Capítulo 28: Meu Querido Diário (parte II)

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O papel de Jayne havia encaixado perfeitamente na página rasgada. Um complementava o outro. Era bizarro aquilo, parecia que era o destino eu pegar aquele papel, pois só agora eu o usaria. Entretanto, isso não impediu que continuássemos com a leitura. Então devolvi o diário a Ashley e deixe que voltasse a ler.

Ashley: depois disso ela passou muito tempo sem escrever, muito tempo mesmo.

02/08/1927

   Sei que estou a muito tempo sem escrever, o motivo foi que perdi a vontade para isso. Desde aquela noite eu não vejo mais o Mike, ele foi dado com desaparecido, e até agora não foi encontrado. Meu pai disse que ele voltou para o celeiro de noite e depois sumiu na manhã seguinte, sem deixar rastros. Mas eu sei que isso não é verdade, não tenho dúvidas que ele o matou.
   Os dias tem sido mais deprimente depois daquilo, me doeu muito a desaparecimento dele. Era como se eu perdesse alguém da minha família, porque ele foi o pai que nunca tive. O dias tem sido difíceis sem você, Mike.

Ashley: estranho! Essa página foi rabiscada com lápis e depois apagada. E ela sempre escreve os relatos de caneta.

Beth: talvez ela escreveu algo e apagou, sei lá.

Will: talvez seja.

Eu: continue!

Ashley: a próxima página também tinha algo de lápis que foi apagado. Vou ler pra vocês.

Eu: talvez nunca iremos descobrir o que ela escreveu.

10/08/1927

   Encontrei algo bizarro escondido no quarto meu pai, ele já estava estranho a muito tempo, e aquele milharal não estava normal. Não parava de produzir de jeito nenhum. Tem algo de sobrenatural nessa casa e agora posso provar.
   Esperei meu pai sair de casa para invadir o seu quarto. Eu vasculhei tudo e encontrei um livro que parecia ser satanista, eu nem sabia que tal coisa existia, havia diverso rituais nele. Me pergunto onde ele conseguiu.
E ao procurar melhor, encontrei um pequeno caderno com escrituras dele. Vou esperar ficar ele sair de casa novamente para que eu posso procurar ler calmamente esses livros.

11/08/1927

   Com os olhos cheios de lágrimas eu escrevo isso. Estou louca para matar meu pai, meu ódio por ele triplicou imensamente. Eu li o livro e encontrei marcação em uma página com um ritual de produtividade. Era preciso um pacto de sangue e uma oferenda viva para selar. Isso explicaria a produtividade absurda do milharal.
   Mas eu não tinha ideia de que a oferenda era uma alma humana. Em seus cadernos de escrituras, ele anotou todos os passos para ritual, e foi aí que descobrir que eu seria a oferenda dele. Eu não precisava está nas marcações para o pacto, precisava apenas morrer.
   Então, seu selo de sangue foi suficiente pra desencadear um acontecimento, a morte tinha que parece natural. Só que no dia que isso ia acontecer, minha mãe me salvou. Ela morreu no meu lugar, tornando-se a oferenda para o ritual dele.
   Meu pai foi o causador da morte dela, trocou a vida dela por um milharal de merda, e todo esse tempo ele me culpou por isso. Ele merece sofrer até o último dia de sua vida. Esse monstro não merece ter paz em momento algum.

Eu: isso explica o porquê do milharal ainda está de pé. Mesmo que ninguém esteja cuidando dele hoje.

Will: que merda cara!

Beth: como alguém pode ser ruim a esse ponto?

Ashley: calma! Tem mais!

17/08/1927

Hoje faz 6 meses que minha mãe morreu, e já estou me preparando para esse dia a quase uma semana. Finalmente vou dar um fim nisso, já não aguento mais. Encontrei um ritual de maldição naquele livro, e só preciso de uma oferenda de sangue para realizá-lo, mas não é humano. Vou usar uma das galinhas do galinheiro, isso deve funcionar.
Essa noite vou esperar ele dormir e ir até o porão pra fazer o pacto. Já estou com quase tudo pronto e estou certa do que vou fazer. Essa noite irei acabar com isso, nem que custe a minha vida. Vou esconder esse diário no sótão, pois aqui está o registro de tudo que aconteceu. Espero que alguém o encontre.

Ashley para a leitura e nos encara aterrorizada...

Beth: continua!

Ashley: essa foi a última coisa que ela escreveu.

Will: como assim? Não é possível isso! Eu preciso saber o que aconteceu.

Eu: a Ashley tá certa! A data do diário bate perfeitamente com o desaparecimento dela e com a data da garrafa vazia.

Ashley: tem só mais uma coisa...

Beth: o que?

Ashley: ela deixou uma última escritura no final dessa folha, de lápis. Talvez seja o que ela vinha apagando antes.

Eu: lê pra gente!

17/08/1927

Nota: Eu escrevo e apago esse trecho sempre que vou escrever uma nova página do diário, com a esperança que me tragam justiça caso esse seja meu último dia de vida. Espero que alguém algum dia possa encontrá-lo, e se você for esse alguém e estiver lendo isso, é porque eu morri. Provavelmente de uma forma brutal e dolorosa, mas espero traga paz ao meu descanso eterno.
O principal suspeito do meu homicídio é o meu próprio pai, aquele que eu tanto amei um dia. Minha mãe estaria decepcionada com a pessoa que ele se tornou.
O meu nome é Bevelly Miller, filha de Sthefanie e Sebastian Miller, e o que você terminou de ler é a história dos meus últimos dias de vida.

Cursedwalk: O Legado Da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora