02. EM COMUM

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— Você não pode colocar ela em outra função amanhã? — Perguntei com o peito ansioso, andando de um lado para o outro no escritório de Simon.

Não sei dizer como cheguei até lá.

— Não, eu não posso. — Ele respondeu cansado. Seu turno já havia terminado. — E você sabe disso.

Apertei os olhos em frustração e soltei um suspiro pesado.

— Se ela for, ela vai morrer. — Contei a verdade.

Simon parou o que estava fazendo e se virou, olhando para mim confuso.

— Você é uma das melhores estrategistas que eu conheço. O que é isso agora?

Sentei no sofá com a mão na cabeça, bagunçando levemente meu cabelo.

— Não existe estratégia capaz de vencer a morte, Simon. — Devolvi, tão cansada quanto ele.

Com os braços cruzados ele respirou fundo, preparando-se para o que estava por vir.

— Você vai me dizer o que está acontecendo?

— Esquadrão 07.

Foi o suficiente.

Simon passou a mão pelo rosto, a princípio sem palavras. Imaginei que a cabeça dele estava explodindo como a minha.

— Como isso foi acontecer?

— Aparentemente ser a melhor nem sempre é o melhor.

— E o que você está pensando em fazer? — Ele me olhou com desconfiança porque me conhecia bem.

Movi meus dedos nervosamente.

— Você pode dizer que a gente se desentendeu, o que não deixa de ser verdade, e você acabou dando detenção para as duas.

O homem tinha uma posição de poder dentro da Fedra, bastava uma palavra dele e o resto obedecia, mas ele ainda tinha seus superiores e precisava justificar cada ação. Nada poderia ser impensado. Portanto, escolhi um método que não levantasse suspeitas. Eu precisava da sua ajuda, mas sem que isso o colocasse em problemas.

Incrédulo com meu pedido, ele negou sem pensar duas vezes.

— Eu não vou te mandar para a detenção, Aster. — Balançou a cabeça em negação. — Você sabe o que acontece na detenção do seu departamento, não pode me pedir para fazer isso. — Tentei falar, mas Simon continuou: — No máximo, Ellie vai ouvir um sermão. Já você... com o seu departamento não tem conversa.

— Eu sei. — Respondi cabisbaixa, não queria ter que encarar seu olhar crítico porque sabia que era isso que iria encontrar.

— Por que você está fazendo isso?

Chamando minha atenção, ele deu dois toques na mesa de madeira que nos separava, para que eu olhasse para cima enquanto ele falava comigo.

— Ela é importante para a Riley e a Riley é importante para mim.

Isso não era óbvio?

— Tem certeza?

— Tenho. — Franzi o cenho. — Como a Riley não seria importante para mim?

Ele então reformulou a pergunta.

— Tem certeza que ela é importante só para a Riley?

Abri e fechei a boca, as palavras pareciam não saber como sair.

Honestamente, eu não queria ter que pensar mais do que já venho pensando, então apenas balancei a cabeça, ignorando-a e afastando quaisquer pensamentos que a envolvessem.

NO CURE, Ellie WilliamsOnde histórias criam vida. Descubra agora