Bia
A segunda chegou cheia. Uma segunda, pós carnaval, o café sempre lotava, nada como uma dose de cafeína, seja para limpar a mente da bebida, ou acordar e pudesse trabalhar. Precisei chamar a minha mãe, para me dar um help. Ela ficou na cozinha fazendo o almoço do pessoal e quando acabou voltou a drogaria. Eu e as meninas trabalhamos para atender todo mundo. Quase chegando ao meio-dia, quando Sam entrou no café e pediu dois cafés e pãezinhos, ele sentou do lado de fora com uma moça bonita, de cabelos pretos, de onde estava não consegui ouvir a conversa, mas certo ponto ela ria de alguma.
Sam entrou novamente e parou na minha frente. — Bia, quanto devo?
— Bonita sua amiga. — Peguei a comanda na sua mão e li no escâner. — Deu trinta reais.
— Ela é mesmo, mas terei muito trabalho com essa. — Peguei o cartão da mão dele e coloquei na maquininha.
— As pessoas boas dão trabalho. — Ele me devolveu a maquininha. — Espera, fui até a vitrine e coloquei dois biscoito com gota de chocolate em uma embalagem. — Aqui, presenteai-a.
— Quanto é...
— Não. É um presente.
— Se Bryan souber que tá me dando seu biscoito vou ter problemas.
— Isso saiu estranho. — Gargalhei com a cara avermelhada do moreno. — Pode deixar que não vou contar nada.
— Desculpa, Bia.
— Estou brincando. Vai lá, Sam, arrasa, conquiste o coração da garota.
— Sabe quando você olha uma pessoa e um filme passa na sua mente de como será o futuro? Eu consigo vê-la nele. Olha, só nos vimos uma noite, é meio louco, não é?
— Sou apaixonado por um cara desde dos meus onze anos, então tudo é possível. — Nos despedimos e fui buscar mais produtos, a vitrine começava a esvaziar.
— Bia. — Carol entrou pela porta do café, não tive notícia dela por vários meses, desde nossa discussão. Passei meus olhos por ela e foquei em sua barriga distendida.
— Mas que porra é essa?
— Um bebê. — Ela segurou a barriga, já tinha lido livros do Bryan o suficiente para saber que algo estava errado. Olhei pelo vidro e Sam não estava mais lá. Dei a volta no balcão e quando cheguei do outro lado vi uma macha de água se formando em suas roupas.
Puxei o celular e digitei um número.
— 193 qual sua emergência?
— Mulher, de trinta e cinco anos, grávida, sua bolsa se rompeu, preciso de uma ambulância.
— Qual o endereço, senhora?
— Café da Bia, na rua do batalhão 18, poderia pedir para o Bryan vim junto?
— Senhora, uma ambulância estar a caminho, poderia me falar mais sobre a paciente?
— Carol, quanto tempo as dores estão vindo?
— Eu não sei, ah... — Corri até ela e assegurei.
— De quanto tempo estar?
— Não sei...
— Moça, só manda a ambulância.
— Chegada em dois minutos...
Larguei o celular e ajudei a minha irmã sentar na cadeira mais próxima. Todos ali ficava olhando para gente. — Sara, por favor, cuida das coisas por aqui. — Já dava para ouvir a sirene lá fora. — Ca, vamos a um hospital.
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Meu querido Admirador
Literatura FemininaO mundo é feito de aparências, eu não sou exceção, passei a minha vida toda escutando, da minha própria irmã, o quão fora do padrão eu era. Aquilo minou minha autoconfiança até o dia que um lindo homem me mostrou a pessoa bela que eu sou. Agora era...