A caverna

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Borislav deu um grito de raiva pelo fato de descobrir que sua bela moça era filha de um soldado nazista. O grito acabou me acordando e acordando Marília.

- O que foi Borislav?- perguntei.

- tive um pesadelo- disse Borislav.

- uma cobra!!- gritou uma senhora (também sobrevivente).

- parece ser venenosa!- disse outro sobrevivente.

- Rum! Cobrinha dessa!- disse Marcondes pisando na cabeça do animal.

- bicho asqueroso!- disse a senhora.

- Eu uma vez matei uma sucuri no Rio Amazonas quando eu tinha 10 anos- disse Marcondes sendo desnecessário e mentiroso como sempre.

O calor do deserto fez o nosso abrigo parecer um forno, minha cabeça estava doendo devido ao calor, mas para nossa sorte um grupo de nômades apareceram em seus camelos. Saímos do nosso abrigo e gritamos para chamar a atenção deles, mas eles não davam bola, então, resolvemos ir até eles.

Marília saiu de perto e foi até os nômades que logo tentaram sequestra-la, então, Borislav e eu corremos para salva-la. Borislav chegou enfurecido e foi logo dando um soco na cara do nômade que estava querendo abaixar a saia de Marília.

- Desculpa! Eu pensei que ela estava sozinha (porque em muitos locais do Oriente médio os homens têm autorização para estuprar mulheres que andam sozinhas)- disse o nômade que levou um soco de Borislav, mas os outros nômades pegaram seus canivetes.

- calma! Não queremos briga! Só estávamos pedindo ajuda- disse tentando explicar, mas os nômades árabes vieram atrás de nós com vários canivetes.

Corremos até o abrigo e tiramos as pessoas de lá para tentar fugir dos nômades, porém era muito cansativo fugir com tanta gente, além disso, os nômades já estavam acostumados a andar no deserto.

- Devemos lutar contra eles! Um monte de magrelos assim, eu sozinho derroto vinte- disse Marcondes.

- Manda seu primo calar a boca senão quem vai calar ele sou eu!- disse Borislav para mim.

Estávamos correndo dos nômades quando derrepente, o chão começou a ceder e a areia nos puxou para baixo, então, os nômades pararam de nos seguir depois que fomos puxados para dentro da terra.

Fomos parar muitos metros abaixo da superfície, eu não tinha certeza de qual era a profundidade, mas estávamos em uma caverna subterrânea com água até no joelho no meio do deserto do Saara. As pessoas ficaram apavoradas pelo nosso milagre e maldição pois apesar de termos despistado os nômades, caímos no subterrâneo.

A água da caverna borbulhava e o ar de lá dentro tinha um cheiro estranho. Borislav tentou acender uma tocha, mas algo de terrível aconteceu, a caverna criou uma bola de fogo, então, todos mergulharam na água para não serem incinerados.

- O que foi isso?!- perguntei depois de sair da água.

- Eu não sei! foi derrepente !- respondeu Borislav.

- Tenta acender a tocha de novo para não ficarmos no escuro- disse Marcondes.

- Não façam isso!! Essa caverna deve ter gás natural muito inflamável, tivemos sorte da água não evaporar- disse Marília.

- Como tu sabe disso? tu é engenheira? - perguntou Marcondes com desprezo de Marília.

- Eu sou Geologa! E afirmo que temos que sair dessa caverna antes que nosso oxigênio acabe!- respondeu Marília.

- E mesmo? Rapaz... Eu já entrei em tanta caverna e nunca fiquei sem ar, por que eu sou é macho! Não tenho essas frescuras - disse Marcondes com  sarcasmo, mas todos o ignoralam

- Como faremos para sair daqui? A passagem por onde entramos está com quilômetros de areia- perguntei.

- E mesmo que podesse cavar, a areia da superfície cairia de volta- disse Borislav.

e sem uma saída aparente. O medo começou a se instalar entre as pessoas, mas precisávamos manter a calma para pensar em uma solução.

Marília, com seu conhecimento como geóloga, alertou sobre a possibilidade de gás inflamável na caverna e destacou a importância de sairmos antes que o oxigênio se esgotasse. Marcondes, como de costume, foi sarcástico, mas todos decidimos ignorá-lo.

A questão era como sair dali, já que a passagem por onde entramos estava coberta por quilômetros de areia e qualquer tentativa de cavar só resultaria em mais areia caindo sobre nós.

Enquanto pensávamos em uma solução, comecei a observar melhor a caverna. Notei que havia algumas aberturas acima de nós, permitindo uma leve entrada de luz. Poderíamos tentar subir por ali, mas a questão era como alcançá-las, já que estavam muito altas.

Foi então que Borislav teve uma ideia. Ele olhou ao redor e notou algumas rochas grandes na parte mais alta da caverna. Se conseguíssemos empilhá-las e construir uma espécie de escada improvisada, talvez conseguíssemos alcançar as aberturas e subir até a superfície.

Compartilhamos a ideia com os outros sobreviventes, que concordaram em tentar. Com bastante esforço, começamos a mover as rochas e a empilhá-las em uma estrutura precária. Era um trabalho demorado e cansativo, mas não tínhamos muitas opções.

Após várias horas de trabalho árduo, finalmente conseguimos construir a escada improvisada. Com cuidado e apoio mútuo, um a um, começamos a subir, passando pelas aberturas e avançando em direção à superfície.

A sensação de ar fresco ao alcançar a superfície foi um alívio imenso. Estávamos livres daquele lugar escuro e opressivo. Agradeci a Deus por termos conseguido escapar. Agora, precisávamos nos orientar para encontrar um local seguro e obter ajuda.

É incrível como, às vezes, em momentos de desespero, surgem soluções inesperadas. Mesmo enfrentando grandes desafios, o trabalho em equipe e a determinação nos ajudaram a encontrar uma saída. Aquela experiência nos ensinou a nunca subestimar o poder da colaboração e a importância de manter a esperança mesmo nas situações mais difíceis.

Agora, com o deserto do Saara diante de nós, era hora de seguir em frente e buscar um novo caminho. A jornada continuava, mas estávamos mais fortes e unidos do que nunca.
                   

Apaixonado por uma divindade- LIVRO  IIOnde histórias criam vida. Descubra agora