Sempre que minha mãe me deixava na porta da escola ela fazia questão de me lembrar da promessa dizendo pra eu ser mais sociável e fazer amigos. Era como se todos os dias ela esperasse que eu fizesse mesmo algum amigo da noite pro dia como em uma comédia adolescente o que, claro, não acontecia. Eu não sabia como começar, prosseguir nem terminar uma conversa que fosse interessante o suficiente pra alguém, a verdade é que eu também não fazia muita questão, mas toda a insistência dela e do Dr. Corey estava me dando nos nervos.
Eu levei bem a sério o conselho do Dr. Corey de fazer amizades independente de quem fosse, mesmo não estando muito esperançoso. Depois do horário de almoço, numa quarta-feira eu fui para os fundos da escola acompanhado do meu inseparável fone de ouvido.
Nos fundos da escola tinha uma pista de skate, era um lugar onde os alunos costumavam ir para passar o tempo. Eu não tinha o costume de caminhar por ali, já que lá era conhecido como o lado obscuro da escola.
Em todos os lugares tinha algum adulto à espreita observando os alunos, mas ali parecia não ter absolutamente nenhum. Era sem dúvida a parte mais obscura da escola sem nenhum exagero. Alguns alunos fumavam cigarros sentados perto do alambrado, outros aproveitavam para ficar se pegando sem nenhum limite ou vergonha, não me impressionava que a maioria dos alunos que estavam lá eram os alunos mais ricos. Pude constatar que se você fosse filho de alguém importante na cidade você seria privilegiado, o que significa poder fazer o que quiser enquanto os adultos simplesmente fingem não ver.
Já tinha perdido as contas de quantas vezes recebi advertências por chegar poucos minutos atrasado, mas, fumar nos fundos da escola, tudo bem, se você for Ben Mansfield o filho do prefeito, ele sim era o típico bad boy babaca, daqueles que só de passar todos saem de perto para dar espaço para a celebridade. Por ser filho do prefeito as merdas que ele fazia sempre eram encobertas, como certa vez que saiu um comentário sobre ele ter dirigido bêbado e ter batido o porsche do pai, nada aconteceu o prefeito se pronunciou dizendo que tudo era uma mentira para abalá-lo e ninguém falou mais nada.
Ben era um garoto mimado que vivia com um grupo de garotos iguais a ele, que arrumavam briga por onde passavam, mas eu não tinha dúvidas que sozinhos eram só um bando de covardes privilegiados. Nem me dei conta que eu estava parado na passagem onde as pessoas usavam pra voltar pra dentro da escola até que um grupo de garotos me empurraram fazendo com que eu quase caísse de costas.
— Cara não sei se você percebeu, mas cê tá na frente da entrada – um dos garotos debochou, encarei eles irritadiço percebendo que eram quatro. Eles tinham uma aparência meio descontraída e cada um segurava um skate debaixo dos braços.
Que porra de pessoa vai para a escola com um skate?
Mesmo o garoto tendo me alertado sobre eu estar no acesso pra entrar na escola eu não sai.
— Você me empurrou – constatei tirando o fone de ouvido, eu estava muito irritado, eles não podiam me empurrar daquela forma e tudo ficar bem, não que eu quisesse arrumar briga com quatro garotos enquanto estava sozinho, mas eu estava realmente com raiva e quando fico nervoso não penso muito bem nas futuras consequências.
— É, empurrei!
— O diretor te contratou como guarda portas? – um cabeludo zombou, antes que eu pudesse responder eles passaram pela passagem trombando seus corpos no meu.
Eu me virei e xinguei eles e suas mães – que eu sei não tinham nada a ver com isso – de vários nomes que eu não costumava usar no meu vocabulário diário.
Vi quando o primeiro garoto parou e se virou, depois os outros três fizeram o mesmo. Minha valentia sumiu no momento que quatro par de olhos me olharam enfurecidos.
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Invisível [Em Reta Final]
Novela JuvenilPor causa de um acontecimento traumático no passado, Jayden se isolou do mundo ao seu redor. Não conseguindo confiar em ninguém e com a certeza de que qualquer pessoa que se aproxime só irá machucá-lo, ele cria sua própria bolha de proteção se torna...