24 horas para não se apaixonar.

Vigésima quarta hora!

      Deixo escapar um suspiro silencioso enquanto observo Duda forçar um sorriso, embora eu possa sentir a tristeza que ela está segurando dentro dela. Parece que as palavras se tornaram desnecessárias neste momento, então, com um pequeno sorriso, empurro a mala até o elevador.

      Descemos em silêncio, a atmosfera pesada de emoções não ditas pairando entre nós. Coloco cuidadosamente a mala no carro e abro a porta para ela entrar. Um olhar rápido nos olhos dela revela que ambos estamos lutando para manter as emoções sob controle. Respiro fundo e seguro firmemente o volante enquanto dirijo em direção à Hybe, tentando manter um ar de normalidade.

      Durante o trajeto, o rádio permanece silencioso, sem músicas para preencher o espaço. Minha mão permanece firme no volante, e eu me sinto tentado a segurar a mão dela, como uma forma de conforto, mas não sei se isso seria apropriado. Em vez disso, mantenho o foco na estrada.

       Ao chegarmos, olho para Duda e faço um pequeno sorriso. — Vem. Ainda temos tempo. - Digo com um tom suave. A ideia de passar um tempo com os outros membros do BTS parece trazer um brilho momentâneo aos olhos dela. Entrelaçamos nossos dedos, como se buscássemos apoio um no outro, e seguimos juntos até meu estúdio.

       A sala iluminada pelo sol parece ser o lugar perfeito para um encontro descontraído. Os outros membros do BTS estão lá, com sorrisos calorosos para dar a Duda as boas-vindas. Sinto um aperto no peito ao perceber que ela está rodeada por meus amigos que também vão sentir sua partida.

—  Ei, Duda! Estávamos esperando por você. Como estão as coisas? - Namjoon é  o primeiro a falar.

— Tudo bem, obrigada. Estou triste. Durou pouco, vou sentir falta... - Ela para e me olha, morde os lábios  e continua. —  Mas também empolgada para a próxima etapa.

— Ah, vamos sentir sua falta também, Duda. Quem mais vai fazer o hyung pegar um sapo na mão? - Jimin brinca.

— Era uma perereca e a coitada ficou enroscada  a blusa dele. Quase morreu de susto. - Responde ela rindo.

— Posso tentar fazer ele gostar de caranguejos. - Namjoon pontua nos fazendo rir.

— E os anjos vão vir nos dar chocolates. - Briinca Yoongi sarcástico.

— Ei! Eu posso me acostumar com uns bichinhos aqui ou ali. - Digo e vejo que todos caem na risada.

— Vai direto para o Brasil? - Jungkook questiona.

— Indonésia. Vou a trabalho. Depois volto ao Brasil. Vou passar os próximos anos trabalhando na Amazônia.

—Ei, não se esqueça de mandar muitas fotos e atualizações, certo? - Taehyung  pede.

— Pode deixar, vou manter todos vocês informados. Mas... eu não tenho o número de vocês.

— Não seja por isso. - Jimin logo toma a frente.

      O clima fica mais leve com as brincadeiras e risadas, mas todos nós sabemos que a despedida está chegando. Olho para Duda, e ela me dá um sorriso grato. Embora eu queira que ela fique, sei que essa não é a melhor opção.

       Percebendo meu semblante triste e notando que não temos mais tempo, os meninos se despedem dela. Em fim, estamos a sós. Duda me encara com aquela cara de " não quero me despedir" e lhe devolvo o olhar carregado de muitos sentimentos.

      A turbulência de emoções dentro de mim parece atingir um pico. O medo de perder a chance de vê-la novamente é avassalador, um temor que se entrelaça com a ansiedade do que está por vir ao enfrentar o alistamento. A cada batida do meu coração, sinto o peso dessas incertezas.

      Mas então, enquanto nossos olhares se encontram, tudo ao meu redor parece desaparecer. O amor que tenho por ela brilha intensamente, iluminando a escuridão das minhas preocupações. Cada momento compartilhado, cada riso trocado, é como um presente precioso que quero guardar comigo.

       O beijo que compartilhamos é um misto de todas essas emoções. Há medo, há amor, há gratidão por tê-la conhecido. Nossos lábios se tocam suavemente, como se estivéssemos selando nossos sentimentos em um único gesto. O calor do momento é reconfortante, e por um instante, todas as preocupações parecem distantes.

        Percebendo a tristeza em meu rosto, Duda também carrega a mesma relutância em se despedir. Seu olhar diz tudo o que as palavras não podem expressar. E quando nossos olhos se encontram, é como se estivéssemos compartilhando um diálogo silencioso, transmitindo os pensamentos e sentimentos que não conseguimos articular em voz alta.

       À medida que o tempo se esgota essa conexão entre nós parece mais forte do que nunca. Enquanto a seguro em meus braços, quero que ela sinta o quanto ela significa para mim. Cada segundo que passamos juntos se tornou inestimável, uma parte essencial da minha jornada.

        E assim, enquanto nos preparamos para nos separar, eu a abraço com firmeza, como se pudesse protegê-la de todas as incertezas que o futuro reserva. Nossos olhares ainda carregados de sentimentos, compartilhamos um momento que transcende as palavras, um momento que ficará conosco, mesmo quando estivermos separados pelas circunstâncias.

— Duda, esses últimos momentos juntos foram incríveis. Eu queria te dizer algo... Algo que tenho guardado aqui dentro por um tempo.

—  Hobi, não diz. Eu não posso conviver com a distância  se vice disser.

      Olho para ela, uma mistura de emoções passando por seus olhos.  Suspirou profundamente, sentindo o peso das palavras que lutavam para sair.

— Duda, eu... você está certa. Não quero fazer isso mais difícil para você. Não quero te deixar com um fardo enquanto estamos separados. Só... saiba que eu sempre vou lembrar desses momentos que compartilhamos. E mesmo que eu não tenha dito em palavras, eu sinto isso aqui. - Aponto para meu próprio coração.

      Duda me olha  com os olhos marejados. — Hobi, você é uma pessoa incrível. E eu vou esperar. Não importa o quanto leve, quando o tempo for o certo para ambos, você pode me procurar. Não quero que você se prenda a algo que não está pronto para enfrentar agora.

         Lhe dou um sorriso de  gratidão e tristeza.
—  Obrigado, Duda. Sua compreensão significa mais para mim do que eu poderia expressar.

       Trocaram mais um abraço apertado, deixando que as emoções ficassem no ar. Finalmente, me afastei um pouco, olhando para o rosto de Duda com ternura. — Promete que vai cuidar de si mesma? Não importa o que aconteça?

        Duda assente,  com lágrimas escorrendo por suas bochechas. — Eu prometo, Hobi. E prometo que, quando for o momento certo, vou estar aqui.

        Abaixo a cabeça e, com um suspiro contido, seguro o rosto de Duda suavemente. E compartilhamos um último beijo cheio de emoção, um beijo que parece conter todos os sentimentos que não foram expressos em palavras.

        Quando nos separamos, a olho, seus olhos brilhando de tristeza. — Até logo, Duda.

        Arranco um sorriso timido,  mas lágrimas rolavam por seu rosto. — Até logo, meu Hobi.

        E assim, nos despedimos, com um sentimento que é ao mesmo tempo doloroso e cheio de esperança. Enquanto Duda saí pela porta, eu fico ali, assistindo-a partir, segurando minhas  emoções enquanto o nó em minha garganta se torna mais apertado.

        Nos veremos novamente minha Dud's.