36.2 midsummer night's dream

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Na noite de domingo, Mingyu não já estava mais com ele. Ele foi embora pela manhã, deixando Seungcheol com um vazio tão profundo em seu peito que ele sentia como se seu coração tivesse sido arrancando. Lutando a cada momento contra a vontade de fugir, correr sobre o asfalto molhado e se jogar nos seus braços. 

Na penumbra do quarto, as sombras dançavam pelas paredes como fantasmas inquietos. Seungcheol podia nomear cada sombra e as seguia com o olhar fixado e lábios entreabertos. Os fantasmas dos seus desejos, assombrado-o, mas ele não se assustava. Ao invés disso, ele era atraído pela miragem daquele desejo proibido que crescia dentro de si e o queimava.

O sussurro do vento tremulando suas cortinas e tocando sua pele quente. Quente e suada como uma noite de verão, turbando sua mente e embriagando-o ao espalhar o cheiro daquele homem por suas narinas. Ao encostar a cabeça contra o travesseiro, o cheiro dele ainda estava ali. Tão forte, tão visceral.

Mingyu.

O seu ventre tremeu ao pronunciar o seu nome, seu corpo tremendo ao deixá-lo escapar por entre os seus lábios de maneira tão suja e vulgar.

Seungcheol fechou os olhos, e a imagem de Mingyu surgiu em sua mente com uma clareza dolorosa. Ele quase conseguia sentir o seu toque, a ternura de seu olhar, o calor de seu corpo junto ao seu. Sentia-se aturdido. Ele o queria tanto que mal podia lidar com esse sentimento de tão visceral. Ele estava enlouquecendo; afundando, se afogando de tanto amor e não queria ser salvo. 

Uma parte de si queria repelir esses desejos, considerá-los errados, vulgares, profanos. No entanto, outra parte, ainda mais profunda, desejava se render completamente, deixar-se queimar por completo por aquele calor que não o deixava dormir. Desejava sentir aqueles lábios contra os seus, desejava a segurança daqueles braços ao seu redor, rodeando-o como muralhas.

Ele se virou na cama e se encolheu entre as cobertas. Sua mão deslizou sobre seu abdômen, chegando à fonte de toda sua fome. Seungcheol mordeu o lábio.

Era tão quente e molhado alí.

Era tão vulgar ao mover-se sob o toque de seus próprios dedos, fantasiando que o dono daquele toque fosse Mingyu, despertando cada célula adormecida por tantos anos. Seus lábios entreabertos pronunciavam palavras que eram ao mesmo tempo familiares e estranhas, entre respirações entrecortadas.

Podia ouvir a sua voz ao seu ouvido, chamando-lhe de hyung e o respondeu.

Talvez tenha pronunciado o seu nome, mas não conseguia se lembrar com certeza.

Conforme sua lembrança se tornava de mais vívida, o toque se tornou mais rápido e mais urgente, como se pudesse evocá-lo e senti-lo. Rosas floresceram em suas bochechas, espalhando-se como um sopro timido, um rubor delicado e tépido, como um sonho de uma noite de verão.

O brilho pálido da lua escorreu por entre as frestas da janela assim como o líquido quente que jorrou por entre seus dedos, aquecendo-o com seu calor. Seungcheol estremeceu e ficou imóvel.

Seungcheol afundou o rosto no travesseiro, não tendo coragem de encarar o que havia feito. A bagunça dos lençóis, a umidade das cobertas e do seu próprio suor. Corou, mas não sentiu vergonha. E, de repente, o quarto se encheu da memória do seu riso.

Ele sabia de uma coisa: desejá-lo era a coisa mais verdadeira que já havia experimentado.

Quero te ver. Que saudades.

No dia seguinte, o sol já estava alto no céu quando Seungcheol se obrigou a sair da cama, claramente atrasado. A luz matinal invadindo o quarto, trazendo uma clareza que ele ainda não estava pronto para encarar. Seungcheol se arrastou para o banheiro, ligando o chuveiro frio sobre sua cabeça na tentativa de se livrar do rubor e do volume que insistia em aumentar entre suas pernas.

Begin again | S.Coups × MingyuOnde histórias criam vida. Descubra agora