3. little sky

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Seungcheol saiu correndo do ônibus assim que o seu relógio de pulso lhe avisou que eram sete horas da noite.

Ele enxergou a sua pequena criaturinha de lacinho azul no cabelo sentada num dos bancos na entrada da escolinha, balançando seus pezinhos que nem alcançavam o chão como forma de passar o tempo.

Haneul enxergou o pai pelo vidro, pulando da cadeira com a mochilinha de borboleta nas costas e correndo até ele com os bracinhos abertos.

- Appa!

Seungcheol se ajoelhou ofegante pelo percurso, recebendo Haneul em seus braços com um abraço acolhedor, apertando-a fortemente contra si.

- Me perdoa, meu amor. Me perdoa, por favor. - Seungcheol se sentiu aliviado por finalmente tê-la em seus braços depois de passar as últimas horas com o coração apertado.

Era um horário considerável para uma criança como Haneul esperar pelo pai quando todas as outras crianças já tinham ido embora com seus responsáveis às cinco.

Seungcheol se sentia o pior pai do mundo por deixar o seu pequeno céu esperando.

- Está tudo bem, appa. Não chora. - ela tocou o rosto do pai com as duas mãozinhas gordinhas, olhando para ele fazendo beicinho. - Não chora...

- Papai não está chorando, amor. - Seungcheol abriu um sorriso para ela para provar pra ela que não estava chorando. - Você me perdoa por ter te deixado aqui?

Seungcheol tinha uma expressão preocupada no rosto, tinha medo de Haneul ter se sentido sozinha e chateada por ter sido deixada.

Mas ela abriu um grande sorriso.

- Claro que eu perdoo você, papai. - Ela puxa o rosto de Seungcheol, distribuindo vários beijinhos em sua bochecha.

Seungcheol sorriu, finalmente suspirando aliviado.

- Então vamos, vou fazer uma comida bem gostosa para você comer. - Seungcheol se levantou do chão.

- Agora estamos falando a minha língua. - Haneul se levantou em um pulo.

Seungcheol segurou a mãozinha de Haneul e acenou para uma gentil funcionária da escolinha que estava os observando pelo vidro, caminhando pelos quarteirões de volta para casa.

Quem os visse de longe poderia achar engraçado, ou até mesmo fofo, um homem de mais de trinta anos saltitando com uma garotinha de pouco mais de meio metro pela rua.

Mas Seungcheol não se importava com que iriam dizer, tudo o que importava de verdade era a felicidade de Haneul e ele não pouparia esforços para consegui-la.

Não importa o quão cansado ele estivesse e se ele teve um dia ruim, ao ver o rostinho sorridente do seu pequeno céu, ele estava automaticamente pronto para esquecer de tudo e ser somente o pai que Choi Haneul precisava.

Assim que Seungcheol abriu a porta de casa, Haneul correu pela sala com a mochila de borboleta nas costas.

- Vou tomar banho, papai. - ela gritou no topo da escada.

- Não precisa da minha ajuda?

- Eu já sou grande, appa!

Seungcheol riu da careta brava que ela fez, indo para o quarto fazendo beicinho.

Parece que a sua mocinha já estava crescida.

- Cuidado para não cair! - Seungcheol a advertiu, colocando as sacolas do mercado em cima da mesa.

Ele acendeu o pendente da cozinha e pendurou as chaves atrás da porta. Na geladeira havia o kimchi do dia anterior que Haneul adorava, ele tirou a tigela da geladeira e lavou o arroz antes de colocar na panela para cozinhar, quando ele parou para guardar as compras do supermercado da esquina em que ele e Haneul passaram na vinda.

Seungcheol parou por alguns instantes, sentando na primeira cadeira que achou na cozinha. Foi quando ele finalmente percebeu o quão doloridos estavam os seus pés, o que estava tornando quase um desafio ficar de pé novamente.

E ele nem percebeu isso antes. Como ele pôde não perceber? Talvez ele estava tão concentrado no que tinha que fazer, que esqueceu de parar.

Parar e respirar.

O seu olhar cansado percorreu pela sala, caindo sobre o caderninho de despesas sobre a mesa. Seungcheol abriu o caderninho onde as contas de luz e água ficavam presas com clipes de arco-íris.

Quando um grande círculo vermelho numa página o assustou.

Já era o fim do mês, e essa data sempre trazia com ela uma tonelada de problemas. O aluguel era até hoje, a escola de Haneul só tolerava até uma semana de atraso nas mensalidades. E a nova fatura de luz e água chegariam mais cedo ou mais tarde.

O escritório não parecia estar sendo nada compreensível, sem previsão de pagamento para àquela semana. Seungcheol ainda tinha algumas economias guardadas que dava para suportar o fardo do seu salário não ter caido na conta ainda.

Seungcheol suspirou pesado, esfregando a expressão cansada do rosto, tentando mandá-la embora. A panela de arroz avisou que a comida estava pronta e ele nem podia escutar mais o barulho do chuveiro de Haneul.

Ele só escondeu o caderninho dentro da gaveta para Haneul não ver e foi para a cozinha colocar a comida da pequena criaturinha em fase de crescimento. Na tigela preferida dela, em formato de ursinho, Seungcheol fez um prato colorido, com Kimchi, arroz e muitos vegetais.

Da cozinha, ele pôde ouvir o som dos pequenos passos de Haneul ao andar pela casa. A garotinha de seis anos desceu as escadas pulando alegre, com os cabelinhos curtos molhados e um lacinho nas mãos.

- Papai, pode fazer uma trancinha em mim?

- Quando o seu cabelo secar eu faço a sua trancinha. - Ele a pegou no colo, depositando um beijo em sua bochecha gordinha - Mas agora a senhorita precisa jantar.

Seungcheol colocou a garota na cadeira, não demorando dois segundos até ela começar a se lambuzar no kimchi que ela tanto gostava.

Ele sorriu acariciando os cabelos macios que Haneul tinha. Eram castanhos como os dele, uma das muitas coisas que ela tinha de parecida com ele.

Na verdade, Choi Haneul era a verdadeira cópia de Choi Seungcheol.

No calendário pendurado na parede, Seungcheol virou a página do mês de março.

Já era abril.

Era abril.

Era finalmente abril.

No calendário uma data estava marcada com um círculo cor-de-rosa e adesivo de arco-íris.

O aniversário de Haneul estava chegando.

Era o primeiro aniversário dela em Seul e o seu primeiro aniversário sem nenhuma outra família além dele. E Seungcheol estava decido a fazer desse dia o dia mais feliz de sua vida.

Ele só queria ver o seu pequeno céu, o seu único e maior tesouro sorrir.

Apenas isso era o suficiente para ele também ser feliz.

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Begin again | S.Coups × MingyuOnde histórias criam vida. Descubra agora