Blood and Chocolate - Remus Lupin (TRADUÇÃO CANCELADA)

«CAPÍTULO 62 - SILÊNCIO»

Durante as férias de Natal, quando Hollis retornou à Mansão Rosier, ela foi imediatamente enviada para seu quarto. Enquanto ela se deitava em sua cama por horas e olhava para fora para a extensa colcha de retalhos verde que eram os pinheiros de Lolchant, ela presumiu que seus pais estavam discutindo o que fazer com ela. Foram alguns momentos roubados de paz desfrutados, o olho do furacão antes da violenta tempestade chegar.

Nenhum momento foi dado, pois os Rosiers aparataram no elegante saguão de sua mansão com um estalo alto.

Antes que Hollis pudesse se orientar entre tetos altos e pintados e pisos de mármore preto, ela estava no chão. Levou alguns momentos para perceber que havia levado um tapa violento no rosto, sem fôlego. Pequenos pontos pretos dançavam lentamente em sua visão, um céu noturno morbidamente invertido enquanto o piso de mármore frio pressionava sua bochecha, gelando seu rosto inteiro. Rangendo os dentes e fechando os olhos, ela colocou uma mão espalmada contra o chão duro e se levantou de novo com uma quantidade surpreendente de graça.

Passando lentamente o polegar pelo lábio inferior, onde havia um fio de sangue, Hollis estava notavelmente calma.

"Ficou feliz de ter tirado isso do seu sistema, não é?"

Evan recuou um pouco quando Hollis caiu no chão novamente. Foi reflexo, não simpatia, mas foi o suficiente para ele sair da sala o mais rápido possível. Nenhum dos pais percebeu a saída do filho, muito focados na satisfação do estado em que a filha estava.

Desta vez, ela caiu de costas. Parecia que o ar tinha sido tirado diretamente de seus pulmões, arrancado por uma sombra invisível e cruel. Apertando as pálpebras, seu suspiro por ar se misturou a um soluço estridente. O som penetrou o quarto silencioso como uma faca, preenchendo o espaço vazio com uma aura de tremenda dor.

Não houve tempo suficiente para respirar novamente antes que enxames de luz substituíssem as pequenas manchas, tudo, o chão, o teto, seus pais, deixando-a além da dor. Ela estava sozinha em um mundo de mágoa, dor aguda enchendo-a com sentidos repentinamente aguçados que ela desejava que voltassem a entorpecer até aquela dormência latejante.

De pé sobre a filha, Mulstone e Vindia Rosier não tinham a menor alusão de misericórdia gravada em suas feições pontudas. Toda a vergonha que sentiam por tê-la como filha estava condensada em violência.

"Levante-se." Cuspiu Vindia friamente, sem um pingo de remorso na voz. "Agora."

Não posso, pensou Hollis desesperadamente. Não posso, por favor, não me faça.

Depois de vários momentos, sua única resposta foi silêncio. "LEVANTA!" Berrou Mulstone, fazendo sua filha estremecer, mas não se levantar contra o mármore da meia-noite.

O lugar de onde alguém tira sua força pode ser encontrado bem no fundo deles. Para muitos, é o medo de ser fraco que os torna os mais fortes, ou a motivação das expectativas colocadas sobre eles, o desejo de ser feliz. Para Hollis, ela tirou força de sua família.

Não os Rosiers.

Hollis pensou em Peter e Marlene rindo de algo que ela e James tinham dito no Salão Principal. Ela se lembrou de Sirius trançando seu cabelo para uma partida de quadribol e abrindo seu coração para Regulus na sala comunal da Sonserina ou na ala hospitalar. O jeito que Lily tinha aquele sorriso suave e conhecedor sempre que detectava algo novo nas emoções de sua amiga, ou como James fazia de tudo para fazê-la rir quando ela estava incomodada com alguma coisa.

Acima de tudo, Hollis pensou em quão desolado Remus ficaria se algo tão horrível acontecesse com ela que a impedisse de retornar a Hogwarts.

E então, com uma mão firme, ela balançou as pernas para ficar em pé na frente dos pais. Seus joelhos tremiam, mas seus ombros estavam retos. Suas mãos estavam fechadas em punhos apertados, tão apertados que suas unhas cravaram na pele grossa de suas palmas tão profundamente que ela sentiu a pele rasgar e o sangue quente escorrer por seu pulso.