33. appa in love

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Ao ouvir aquela voz, normalmente mansinha e suave, agora cheia de completa confusão, Seungcheol tremeu. O medo se apoderou do seu corpo e o fez tremer como nunca antes. Ele afastou Mingyu, empurrando o seu peito. Seu rosto estava pálido, suas mãos geladas e seus lábios, trêmulos.

Não havia mais como disfarçar. Não havia como mudar o que havia acontecido. Não havia como voltar no tempo e se afastar um minuto antes de Haneul aparecer. Não havia.

Seungcheol sentia como se tivesse sido pego cometendo um crime. E isso era o que lhe dava mais medo.

Ele encarou Haneul, que pendeu a cabeça para o lado, confusa, olhando para os dois em silêncio. Seungcheol sentia o ar preso em sua garganta, sem conseguir respirar, como se estivesse sufocando. Sua visão escureceu de repente. Mingyu apoiou a palma da mão em suas costas lhe oferendo conforto, mas ele se afastou discretamente assim que sentiu o toque.

— Haneul... — Seungcheol tentou falar.

— Que horas vamos brincar? — Haneul o interrompeu.

— O quê...?

O coração de Seungcheol batia como um louco dentro do peito. No entanto, quando Haneul disse aquilo, ele não pode se controlar em ter uma faísca de esperança de que talvez ela não tenha visto nada.

Era impossível. Era quase impossível. Mas como ele queria que fosse verdade.

— Que horas vamos brincar? — Haneul repetiu com uma expressão séria em seu rosto infantil.

Mingyu percebeu o quanto o mais velho estava nervoso e respondeu no seu lugar.

— Vamos brincar agora, princesa. Vamos? — Ele estendeu a mão para ela, que aceitou de bom grado. No seu rosto não havia nenhum sinal de raiva ou repulsa. — Vamos, hyung?

Mingyu estendeu a mão para ele com uma expressão de muita cautela. Como se pudesse machucá-lo com um único toque.

Seungcheol hesitou.

Ele estava com medo.

Ele estava com tanto medo que... Porra.

Ele estava quase fora de si.

Aquela palavra suja quase escapou de sua boca, mas ele a engoliu, mandando-a de volta para o seu devido lugar: dentro de si, de onde jamais deveria sair, como grande parte de seus sentimentos.

Mingyu segurou as suas mãos, que estavam fechadas em punho, com delicadeza. De maneira que eles eram quase opostos. O calor de Mingyu aqueceu suas mãos geladas. Ele suava frio.

Mingyu o segurou perto dele por todo o caminho até o parquinho, lembrando-o de manter os pés no chão e não tropeçar nos próprios pés. Mantendo a racionalidade. Ele lançava olhares para Haneul em busca de alguma resposta para as suas dezenas de perguntas, mas não conseguia encontrar nada. Ele também não tinha coragem de perguntar.

A ausência de qualquer sinal de perturbação em seu rosto deixou Seungcheol ainda mais apreensivo, sem saber o que esperar.

Caminhando no escuro.

Ao ver Haneul brincando no meio das crianças, sorrindo, correndo de um lado para o outro... Haneul era o seu tesouro, o seu presente, o seu céu, a sua vida, o seu tudo. Ela era tudo o que ele tinha, tudo que lhe restava. Não queria perder o amor dela. Não podia perdê-la. O seu coração se apertou. Seungcheol não sabia o porquê, era involuntário. Ele sequer conseguiu contar a Mingyu o que estava sentindo, mesmo quando ele perguntou duas vezes.

Seungcheol nunca foi muito bom em falar o que sentia.

Ela seria capaz de me odiar?

Ela seria capaz de me odiar por ser quem eu sou? Por amar Mingyu?

Begin again | S.Coups × MingyuOnde histórias criam vida. Descubra agora