Capítulo 18

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Bryan

Puta merda, pensa em uma dor infernal, multiplica por mil e aí você chegaria perto do que sentia depois do carinho que minha pequena fez. Fiquei surpreso com a iniciativa dela, geralmente em público ficava menos ousada, um mero beijo mais quente a fazia corar e baixar a cabeça olhando de um lado a outro, como se estivéssemos em mil oitocentos e alguma coisa e o ato escandaloso mancharia a reputação dela.

— O que você pretende fazer no café? — Perguntei a ela depois do nosso beijo na frente do estabelecimento.

— Quero expandir. — Apontou para a loja ao lado. — O proprietário está vendendo, acredito que agora posso fornecer almoço, não só as marmitas dos bombeiros e policiais. — A incrível Bia em mais uma empreitada. Caralho, quanto orgulho em ouvir a notícia, tinha um tino para os negócios, sabia dentro de mim, o sucesso é garantido. Fui até ela, a peguei nos braços e a rodopiei.

— Meus parabéns, minha linda. Você merece todo o sucesso! — Dei um beijo em seus lábios. — Estou tão orgulhoso de você!

— Obrigada. — Bia deu um amplo sorriso. Entramos no café e uma das meninas dela, como ela chamava suas funcionárias, apontou um senhor baixinho sentado em uma das mesas de frente a grande janela que dava para rua. Sabe quando você nem conhece a pessoa e não vai com a cara dela? Bem, foi o que aconteceu quando avistei o cara.

Bia caminhou até ele e o cumprimentou. Se apresentou e me apresentou. O homenzinho me olhou de cima a baixo e me ignorou. Logo o proprietário da loja do lado chegou e nós quatro fomos ver o local. Um bom espaço, porém estava com algumas avarias sérias: piso quebrado, paredes mofadas devido alguma infiltração. O encanamento iria precisar trocar, bem como a fiação. Aquele lugar foi alguma espécie de sapataria ou algo do tipo de venda de roupas, etc. O antigo locatário deixou algumas peças para trás.

Depois da reunião com o proprietário voltamos ao café e o empreiteiro começou a fazer as suas considerações, algumas coisas concordei, outras não, acabamos discutindo e o cara saiu pisando duro dizendo que mandaria o orçamento depois.

— Sério, Bia. — Parei no meio da sala dela no fundo do café. As flores que enviei ontem se encontrava em cima de um móvel no canto esquerdo, a mesa antiga que restaurei quando ela comprou em uma feira do rolo, estava completamente organizada. — Aquele cara é um charlatão.

Dei uma boa olhada nos arredores, a decoração que misturava o antigo e o novo estava ali. Lembro de ter pintado aquele cômodo com a ajuda do meu irmão. Na verdade, todo mundo da minha família e da dela, ajudou a reformar e organizar todo o café assim que comprou.

— Hum. — Virei, e a via trancando a porta com a chave. Inclinei minha cabeça para o lado, algo muito estranho acontecia. Minha negrinha espantava um sorriso traquinas no rosto, seus olhos brilhavam misteriosamente.

— Você estar me ouvindo? — Perguntei, enquanto caminhei até a escrivaninha futricar nos papéis, só para ter algo que fazer.

— Na verdade, não. — Bia confidenciou. Ela se dirigiu ao armário no canto, pegando outra chave, abriu uma gaveta e procurou ao dentro.

— Francamente, Bia. Aquele cara quer te enganar. — Me sentia na obrigação de alertá-la. O filho da mãe queria derrubar uma parede que dava sustentação. Quando disse isso a ele, ele riu e perguntou quem era o empreiteiro.

— Sinceramente. — Bia andou até mim, e parou bem pertinho. Seu aroma doce invadia minhas narinas. A mulher cheirava a um delicioso bolo, esse sendo seu perfume natural, porque sabia que além do desodorante e do sabonete, ela não usava perfume com frequência, e suspeitava ser por minha causa, já que eu era alérgico a maioria deles. — No momento eu não me importo com nada disso. — Ela sorriu.

Meu querido AdmiradorOnde histórias criam vida. Descubra agora