Invisível [Em Reta Final]

Capítulo 22 - Refúgio

A semana já começa com o treinador empurrando uma bola de basquete em meu peito, assim que chego no ginásio, eu a seguro pouco desajeitado sentindo minha região do abdômen arder. Como sempre, eu não tenho um segundo de paz.

— Você vai jogar hoje – ele vira e sai andando assim que completa sua fala me deixando completamente transtornado, apresso meus passos e vou atrás dele.

— Como assim jogar? Caso você não se lembre, eu não faço parte do time.

— Precisamos fazer dois times para o treino de hoje – ele para no meio da quadra, e, por muito pouco eu não bato em suas costas – três dos jogadores, um novato e dois titulares, estão fazendo aulas extras porque foram mal nas provas, isso quer dizer que, contando todos os titulares e reservas restantes, vamos precisar de um jogador pra não ficar injusto para nenhum dos times.

— Eu não sei jogar, é mais fácil tirar um jogador.

— Não, porque eu preciso de todos eles em quadra para analisar a próxima escalação. Você vai ficar na posição de armador, só tenta não estragar o treino – ele cruza os braços sob o peito com a postura ereta ao mesmo tempo que os jogadores começam a entrar na quadra, depois de já terem vestido os uniformes. Entro em pânico, eu sequer sei o que é Armador, ou, até mesmo como funciona um jogo de basquetebol de verdade.

— O que eu tenho que fazer?

— Joel – o homem grita ignorando meu desespero, Joel se afasta dos jogadores em aquecimento e se aproxima de nós dois – arrume um uniforme que sirva no Jayden, precisamos de alguém pra não deixar nenhum time desfalcado e só temos ele sobrando infelizmente – embora sua frase me traga momentos da minha infância, onde eu sempre era o último a ser escolhido para os jogos, eu resolvo só ignorar.

Joel me mede surpreso e confuso com um sorriso de lado, ele podia pelo menos fingir que não animado com isso.

— Pode deixar, treinador – Sr.Calvin sai pra conversar com os outros jogadores, sem nem mesmo dar mais explicações e me deixando sob o auxílio de Joel – vem, vou tentar encontrar alguma coisa pra você.

— Nem fodendo que vou jogar – cruzo meus braços, me recusando a seguir Joel.

— Vai querer desafiar o treinador? – Ele exclama como se tentasse me dar um aviso, eu observo o homem por um tempo do outro lado e sem ter o que fazer bato o pé com raiva seguindo Joe para o vestiário.

Depois de revirar a sua parte do armário, ele bate à porta, me entrega um uniforme e explica que era o que ele usava quando entrou para o time, e que, talvez pudesse me servir. A cor um pouco desgastada do uniforme, mostra que já havia sido usada muitas vezes, principalmente a parte onde o nome do Joel era estampado e algumas letras se mostravam apagadas.

Joel saiu do vestiário sem eu precisar pedir, me dando privacidade para que eu pudesse trocar. A roupa serviu, não perfeitamente, mas também não tinha ficado tão ruim como imaginei que ficaria, só era estranho demais estar com uma roupa tão folgada durante o horário escolar. Quando saí ele me olhou com aprovação me entregando um par de tênis adequado para jogar basquete, sentei nos bancos entre os armários do vestiário para calça-lo, tentando não soltar uma reclamação a cada respirada.

— O que é Armador? – pergunto enquanto termino de arrumar o tênis que parecia ser um números maior que o meu, foi até um milagre que Joel tivesse achado algo parecido com meu número.

— Ele te colocou como armador? Previsível. – Joel estava encostado em um armário de frente pra mim, ele deu um sorriso quando disse aquilo passando as mãos na lateral do cabelo, o que me deixou ainda mais confuso. Não precisei perguntar, ele entendeu meu semblante de confusão e se explicou – O armador na maioria das vezes é o jogador mais baixo do time.