4. intentions

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Mesmo que organizar os seus horários estivessem mais difíceis do que o normal, Seungcheol podia dizer que estava se saindo bem.

Ele chegou mais cedo no dia seguinte e durante a manhã tinha pouco trabalho para fazer. De repente ele se sentiu feliz e sorridente com a possibilidade de sair mais cedo do trabalho, assim ele poderia comprar o presente de aniversário de Haneul em uma boa loja, que normalmente não estaria aberta quando ele está fazendo hora extra.

Horas extras que ultimamente se tornaram uma necessidade.

Seungcheol distribuiu as pastas com o conteúdo da reunião dos diretores sobre a mesa e olhou rapidamente para o relógio.

Estava tudo certo e arrumado a tempo.

Ele deixou a sala de reuniões arrumada e limpa, fechando a porta com cuidado. Foi quando ele se virou em direção ao corredor e pôde ver de relance uma figura alta e de ombros largos, parado perto da janela lendo o que parecia ser algum documento importante.

Kim Mingyu estava alí.

Um sorriso involuntário surgiu no rosto de Seungcheol por um instante, ele parecia tão bonito concentrado que era difícil de acreditar que alguém como Mingyu fosse real e não um personagem que saiu por acidente de um webtoon.

Seungcheol riu do próprio pensamento, balançando a cabeça para se livrar dele.

Mas então a atenção de Mingyu de repente se desviou, e quando Seungcheol se deu conta, Kim Mingyu estava olhando diretamente para ele.

O olhar sério e concentrado de Mingyu desapareceu, dando lugar a um olhar doce e um sorriso que ia crescendo em seu rosto a cada piscada que ele dava, ao perceber lentamente que a pessoa ali presente não era somente o fruto da sua imaginação.

Seungcheol acenou para ele animado, vendo Mingyu caminhar sorrindo até onde ele estava.

— Seungcheol-ah. — Mingyu para na frente dele, contemplando-o com olhos brilhantes.

— Eu te atrapalhei? — Seungcheol perguntou sorrindo.

— Você nunca atrapalha. — Mingyu de repente sorriu envergonhado, coçando a nuca para não dizer mais do que devia.

— Você vai participar da reunião da diretoria, não é? — Seungcheol o perguntou, olhando novamente para o relógio pelo vidro da sala de reuniões.

— Ah...sim, vou. Tenho um projeto para apresentar. — Mingyu deu uma risadinha, apontando para o papel que estava lendo.

— Então eu acho que o nosso café vai ter que ficar para outro dia. — Ele pendeu a cabeça para o lado, parecendo decepcionado de sua tentativa falha de parecer alguém interessante e legal para Mingyu. — Eu não vou mais te atrapalhar. A reunião começa em dez minutos e você deve ter que se preparar.

Mas antes que Seungcheol pudesse dar mais um passo, Mingyu tocou em seu ombro com delicadeza, o impedindo de ir embora.

— Ainda temos dez minutos, eu te acompanho. — Mingyu de repente respondeu — Mesmo que eu me atrase alguns minutos, vale a pena.

Vale a pena me atrasar se é com você.

Mingyu acabou por engolir essas palavras em seco.

— Quero dizer... Eu já li isso tantas vezes que já decorei.

Seungcheol gargalhou.

— Não está nervoso?

Eles caminharam juntos, lado a lado pelo corredor.

— Eu já me acostumei. Mas dependendo do quão importante é o projeto, é claro que eu fico nervoso.

— E agora, não está? — Seungcheol olha para cima com curiosidade.

— Não mais — Mingyu para no meio do corredor, fitando o rosto de Seungcheol —, graças a você.

Seungcheol de repente sentiu o rosto esquentar, ele não fazia idéia do porquê, então ele deixou isso para lá.

Eles continuaram caminhando e conversando sobre coisas bobas do cotidiano como o horário do café e o gimbap que por coincidência os dois trouxeram para o almoço.

Seungcheol se despediu de Mingyu com um sorriso, acenando para ele depois de insistir muito para ele ir para a reunião da diretoria, porque não queria que Mingyu levasse uma bronca de seus superiores por causa dele.

Ele se sentou na sua mesinha de trabalho novamente, desta vez mais sorridente.

— Está muito sorridente hoje, Choi-ssi. — Lee Youngjoon se sentou na mesa ao lado com a sua xícara de café.

— Ah, pode-se dizer que estou feliz. — Seungcheol se sentiu envergonhado por estar sorrindo como um bobo ao ponto das pessoas ao seu redor perceberem.

— Sua vida deve estar muito boa, diferente da minha...

Seungcheol percebeu o tom triste do Lee ao falar.

— Aconteceu alguma coisa, Youngjoon-ssi?

Seungcheol foi cauteloso ao fazer essa pergunta, não queria deixá-lo mal e nem pressioná-lo a falar se não quisesse, mas ele meio que queria ser útil e ajudá-lo de alguma maneira.

— As coisas na minha casa estão tão complicadas. Hoje é o meu aniversário de casamento e a minha esposa e eu estamos brigados, eu queria fazer as pazes com ela hoje, mas... — Ele tira os óculos do rosto como se estivesse prestes a chorar — Mas infelizmente não vai dar.

Seungcheol engoliu em seco.

— Mas por quê não?

— Hoje eu não saio do escritório tão cedo, talvez eu saia tarde demais. Você sabe, eu estou tentando de tudo para salvar o meu casamento, mas se eu perder esta oportunidade, talvez seja a nossa ruína.

Seungcheol umideceu os lábios pensativo.

Ele sabia exatamente como Youngjoon estava se sentindo, o sentimento de ser um inútil e incapaz de fazer nada.

Este sentimento ele conhecia muito bem.

— Se houver algo em que eu possa te ajudar. — Seungcheol declarou de repente, sem pensar muito bem antes.

Mas ele sentiu que era necessário naquele momento.

Youngjoon pareceu surpreso, colocando de volta os óculos para enxergar melhor a expressão dele.

— Você está falando sério? — Seungcheol assente — Muito obrigado, Seungcheol-ssi! Muito obrigado!

Ele se levanta, recolhendo os seus próprios pertences com um sorriso.

— O que eu posso fazer por você?

Ele lança um sorrisinho para Seungcheol.

— Está tudo aqui, o que precisar pode perguntar ao Park, ele sabe de tudo.

Ele entrega em suas mãos uma pasta com vários documentos que precisavam ser refeitos. Não eram um, dois, ou quatro, mas eram tantos deles que Seungcheol sequer podia contar.

Ele separou os lábios na intenção de dizer alguma coisa, contudo ele não estava mais lá. O mais velho saiu caminhando pelo corredor com um sorriso no rosto, deixando Seungcheol para trás com todo o seu trabalho.

Do lado de fora, o sol da tarde começou a se esconder e o céu repentinamente se tornou nebuloso.

Foi quando o dia se tornou preocupante.

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Begin again | S.Coups × MingyuOnde histórias criam vida. Descubra agora