Capítulo 27

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Bia

Fiquei internada por dez dias, precisei tomar sangue, devido à hemorragia, não levei da cama para absolutamente nada a não ser alguns minutos no banho diário, fiz minhas necessidades em uma comadre, nunca passei por algo tão humilhante. Minha mãe foi minha acompanhante todo o período, não podia ter Ian como acompanhante por me encontrar em uma ala feminina. Quando o sangramento diminuiu, e um treco no meu sangue normalizou, pude receber alta. Ia ver finalmente o Bryan, Ian me levou até a sala de espera, da unidade de queimados, onde encontrei Briana.

— Contei para Bryan sobre sua internação, o sangramento, e o risco de perder o bebê.

— Os bebês, Ian não te contou? — perguntei-lhe, que só balançou a cabeça afirmativamente.

— Minha cabeça não anda legal, querida, eu só queria que Bryan me deixasse ajudá-lo, ele me mantém de fora, me deixa ainda mais preocupada, sei que sofre, só queria segurar a mão dele.

— O braço dele, Ian, só me disse que conseguiram o manter.

— Não sei se foi boa ideia, querida, o médico disse que tem inúmeras placas e parafusos, os ossos sofreram esmagamento, as queimaduras acabaram com os nervos, será uma longa recuperação para ele, tem uns dez por centos dos movimentos, sendo muito otimista.

— Meu Deus, o que será dele agora? A carreira de bombeiro...

— Foi muito egoísmo da sua parte fazer isso com ele. — Dará não gritou, o que foi bem pior, o impacto da frase dela deu uma dor no coração. — Ele teve duas paradas cardíacas na cirurgia, foi um milagre de Deus ele sobreviver, e ainda corre um risco de morte, cada minuto aqui, a infeção é o pior inimigo dele. Se tivesse amputado o braço teria sido muito melhor, as queimaduras no dorso, perna e pescoço são menores, o médico disse que ele estaria em casa mais cedo, e você o sentenciou a meses de hospital e tudo para quê? Ele nunca mais será um bombeiro de qualquer maneira.

Fechei os olhos e deixe as palavras ser absorvidas. Será mesmo que fiz a coisa certa? Não fui egoísta? Devido a uma conversa depois do sexo e sentenciei Bryan ao sofrimento!

— Olá! — Uma enfermeira apareceu na sala de espera. — Vou te levar para ver o paciente, tudo bem? — Concordei com a cabeça e me deixei ser levada. A enfermeira me autorizou por cinco minutos. Tive que colocar máscara, avental, toca e uma proteção nos pés, pois o ambiente deveria ser o mais estéril possível para evitar infecção. A mulher de roupas brancas me levou até o local.

Ao entrar no quarto, segurei a emoção mais uma vez. Apavorante ver Bryan preso na cama cheio de aparelhos ao redor dele. Eram tantas máquinas fazendo barulho que dava até medo de chegar perto. No quarto escuro, me aproximei do leito pelo lado esquerdo, pois no direito seu braço estava fixado com pinos de ferro saindo por todos os lados.

— Bryan. — Sussurrei. Demorou um pouco até ele abrir os olhos. Vi o sofrimento espalhado naqueles olhos claros.

— Vai embora. — Não esperava por isso . Até pensei estar ouvindo coisas. Olhei assustada para ele sem entender nada. Bryan puxou sua mão e desta vez ele falou mais alto. — Vai embora, não quero você aqui.

— Bryan...

— Você é surda? Vai embora. — A enfermeira entrou no quarto sendo atraída pelos gritos dele. Os monitores começaram a apitar e eu fui obrigada a sair do quarto e voltar para a recepção. Se precisava de uma resposta, ali estava, fiz merda, não deveria ter lutado pelo braço, ele nunca iria me perdoar por aquilo.

Alguns minutos depois um médico veio conversar comigo. Explicou que Bryan solicitou que ninguém o visitasse. Devido ao aumento da pressão sanguínea dele, toda vez que alguém o visitava, ele estava suspendendo todas as visitas até saísse da unidade de queimados e fosse transferido para o quarto ou o próprio paciente autorizasse a visita. Poderíamos saber notícias pelo horário da noite, pois saia o boletim médico. Fora isso não podíamos fazer mais nada.

Meu querido AdmiradorOnde histórias criam vida. Descubra agora