Capítulo 35

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Bia

Que merda. Chegar e ver Bryan assim, todo largado e relaxado no sofá com a nossa bebê no colo, mexeu comigo. Para ser, sincera, desde do momento que entrou pela aquela porta com os bebês nas cadeirinhas mexeu comigo. Passamos os meses convivendo juntos, como amigos, que já transaram, namoraram, viveram juntos e se separaram.

Bryan tentava se provar útil, realmente se tornando um homem do lar. Nunca minhas roupas e casa estiveram tão limpas, e ele realmente aprendeu a cozinha, fazia o básico sem queimar nada e quase não se machucava.

Não via nenhum sentimento de inferioridade, realmente se tornou meu parceiro, me ajudando quando precisava, e no nosso tempo livre, éramos amigos, assistimos filmes, conversamos sobre os bebês, jogávamos, não tinha muita coisa a fazer em casa.

Ele estudava bastante, fazia um monte de cursos voltado ao seu futuro negócio e me ajudava nas estratégias do meu, começávamos a sair do vermelho que a pandemia nos enviou.

Havia uma semana que vendeu o apartamento, após quitar vendendo o carro. Comprou a serralheria, seu pai investiu em matéria-prima, o antigo funcionário seria contrato, apesar de Bryan, ser bom com as mãos, carregar peso não dava, ainda.

Um dia cheguei em casa e o encontrei frustrado em montar um berço para os bebês, ele queria que nossos filhos dormisse em uma criação sua, que levou um mês, cada, para ser construído por suas mãos, e nossa, era uma obra-prima sem igual. Meu homem do lar, como gostava de se chamar, sairia para trabalhar logo mais, eu iria precisar de uma babá.

Demorei um pouco para confiar nele em ficar sozinho com os meninos, mas sua fisioterapia evoluía e até ele se sentia mais confiante.

— Fez o que de janta hoje? — Perguntei colocando Vitor no carrinho com Lua, após arrotar.

— Carne sequinha de panela sem queimar o fundo. — O orgulho na voz, com algo banal. — Vou colocar os pequenos no berço, enquanto você toma um banho e depois podemos jantar. — Nosso ritual de todas as noites. 

Olhei bem para ele, a primeira vez que via toda a extensão de sua queimadura, o braço, o dorso, e provavelmente descia até a perna. Não podia demostrar a pena sentida, isso seria um insulto a ele, mas na calada da noite pensava sobre o acidente e o depois. Estava na hora de esquecer a raiva e deixar o meu coração ter um intuito de paz e dar ao meu corpo o que ele desejava e tentar fazer meu cérebro para de trabalhar com várias hipóteses e me deixar louca.

Eu queria Bryan de volta, não só como amigo, como meu companheiro.

— Quero me casar com você. — Ele disse de repente. — Não a celebração na igreja, sei que não quer isso. Nem nada de cartório, mas quero reunir nossos amigos e dizer ao mundo que somos um casal. — Eu...

Ele começou a respirar estranho. Ele sentou no sofá e colocou a mão na cabeça.

— Bryan estar bem? — Cheguei perto dele.

— Eu... eu... — Seu rosto, pescoço ficaram vermelhos.

— Eu também quero ficar com você, e bem, depois de todo esse tempo de quarentena, não vejo um grande problema em ter uma festa, e talvez uns papéis no cartório. Assim que todo mundo poder se reunir em um lugar só. Ouvi falar em vacina, então provavelmente esse ano ruim acabará, e vamos nos reunir em um lugar só. — Bryan não disse nada. Fui até ele e coloquei a mão em seu ombro. — Ei, grandão. O que está acontecendo?

— Acho que estou tendo um ataque de pânico. — Disse em um fio de voz. — O que é bem engraçado, se for parar para pensar. Já enfrentei prédios em chamas e nunca tive tanto medo quanto agora.

Meu querido AdmiradorOnde histórias criam vida. Descubra agora