Ian
Um ano depois...
Toquei a campainha da casa do meu irmão e aguardei ser atendido. Sabia que Bia e as crianças estavam em casa naquele final de semana ensolarado. Passamos pela pandemia sem ninguém da família morrer.
Carol saiu da reabilitação e assumiu a farmácia, o que me deixou bem apreensivo no começo, mas vi que ela mudou, uma mudança enorme, praticamente outra pessoa, pediu desculpas a todos, e vem mostrando a nova mulher que se transformou.
Minha mãe se acertou com Bia e cuidava dos gêmeos por meio período, enquanto os pais cuidava do próprio negócio. Meu irmão e melhor amiga se casaram somente no civil fazia um mês, em uma cerimônia intima somente para a família e amigos mais próximos, apesar da vacina e dos testes, ficamos sempre de olho.
Bom, eu, trabalhava igual um condenado, muitos inventários para fazer, não havia nenhuma felicidade em ter dinheiro entrando a rodo no banco. Eu precisava de uma dose de fofura dos mesmo sobrinhos, por isso vim assim que Bia me chamou.
— Ian! — A alegria que Bia me recepcionou era gratificante. Lembrei-me do tempo apaixonado por essa garota, mas como não se apaixonar. — Estou tão feliz que você está aqui.
— Chora, que vou realizar que precisa. — Gargalhei com a carinha brava que ela mostrou e ganhei um beliscão.
Entramos e caminhamos para a porta da sala, onde avistei os meus sobrinhos bagunçando dentro do cercadinho. Vitor jogava um brinquedo e Luana batia palmas e depois, ela quem realizava a jogada.
— Estão animados hoje.
— Nem me diga. — Bia foi pegando os brinquedos com um sorriso no rosto e jogando para dentro do cercadinho enquanto os pequenos faziam festa.
— Titi Ia. — Luana aprendeu a me chamar, pensa num cara que se desmanchava todo ao escutar a pequena gritando.
— Ei, minha princesinha. — Peguei a menina que estendia os braços para mim. Dei um beijo na testa e baguncei os cachos negros. Não era porque a pequena era minha sobrinha, mas a combinação dos olhos claros, pele negra e cabelos cacheados fazia com que ela parecesse aqueles bebês de propaganda de fralda que vemos na TV.
— Pode ir comigo no mercado? — Bia pegou o Vitor no colo que ficou com inveja da irmã e estava começando a querer chorar. Minha mãe tinha algumas fotos de quando Bryan era criança, impressionante como os dois eram parecidos, exceto pela cor dos olhos que no caso do meu sobrinho era escuro e o cabelo cacheado igual da irmã, o nosso era meio liso. — Balancei a cabeça que sim. — Acabou o leite e a fralda e até Bryan chegar esses dois já comeram a casa.
— Papa. — Vitor respondeu.
— É amorzinho. — Bia sorriu terna para o filho. — Papai. Que está trabalhando com o vovô.
Passamos a próxima meia hora tentando colocar os gêmeos no carro em suas cadeirinhas, eles não gostavam muito de ficar presos, e precisávamos colocar as bolsas, os bichinhos de pelúcias, colocar o desenho preferido nas telas atrás do banco.
— Então. — Bia começou, parei no próximo semáforo e olhei para ela. — Quem você vai trazer para o aniversário do Bryan no sábado?
— Ninguém. — Dei de ombros e coloquei o carro em curso no sinal verde.
— Ian, quando é que você vai arrumar um namorado? — Balancei a cabeça em negativa. — Qual é? Você ainda tem medo de contar para todos que gosta de caras?
— Não é fácil assim sair do armário. — Na verdade, não sabia ao certo se realmente gostava de homens, no passado eu tive um casinho sem importância com um cara mais velho da faculdade. Bia me ajudou a entender tudo naquela época. Parecia que eu tinha passado por todos os estados do luto, primeiro a negação, depois a raiva, barganhei comigo mesmo achando que era coisa da minha cabeça, entrei em depressão e por fim a aceitação. Foi meio uma época dark na minha vida.
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Meu querido Admirador
ChickLitO mundo é feito de aparências, eu não sou exceção, passei a minha vida toda escutando, da minha própria irmã, o quão fora do padrão eu era. Aquilo minou minha autoconfiança até o dia que um lindo homem me mostrou a pessoa bela que eu sou. Agora era...