Decima Hora

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     Eu não posso dizer que estava empolgado pra fazer essa trilha, mas, já que estamos aqui, que seja pelo menos divertida.

      Confesso que saí do carro sem muita vontade. Pedi as dois  staffs que nos acompanhassem a uma distância razoável. Queria ter mais privacidade  com ela.

       Enquanto caminhávamos pelo Seul Trail, Duda me perguntou algo que Parecia uma pergunta simples, mas eu comecei a pensar em tudo o que eu gostava e que não costumava divulgar muito.

— Me conta vai Hobi. Fala mais sobre coisas simples do seu dia a dia. Ou coisas que você gosta que normalmente não fala.

— Adoro passar um tempo com a minha família. Minha mãe sempre me mima e  eu amo viajar para conhecer novos lugares. Não só a trabalho. Aprendi a gostar de jogar videogame até altas horas pra acompanhar os mais novos. Sabe, eles se sentiam sozinhos e eu não gostava de vê-los tristes. Amo ouvir músicas antigas retrô dos anos 90. Mas, acho que o Army sabe disso. E, bem... Não estou sempre sorrindo. Por incrível que pareça, eu sou bem sério.

—  Eu sei que às vezes pode parecer que as pessoas só te enxergam como o J-Hope do BTS, mas eu consigo ver a alma de quem você é verdadeiramente. Você não é  só isso. Você é um amigo leal, um filho amoroso. Tem camadas. É  profundo. Eu tenho muita sorte de te ter na minha vida.

    Parei por alguns segundos e tentei absorver tudo que ela me disse.

— É ser o J-Hope as vezes pode pesar, mas, eu amor. Amo muito. Com o tempo aprendemos a nos mostrar de verdade sabe.

— Percebi. Jack in The Box foi algo incrível. - Me surpreendi com a colocação dela. — Acho bom você deixa-lo liberto por muito tempo, por que eu simplesmente  amo o Hoseok.

     Ela sorri pra mim e toma a liderança da trilha. Foi incrível ter alguém com quem pudesse falar abertamente. Duda me olhava diretamente nos olhos enquanto eu falava, e eu tinha a sensação de que ela realmente queria entender mais sobre mim. Não tinha medo de me abrir completamente, e isso me fez sentir confortável.

     Ela estava tão concentrada nas espécies de pássaros que queria identificar que nem percebeu quando cheguei perto. De repente, deixei minha respiração roçar  em meu pescoço.

— Hmm, você está tão linda assim tão concentrada nos seus pássaros. - Digo, com um sorriso provocativo nos lábios.

      Eu sinto a tensão sexual começando a aumentar. Sei que ela também estão sentindo. Chega a ser palpável de tão intensa.

— O que foi, Duda? Por que está tão nervosa de repente? - Pergunto, continuando a me provocar.

     Ela tenta ignorar minhas provocações e se concentrar novamente nos pássaros, mas me  aproximo ainda mais e acabo a cercando com meus braços.

— Você sabe que não conseguimos resistir um ao outro. - Sussurra em seu ouvido.

— Seu safado. Não podemos fazer isso, Hobi. Estamos no meio da trilha, e não é o momento certo. Imagina se alguém nos ver? - Ela responde, tentando ser firme.

      A encaro por um momento, acariciou seu rosto com as pontas de meus dedos. Preciso daqueles lábios. Quando me tornei tão dependente dela? Mal nos conhecemos. Vou me aproximando cada vez mais. Eu estava tão perto de beijar a Duda, sentindo a tensão entre nós aumentando a cada segundo. Mas então ela me interrompeu.

—  Hobi meu amor Fica parado e não se assusta. - Eu não entendi direito o que estava acontecendo, mas obedeci.

        Foi então que ela apontou para a minha blusa.

— Tem uma perereca na sua blusa. - Eu imediatamente comecei a tremer.

       Não consegui me controlar e fiz um escândalo, gritando e me debatendo tentando tirar o bichinho.

— PORQUE? Aí que merda. Sai bichinho, sai logo. - Duda ria da minha reação exagerada e tentava me acalmar, mas não adiantava. Acabei saindo correndo, gritando pelo caminho, enquanto ela ia atrás de mim tentando salvar a perereca.

— Espera Hobi, vai se machucar e acabar machucando ela. - Só parei quando ela me abraçou forte por trás. — Respira homem. - Continuou a me segurar com uma mão e com a outra tateou minhas costas. — Prontinho. Olha só que linda. Agora vamos ver se você não se machucou. - Pude ver o carinho com o qual ela analisou o bichinho que agora nem parecia tão aterrorizante assim. — Parece que você deu muita sorte. Vamos te devolver ao seu lugar. - Duda colocou o bichinho em meio às folhagem e bem longe de mim.

        A cena era engraçada, eu admito, mas eu ainda estava um pouco  traumatizado com o bicho em minha blusa. Foi uma mistura de alívio e terror quando finalmente consegui me livrar da perereca, mas no fundo eu estava um pouco envergonhado. Os staff tinha vindo correndo ver o que estava acontecendo e claro, caíram na gargalhada quando descobriram o motivo do meu pequeno show. Tenho certeza que ouvi um deles dizer que deviam ter filmado pra mostrar para os demais.

     Duda finalmente repousou seus olhos em mim novamente.

— Agora vamos ver se o mocinho aqui não se machucou.

— Eu estou bem. Só meu coração que está acelerado ainda.

      Duda me fez sentar no chão ali mesmo e de Joelhos ao meu lado passou a me analisar. Lentamente repousou as mãos em meu peito.

— Realmente seu coração está acelerado. Tudo por conta de um bichinho.

       Só aí parei para analisar. Será que era só por causa do bichinho? Agora, com ela tão próxima de mim, ele poderia sair literalmente pela boca de tão forte que batia.

— Acho que isso vai ajudar a curar o seu susto. - Ela se inclina sobre mim e me da um selinho. Engraçado como tudo parece deixar de existir quando estou com ela. Não escutei mais os cochichos dos staffs, nem os pássaros a nossa volta. Éramos os únicos naquela sintonia.

— Se me der mais um desses eu até pego um bichinho na mão. - Brinco quando ela se afasta.

— Olha lá. Eu posso levar a sério e aí você terá um problemão. - Ela me oferece a mão e me ajuda a ficar de pé.

— Valéria a pena!

      Duda está corando e eu achando graça. Mudo de assunto quando percebeu que estão vindo pessoas pela trilha.

— Que tal terminarmos logo isso aqui. Lá em cima tem mesas para piquenique.  Que tal se...

— Ah que ótimo! Estou morrendo de fome.

— Mulher, você está sempre com fome.

— Gasto muita energia e você tem culpa nisso  também, afinal estamos fazendo muitas atividades físicas.

     Acabo rindo alto ao entender o duplo sentido em suas palavras. Leve! Estou realmente leve.

24 horas para não se apaixonar.Onde histórias criam vida. Descubra agora