Invisível [Em Reta Final]

Capítulo 25 - A trilha

Eu definitivamente não conseguia me acostumar com todas as mudanças na minha vida ultimamente, principalmente a repentina atenção que as pessoas começaram a direcionar a mim, me sentia estranho sobre isso porque era como se seus olhares julgassem cada movimento meu. Às vezes, quando eu passava nos corredores e sentia alguém me olhando, era como se eu perdesse minhas habilidades de andar, não tinha como não parecer um estranho assim. A maioria dos alunos ainda mantinham distância, mas sempre tinha alguém para tentar conversar comigo, com o assunto sendo sempre o mesmo: você é amigo dos caras do time de basquete?

Juro que tentava ser paciente, mas era torturante tentar não me irritar. Todo mundo agia como se ser um jogador no ensino médio fosse o mesmo que ser uma celebridade.

A atenção das pessoas sobre mim tinha aumentado mesmo, graças ao fato de sempre ter alguém do time comigo. Sim, eles praticamente me perseguiam sem eu querer e eu sequer conseguia fugir disso por mais que eu me esforçasse muito, Paul me acompanhava assim que eu chegava na escola, ele ficava lá conversando besteiras e reclamando do treinador e do seu professor de cálculo avançado. Acho que os garotos já estavam de saco cheio da sua falação, mas ele precisava conversar e achou que eu era perfeito pra isso.

Melissa também aparecia de vez em quando entre uma aula ou outra pra jogarmos conversa fora e eu nem via o tempo passar quando estava com ela. E tinha, Joel, que estranhamente tinha se aproximado ainda mais de mim desde o último jogo. Eu só conseguia fugir deles durante o intervalo, isso, porque eu ainda me recusava a sentar na mesa do time, mas se dependesse deles eu não sairia de lá. Minha promessa de nunca sentar na mesa do time ainda estava intacta e iria continuar até que o ano letivo acabasse. E eu esperava chegar até lá sem surtar com tudo.

Eu e Thomas não conversamos mais depois da festa, já fazia quase duas semanas, eu me mantinha o mais longe possível e todas as vezes que ele me dizia um "oi" com um sorriso triste ou tentava se aproximar eu o ignorava e fugia. Em alguns momentos eu me odiava por não ser maduro e tentar resolver as coisas sem fugir delas, mas por mais que me esforçasse eu não conseguia agir assim, ainda mais quando eu ainda estava magoado. Às vezes até sentia vontade de confrontá-lo pra saber tudo que estava acontecendo com ele, era muito estranho ele demonstrar que se importa depois jogar tudo fora como se não significasse nada, contudo eu tinha medo de acabar me magoando ainda mais, então preferia deixar as coisas como estavam. Era mais reconfortante e seguro.

Joel, apareceu em uma das trocas de aulas, enquanto eu tentava inutilmente fechar o meu armário que parecia ter tirado o dia pra me deixar ainda mais estressado do que eu já andava nos últimos dias. De alguma forma ele havia emperrado e não queria mais fechar. Joel parou ao meu lado com aquele seu sorriso convencido, ele empurrou a porta do armário com a mão espalmada e por incrível que pareça, ela fechou. Ele apoiou o ombro de lado e me encarou.

— O que você quer? – cruzei meus braços e o fitei enquanto alguns alunos passavam pelo corredor indo em direção às salas de aulas.

— Só queria fazer uma boa ação, mas parece que você não está em um dia bom – seus lábios se curvaram mostrando seus dentes, enquanto ele forçava um semblante chateado.

Um grupo de garotas passaram por nós com o olhar em nossa direção, me dei conta que estava muito perto dele, na verdade, ele estava de mim, então levantei a mão o empurrando para que ele saísse do meu caminho e eu pudesse sair.

— Obrigado pelo armário, Joel. – forcei um sorriso enquanto ele estava inabalável ocupando o espaço ao meu lado. Eu realmente estava sem paciência.

— Jay – me chamou antes que eu saísse – eu vim porque queria sua ajuda em algo.

Firmei meu passo no chão, já deveria ter esperado, já que, eles me procurarem quando precisam já virou algo constante, de qualquer forma, eu não fujo e Joel me examina.