12. CORVO

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Aster

Assim como eu, Ellie também está diferente. Seu cabelo está mais curto, seus músculos estão mais definidos, como se ela estivesse malhando, o que me faz pensar que talvez ela tenha se dedicado ao boxe que Joel a apresentou. E céus, não posso deixar de olhar para suas tatuagens. Elas ficaram tão bem nela, especialmente a minimalista na lateral do seu pescoço. Sinto minha boca salivar contra a minha vontade. Tudo isso está me dando borboletas no estômago.

— Nós precisamos muito conversar. — A voz dela me tira do transe em que eu estava.

Eu faço o meu melhor para não mostrar o constrangimento que eu sinto com isso.

Droga, Aster, foco!

— É... — Digo atordoada e encaro o chão.

Me pergunto se ela percebeu...

Pego minha bolsa e jogo em um canto qualquer. Percebo que meu quarto está com coisas diferentes, provavelmente são do pessoal. Eu acredito que vão dormir aqui, e isso definitivamente foi ideia de Simon. Não acho ruim, na verdade, eu queria passar um tempo com eles. Mais adiante, encontro alguns mangás fora do lugar e dou um sorriso anasalado, pensando que com certeza deve ter sido o Jesse.

Quando chego à minha cama, eu me sento e espero por Ellie, que para quando a porta se abre. Era Eden.

— Desculpa! — Ela junta as mãos em misericórdia enquanto Ellie a assassina com o olhar. — Juro que eu não queria interromper. Eu só vim pegar minhas coisas e do pessoal rapidinho.

— Vocês não vão dormir aqui? — Pergunto.

— Sabe o que é... — Ela enrola. — Achamos o outro quarto melhor pra nós.

Cerro os olhos. Ela mente tão mal. Tirando meu quarto e do Simon, o restante dos quartos da casa eram todos sem graça e iguais, modelos padrões.

Quando ela sai pela porta, Ellie caminha até a mesma e vira a chave, trancando-a por precaução. Eu sorrio.

— Achei que tivesse dito que queria conversar. — Eu provoco apenas por diversão, insinuando outra coisa. — Estou brincando.

Eu disse apenas para descontrair, mas Ellie não viu dessa forma.

O sorriso deixa meus lábios quando ela de repente cruza os braços e seu olhar escurece.

— Eu posso mudar de ideia. — Ela diz enquanto caminha na minha direção. Eu aperto os lençóis entre os dedos e engulo em seco. A maneira como eu pisco nervosamente a faz sorrir. — Estou brincando. — Ela repete o que eu disse, mas dessa vez com uma expressão doce no rosto.

Isso é o que mais me assusta em Ellie, sua dualidade. Ela pode ser extremamente cruel ou extremamente doce. E às vezes, ela pode ser os dois ao mesmo tempo.

Sem saber o que fazer quando ela se senta à minha frente na cama, eu ajeito os meus óculos por impulso. Estou me sentindo tão nervosa perto dela. Não sei o que fazer ou o que dizer. E eu odeio isso. Isso não combina mais com a Aster que eu me tornei, uma pessoa confiante e independente. Nos últimos anos, eu tive que lutar muito para nunca mais deixar ninguém pisar em mim ou tirar algo de mim. Mas agora eu estou aqui, sendo uma idiota e me sentindo vulnerável novamente. Isso não é justo.

— Está trincado no canto. — Ela toca meus óculos e então seus dedos se movem até minha bochecha, onde ela acaricia o curativo que cobre um pequeno corte ali. Eu abaixo minha cabeça, mas ela levanta meu queixo. — O que aconteceu com você, Aster? O que você fez? — Pergunta com preocupação, como se pudesse ver através de mim.

NO CURE, Ellie WilliamsOnde histórias criam vida. Descubra agora