Completamente desestabilizado, subo as escadas do porão. Meus olhos, agora encharcados, embaçavam minha vista completamente. Sentia meu coração pulsar ferozmente a cada segundo, ao mesmo tempo que a ansiedade apertava meu peito.
Um passo. Um degrau. Uma lágrima. Cada vez mais perto da luz, porém, cada vez mais longe da felicidade. A sensação de culpa pesava em mim, sentia ser o motivo de tudo aquilo, e isso me perturbava.
Com tentativas falhas de me recompor, chego na porta do porão. Entretanto, diante do hall de entrada, noto a Ashley segurar firmemente a Beth em seus braços. E as portas e janelas, antes desaparecidas, agora retornaram aos seus devidos lugares. Nos dando mais uma rota de fuga.
Contudo, a Ashley estava tão instável quanto eu. Não via um sorriso em seu rosto, apenas uma face angustiada e perturbada.
Eu: Beth? -me questiono incrédulo-
Olho no fundo dos olhos da Ashley e observo um olhar apreensivo e conturbado transbordar em seu rosto.
Ela ergue a cabeça em minha direção e a vejo balançar para os lado enquanto deixa lágrimas escaparem com miados de um choro.
Eu: não!! Mais um não!
Com uma voz desprovida de esperanças e trêmula, ela pergunta...
Ashley: o-onde está o Will?
Eu aperto os olhos enquanto me desmancho em um choro constante.
Ashley: ele disse que daria a vida pra te salvar!
Eu: ele não devia está lá! ele não devia está lá!
A garota, cuidadosamente, coloca a Beth no chão e vem em minha direção, me envolvendo em seus braços.
Ashley: ele fez o que qualquer um faria!
Eu: eu podia ter salvado ele!!
Ashley: sua morte não foi em vão! Assim como a da Beth...
Eu: Jayne...Bonnie...e Jhon!
Ela me dá um último abraço antes de enxugar nossas lágrimas e se levantar.
Ashley: vamos embora!
Eu: nós não vamos conseguir fugir.
Ashley: ela disse que nos deixaria partir.
Eu: ela?
A jovem, olhando para o primeiro andar, ergue o abraço apontando. E é nesse momento em que me viro e vejo, diante de meus olhos, a precursora de todo esse caos. Bevelly.
Toda arrumada e com uma feição de felicidade, a garotinha diz...
Bevelly: obrigado, Miller! Agora estou livre, graças a você!
Eu: livre?? a custo de que??? -digo alterado-
Ashley: de tudo! -completa a jovem-
Eu: você me fez matar meu melhor amigo!!!
Bevelly: esse sempre foi o destino dele, morrer para salvar você. Seu sacrifício foi necessário para quebrar a maldição.
Eu: mas por que tinha que ser ele?? -retruco irritado- E todas as inúmeras pessoas que morreram esses anos? Foram em vão?
Bevelly: sim! Tinha que ser alguém que você ama. Apenas alguém com o sangue Miller poderia quebrar a maldição.
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Cursedwalk: O Legado Da Morte
HorreurO ano é 1986, e sete jovens, recém formados, decidem comemorar o término do ensino médio na fazenda Cursedwalk, a 80 Km da cidade de Woodhand, da família Booker, um local com um passado misterioso e macabro. Eles imaginam que será dias de pura comem...