«CAPÍTULO 41 - O PRIMEIRO PASSO»

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Em 13 de fevereiro, Hollis foi se sentar entre James e Sirius durante Trato das Criaturas Mágicas. Ela remexeu em sua bolsa de couro preto por alguns momentos até que finalmente pegou sua pena e tinteiro para fazer anotações sobre os vermes que eles estavam estudando. No entanto, ela perdeu a tinta vermelha quando um súbito estrondo de uma varinha disparou acidentalmente por alguns lufanos. A rolha da garrafa se soltou nos dedos assustados de Hollis, e o líquido escarlate derramou por sua camisa branca e gravata esmeralda.

"Merda." Ela murmurou, tentando limpar a tinta que já estava secando.

Já havia manchado em sua camisa, porém, sem chances de tirar o pigmento. Ela gemeu de frustração e olhou para o relógio. Ainda tenho dez minutos até Kettleburn chegar aqui, ela pensou, considerando suas opções. E os dormitórios da Sonserina ficam deste lado do castelo.

Depois de alguns momentos, ela decidiu que valia a pena ir se trocar rapidamente. Ela pegou sua bolsa e saiu correndo, as botas pretas esmagando as agulhas de pinheiro levemente congeladas.

Hollis chegou à sala comunal da Sonserina apenas um minuto depois, subindo rapidamente as escadas para os dormitórios femininos. Os botões brancos e circulares de sua camisa se abriram com movimentos rápidos e fáceis. Ela envolveu os dedos ao redor da gravata prateada e a soltou também, decidindo que só teria que colocá-la mais tarde. A porta do armário de madeira preta se abriu quando ela pegou uma camisa limpa, e ela estava na metade do caminho para abotoá-la quando a pesada porta do dormitório se escancarou.

"Um segundo, estou me trocando!" Hollis gritou para a garota do quinto ano da Sonserina que acabara de entrar. Ela não esperava que alguém viesse logo antes de uma aula como ela. Em vez de sair, porém, os passos entraram e as dobradiças prateadas da porta se fecharam.

"Que porra é essa." Ela murmurou, virando-se para ver quem não entendia o conceito de privacidade.

Não era uma menina.

"Dê o fora daqui." Hollis cuspiu em Theodore, que estava encostado no batente da porta casualmente.

Ele não fez nenhum tipo de movimento para sair, ele apenas ficou lá olhando para Hollis com olhos ligeiramente predatórios.

"Eu disse para sair!" Hollis disse a Theodore novamente, sua mão avançando em direção a sua varinha preta que estava na prateleira escura de seu guarda-roupa.

"Você não pode dizer a seus superiores o que fazer, Hol." Disse Theodore com uma voz estranhamente calma.  

"Não é mesmo, Regulus?"

Para o choque de Hollis, Regulus apareceu ao virar da esquina de pedra. Seus olhos escuros não tinham um único fragmento de bondade ou remorso, apenas crueldade e ganância queimando neles.

 E então algo em seu antebraço esquerdo chamou sua atenção.

Uma terrível tatuagem de uma cobra serpenteando pela boca ossuda de uma caveira. Os olhos de Hollis se arregalaram de horror.

"Regulus, o quê?" Ela sussurrou, a voz trêmula e chorosa.

Regulus sorriu com seu choque em sua Marca Negra.

"Você foi realmente ignorante o suficiente para pensar que eu ainda não tinha me tornado um Comensal da Morte?" Ele perguntou, avançando em direção a Hollis através do chão escuro com uma velocidade enervante.

"Não." Hollis sussurrou novamente. "Não, este não é você, Regulus."

Regulus suspirou com a ignorância dela quando Theodore se juntou a ele.

"E você é ainda mais ignorante por acreditar que você não é minha, Hollis?" Theodore perguntou, estendendo a mão e envolvendo a nuca dela com as mãos frias.  

"Que você não vai continuar a linha de sangue puro?" Ele continuou.

Seu rosto estava a um centímetro do dela.

"Aquele menino Lupin não pode protegê-la desta vez, Hollis." Theodore sussurrou seus olhos cruéis e gananciosos enquanto olhava para o rosto dela.

Com uma mão forte nas costas trêmulas de Hollis, Theodore puxou Hollis para mais perto dele até que seus corpos estivessem completamente pressionados juntos.

E ele a beijou.

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Um soluço alto e de partir o coração acordou James, Sirius, Peter e Remus de sua mesa bagunçada na biblioteca. Vários livros caíram no chão com baques altos quando Peter ergueu a cabeça. O relógio de latão ao lado das anotações de Herbologia de Sirius dizia que faltavam duas horas para treze de fevereiro. Todos os quatro se viraram para Hollis, que aparentemente tinha acabado de acordar de um sonho horrível, horrível.

Havia lágrimas suficientes rolando por seu rosto para ela ter chorado por horas, normalmente olhos brilhantes vazios, exceto pelo medo. As notas soltas com as quais ela adormecera estavam molhadas com um líquido salgado e quente, suas mãos tremiam incontrolavelmente sobre a mesa.

Sem qualquer hesitação, diante de Peter, Sirius ou James, Hollis procurou Remus em busca de ajuda.

Por ajuda.

Finalmente, Remus pensou enquanto ela facilmente se inclinava em seus braços, seus ombros ainda tremendo. Merlim, Hollis. Finalmente.

Seus olhos lacrimejantes estavam pressionados contra o peito dele, criando duas pequenas manchas molhadas em sua camiseta marrom. Remus segurou suas costas ligeiramente trêmulas firmemente com seus braços enquanto uma de suas mãos descansava em seu cabelo emaranhado.

Mas o que ela poderia estar sonhando para deixá-la assustada? Lupin pensou, fechando os olhos. O que poderia ser tão ruim?

A luz laranja bruxuleante iluminou os dois com um brilho suave. Tanto para Hollis quanto para Remus, a iluminação fraca fez o resto da biblioteca sumir. Chega de pesadelos, chega de livros e anotações, nada mais.

Foram só eles.

As lágrimas de Hollis pararam, mas o tremor não. Remus pensou que estava preparado para vê-la quando ela precisasse de sua ajuda. Ele pensou que estaria pronto para ver Hollis em um de seus piores estados.

Remus estava errado.

Com cada pequeno tremor, cada gota de seus olhos quebrados, Remus sentiu como se uma adaga fina e quente estivesse sendo cravada em seu peito. Era por isso que ela estava com medo? Ele pensou. Ela não disse que não queria que isso fosse um fardo? Sua curiosidade superou seu desejo de manter o silêncio.

"O que aconteceu?" Ele sussurrou para Hollis baixinho.

Ela se afastou dele para olhá-lo em seus olhos verdes profundamente preocupados.  

"Apenas um pesadelo, Remus. Um pesadelo muito ruim, porra."

Era a primeira vez que ela dizia o nome dele ou falava diretamente com ele em semanas. Ele havia esquecido a pequena emoção que passou por ele quando Hollis disse algo para ele.

Remus aceitou silenciosamente a pequena quantidade de vulnerabilidade que Hollis havia compartilhado com ele em silêncio.

Mas mesmo enquanto ele tentava voltar a dormir com Sirius e James, tudo o que ele podia ouvir era um soluço singular e cru ecoando interminavelmente em sua cabeça.

A versão original da história está no perfil da drowninginparagraphs.

Espero que gostem desse capítulo.

Beijos.

Blood and Chocolate - Remus Lupin (TRADUÇÃO CANCELADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora