próxima vez que for trabalhar...

— Não, não precisa, estou bem! Só... Só meio distraído, só não como porque esqueço!

— Hum... Tudo bem, se precisar, converse com seu pai, está bem?

Balancei a cabeça para concordar, esforçando-me num nível quase impossível para não acabar soltando um Taehyung no meio da frase. Escutava a voz da minha mãe meio abafada, porque, ao mesmo tempo, escutava não posso dizer tudo que penso ou Taehyung, Taehyung, Taehyung. Tinha a menor ideia quanto ao tom de minha voz, se parecera forçado ou normal. Não haveria surpresa se fosse a primeira opção, até porque estava prestes a chamá-la de Taehyung.

Passei o olhar rapidamente pelo relógio, eram meio-dia. Estava, oficialmente, quase cinco horas deitado, encolhido e remoendo cada palavra lida. As descrições detalhadas de cada parte do meu rosto batucavam minha mente, a deixando incapacitada de pensar em outra coisa, de desviar a atenção daquilo. Se um monitor cardíaco estivesse conectado à mim, os médicos diriam que eu estava à beira de um infarto. Batia tão rápido que não sentia todos os movimentos do meu coração no meu peito, era como se fosse algo tão improvável que meu cérebro se tornara incapaz de identificar que batia naquela velocidade e impedia os meus sentidos de processarem. A taquicardia era tão alta que fiquei tonto e um pouco sem ar. Ia desmaiar, ou bem próximo disso. A minha anemia fez a taquicardia ser comum, principalmente depois de atividade física, mas, nesse instante, nada acontecia. Só li algumas palavras e elas foram o bastante para desregular meu ser por completo.

Fiz alguns exercícios de respiração, e meu coração acalmou um pouco. Batia numa velocidade menos preocupante, o que me deixou aliviado. Encostei a cabeça no travesseiro, com a mente vazia por alguns segundos, até levar os olhos para a mesa de cabeceira e encarar o diário, que fez os pensamentos voltarem junto da taquicardia.

Segurei a cabeça, fechando os olhos com força e cantando alguma música para tentar me distrair daqueles pensamentos que passaram a ser irritantes de tanto aparecerem. Foram uns bons minutos passando a lista inteira de Hybrid Theory — cerca de quarenta minutos — para afastar os pensamentos e ficar em paz novamente, por mais que soubesse que era momentânea.

Passadas algumas horas, o eletricista já checara o aquecedor do quarto de Jihyun e resolvera o problema, então podia ficar mais tranquilo em relação à ele entrar no meu quarto do nada. Também organizara meu material, mais ansioso até a semana que voltariam às aulas, mesmo que faltasse um pouco menos de um mês até essa semana chegar.

Meio distraído, fiquei do lado de fora (claro, com a roupa apropriada) encarando os poucos flocos de neve que caíam do céu, ou o chão, sem objetivo por trás. Ainda tremia um pouco, mas não o suficiente para entrar em casa novamente. Suspirei fundo, com o vazio dentro do peito mais uma vez, notando a minha visão, aos poucos, se tornando duplicada; ficara tanto tempo olhando o nada que meu cérebro separou a visão de cada olho momentaneamente, que voltara ao normal ao piscar algumas vezes.

O Diário de Taehyung (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora