Ninguém parece estar afim de prestar atenção na aula e talvez seja porque é dia do primeiro jogo na temporada do time de basquete, todo mundo parece muito agitado com isso. Logo nos primeiros minutos um aluno interrompe a minha aula de física, reconheço ser um dos reservas do time, ele explica ao professor que o treinador precisa de mim e rapidamente todo mundo está me olhando com curiosidade.
O professor nem se opõem, já que o treinador é bem respeitado na escola, recolho minhas coisas e logo estou no ginásio, é engraçado porque o lugar parece ter virado minha segunda casa.
O treinador desenha algumas estratégias em uma pequena lousa que colocou no meio da quadra já os jogadores estão posicionados em volta prestando bastante atenção, antes de me aproximar procuro pelo camisa seis, mas não o encontro. Desde o dia que Thomas foi na minha casa pra fazer a redação ele sumiu, não falei com ele nem o vi mais e isso já tem alguns dias, a última mensagem que mandei com um bom dia ainda está sem visualizar, até pensei em ligar pra saber se ele estava bem, mas logo desistia por medo de estar sendo muito indiscreto, afinal nós ainda não tínhamos tanta intimidade. Talvez ele só estivesse chateado comigo e me ignorando propositalmente e isso definitivamente não me deixa menos preocupado.
Quando o treinador Calvin termina com o time eles se dispersam e o homem vem até mim.
— Você já deve saber que o jogo é hoje à noite na cidade vizinha.
— É só o que todo mundo sabe comentar.
— Você vai com a gente.
Eu quase dou um grito com ele, mas consigo me controlar no momento certo.
— Nem pensar.
— Você se lembra das ordens do diretor, não? – ele cruza os braços com uma postura intimidadora e impaciente – são as consequências de ter vandalizado o meu carro.
— Aquilo não foi eu, que saco.
— Não importa, você vai com a gente.
— Minha mãe não vai deixar, hm – tento bolar uma mentira convincente – vamos visitar minha avó que está muito doente.
A alma da minha avó que me perdoe por estar usando o nome dela, mas é a única coisa que consigo pensar.
— É mesmo? – ele tem um sorriso no rosto – porque liguei pra sua mãe e ela não me disse nada disso, pelo contrário me deu total autorização para você ir com o time.
Merda. Eu estava em um beco sem saída, não tinha mais nenhuma desculpa para que eu pudesse inventar.
— Não adianta ficar com essa cara, Köning. Como meu ajudante, você vai ficar responsável pelos jogadores no meu lugar, eu não vou poder ir junto no ônibus, quero que você certifique de que todo o time esteja no ônibus quando ele sair. E se algum jogador não estiver, você será responsabilizado, entendeu?
— O quê?
— Estamos de acordo, e tente mantê-los na linha para que eles não coloquem fogo no ônibus – ele se vira e sai.
Não havia como fugir, e nada que eu pudesse fazer já que até minha mãe tinha concordado. Aguentar os jogadores era como aguentar um bando de crianças chatas da pré-escola, eu só queria manter distância o que ultimamente parecia algo impossível.
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Invisível [Em Reta Final]
Ficção AdolescentePor causa de um acontecimento traumático no passado, Jayden se isolou do mundo ao seu redor. Não conseguindo confiar em ninguém e com a certeza de que qualquer pessoa que se aproxime só irá machucá-lo, ele cria sua própria bolha de proteção se torna...