Capítulo 3

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Bia

Nada ficava bom. Minha cama estava repleta de roupas e nada parecia cair bem em mim. Apesar do tempo fresco e da chuva ter parado, considerei vestir um vestido, mas teria que usar shorts por baixo para evitar o atrito entre as coxas. Não queria arriscar parecer sem graça caso a noite terminasse em uma cama com um desconhecido interessante.

Escolhi usar uma bermuda e passei creme anti-atrito nas coxas para evitar assaduras. Peguei o corset que a Ana havia me enviado, e as palavras da Carol rondavam a minha cabeça. Por um impulso, decidi usá-lo.

— Nossa, que beleza! — disse minha mãe, entrando no meu quarto. Era praticamente uma cópia minha: tínhamos o mesmo tamanho, cabelos volumosos - trançados no caso dela e soltos em um black perfeito no meu -, ela de pijama e eu pronta. — Gostou?

— Mãe... — respondi. — Não parece estranho? Estou meio gorda...

— Deixa de ser boba, filha. Você está muito bonita. Leva só um casaco fino, apesar de estarmos no verão. Pode esfriar. Vai sair com um namorado?

— Não, com os meninos Mendonça.

— Hum...

— O que foi?

— Nada. — Abri outra parte do meu guarda-roupa e peguei um casaco leve longo que ia até metade das minhas coxas. Para finalizar, coloquei sandálias. Eu passava o dia todo de sapato fechado, precisava deixar os dedinhos de fora. — Só se divirta, filha. Você trabalha demais no café e cuidando da gente. Relaxa. Espero que chegue depois da meia-noite. — Gargalhei com isso.

Terminei de me arrumar, caprichei na maquiagem e gostei do resultado. Quem sabe eu não saia da noite com o número de alguém. Peguei a minha bolsa e saí de casa após me despedir dos meus pais. Escolhi continuar morando com eles para economizar dinheiro. Com o começo do café, as contas estavam apertadas. Depois que meu pai teve um princípio de infarto, fiquei com eles para dar suporte, já que a Carol só aparecia quando precisava de dinheiro.

O Uber me deixou em frente ao bar. Havia mesas ao ar livre, música no estilo rock e pessoas conversando animadamente em duplas ou em grupo. Nem parecia uma terça-feira. Entrei no lugar e Ian havia me dito por mensagem que reservou mesa para nós três. Falei com um funcionário e ele indicou o fundo do bar. O local, originalmente, era uma casa sendo adaptada. Gostei do ambiente bem ventilado e fácil de andar por entre as mesas. Em outro espaço, havia uma banda tocando e algumas pessoas dançando. Localizar Bryan foi fácil.

— Cheguei. — Parei na frente dele, sentado em um banco alto em frente a uma mesa circular. — Desculpe pelo atraso.

— Ian também está atrasado. — Bryan me analisou preguiçosamente, seu olhar desceu pelo meu corpo. Senti-me exposta com aquela análise e queria saber o que se passava na cabeça dele. Será que ele gostou? Ou será que achava que eu estava ridícula vestida daquela maneira? — Você está linda, Bia. — Ele desviou o olhar e encarou a própria bebida. — Hum... o que quer beber?

— Não sei. — Ele levantou e puxou a cadeira para mim como um perfeito cavalheiro. — Será que tem Ice?

— Tem sim. — Ele ergueu o braço acenando até que alguém o visse. — Então, pequena Bia, o que há de bom?

— Nada disso, quero saber mais sobre a tal mulher que conquistou o coração de Bryan Mendonça. Precisamos planejar como chamar a atenção dela.

— Bia dando uma de cupido?

— Para que servem os amigos. — Meus lábios se curvaram em um pequeno sorriso. O garçom veio até nós e Bryan pediu mais uma bebida para ele e para mim. Havia pessoas sentadas não muito longe fumando narguilé, deixando o lugar com um cheiro doce, mas não muito enjoativo.

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