Capítulo 34

443 36 4
                                    

Bryan

Como a música dizia, toda a minha vida foi resumida em trezentos e sessenta segundo. Aquele momento resumiria todo o meu futuro, aquela conversa. Quando ela balançou a cabeça afirmativamente, meu coração bateu como um louco. Como se eu estivesse vendo o monstro vermelho, o maior incêndio da vida de um bombeiro. E como as chamas que consumia tudo, a única opção ali é a verdade.

— Quando acordei no hospital e só sentia dor, meu corpo inteiro ardia. Chorei desesperado, eu desejei morrer, eu pensei tanto nisso, imaginei uma enfermeira deixando um bisturi dando sopa, eu pegaria e enfiaria na minha jugular, poucos minutos e minha vida já era. Outras vezes xingava a Deus e todos os santos por me deixar vivo.

— Você extensas queimaduras de vários graus, não consigo nem imaginar pelo sofrimento que passou.

— Mas eu desistir. Me sentia envergonhado por isso quando vinhas essas ideias na cabeça. — Tentei fechar a mão direita. Demorou segundos para consegui, foi mais rápido do que a semana passada. — Escutava todo mundo se lamentando por mim, coitado isso, coitado aqui. Ouvia isso todos os dias.

— A pena é a pior coisa. — Ela colocou a mão em cima da minha, me segurei para não a cobrir a pele enrugada, repuxada e esbranquiçadas. Precisava deixar se aberto com ela se quis-se outra chance.

— Você não apareceu em nenhum momento.

— Não podia...

— Agora eu sei. Quando alguém entrava no quarto, eu tentava fingir que dormia. Não queria ver essa pena, e foi em uma dessas vezes que uma dupla de enfermeira falou da tristeza de me encontrar queimado, perder a carreira e o meu bebê. — Encarei os gêmeos no carrinho. — Eu era um fracassado, não tinha nada para te oferecer.

— Como nada?

— Na minha cabeça eu não era o suficiente para você. Não tinha nada, como iria sustentar uma casa sem um emprego?

— Não preciso de nada disso, Bryan, só de você.

— Na minha espiral de autopiedade, vinha essas ideias na cabeça que era um fracassado por não ter mais um emprego, eu nunca tive um plano B, na minha cabeça eu iria me aposentar bombeiro e viveria depois da aposentadoria dando aula.

— Não pode dar aula agora?

— Não sei. — Lua se mexeu. — Preciso cuidar dos bebês, então vou fazer tudo que eu puder para garantir o futuro deles.

— Vamos dar um jeito. E não precisa dormir em um quartinho que precisa de várias fechaduras para isso.

— Bem. — Ele deu sorriso, como se tivesse aprontando. — Isso foi ideia do Ian, ele achou que se você me visse em um quartinho desprezível iria me convidar para sua casa. — Dei um pequeno sorriso de cato de lábios, quando o rosto dela adquiriu a expressão de brava, sabia que levaria um tapa no braço, ela sempre fazia isso quando pequena. E não me decepcionou.

— Isso vou sujo.

— No amor e na guerra vale tudo. — Dei um beijo em sua bochecha rosada. — Você me convidou para dentro da sua casa, agora vou sugar todo seu mau-humor, cansaço e te deixar feliz.

— Vampiro esquisito.

— Você gostava daquele que brilhava... — Outro tapa.

— Não fale do meu Edward, ou vai para rua.

— Sim, senhora. — Diminuir o sorriso. — Falando sério. Acredito ser o melhor nesse período, você precisa de ajuda, se não quiser que seja eu, eu ajudarei nossos pais e Ian fica contigo.

Meu querido AdmiradorOnde histórias criam vida. Descubra agora