ESPECIAL

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Em algum momento do passado


O relógio marcava oito e meia da noite na residência dos Vagalumes. Aster estava na sala revisando as últimas configurações de um manual sobre barracas. Havia peças e coisas espalhadas por toda parte. Ela tinha feito uma verdadeira bagunça para conseguir montar o que queria.

— O que você está fazendo?

Ellie surgiu no ambiente e olhou ao redor confusa, aproximando-se com cuidado para não pisar em alguma peça pelo chão.

— Montando uma barraca.

A ruiva fez uma expressão sarcástica diante da resposta que recebeu.

— Eu tô vendo. — Reforçou. — Por que você está montando uma barraca no meio da sala? — Tentou ser mais específica.

Mais uma vez, Aster não respondeu o que ela queria, apenas a chamou para mais perto com a mão. Ellie sentou-se ao lado dela e ofereceu ajuda, mas a oferta foi recusada. Tudo o que ela podia fazer era assistir.

Depois de alguns minutos, a mais nova bateu palmas em comemoração. Ela finalmente conseguiu terminar.

— Pronto. — Ela puxou o zíper e abriu espaço para a outra passar. — Entra.

Ellie não entendeu nada, mas fez o que Aster pediu, entrou na tenda e esperou.

Aster sentou-se do outro lado. Na mão esquerda ela segurava uma espécie de pedra colorida, o objeto parecia um cristal, e na mão direita segurava uma lanterna. A Williams acompanhou tudo com curiosidade.

— Você vai me dizer o que é isso?

— Não.

— Por que não?

— Porque você precisa ver. — Explicou. — Mas primeiro... preciso que você feche os olhos.

Ellie suspirou, fechando-os. Em outro momento, ela não cederia tão facilmente, afinal seu passatempo preferido é ir contra o que a garota quer apenas para irritá-la, mas vendo o esforço que a menor fez para conseguir montar aquele espaço, ela decidiu abrir mão da implicância por alguns minutos.

Uma claridade surgiu no ambiente, despertando ainda mais sua curiosidade.

— Pode abrir agora.

Ao comando da mais nova, ela os abriu.

Por um momento, Ellie perdeu as palavras com a visão. Aster segurava a pedra em frente à luz da lanterna e o objeto refletia pequenos pontos brilhantes como estrelas, cobrindo todo o espaço. Além disso, a barraca ficou revestida em tons de laranja, branco e rosa, fazendo a ruiva pensar em duas coisas. A primeira foi a Nebulosa Borboleta, uma das nebulosas planetárias mais complexas já observadas, e a segunda coisa foi sobre as cores, que curiosamente lembravam a bandeira lésbica. Não podia ser apenas uma coincidência.

Ellie sentiu-se a pessoa mais especial do mundo naquele momento.

— Aster... — Ela disse, admirada com o pequeno show celestial.

— Li sobre isso em um daqueles livros de astronomia que você tem, e... bom, encontrei essa pedra há alguns dias e... não sei, pensei que... — se encolheu, um pouco sem jeito. — Achei que você poderia gostar — sorriu timidamente e voltou a olhar para as luzes refletidas. — É lindo, não é?

Assim como o universo, incapaz de evitar sua expansão, Ellie não pôde evitar um sorriso ao olhá-la.

Embora tenha amado a surpresa, os pontos brilhantes eram a última coisa que tinham sua atenção.

NO CURE, Ellie WilliamsOnde histórias criam vida. Descubra agora