Décima nona hora!

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    Não consigo entender o motivo de tanta graça. Duda já está ficando sem ar e toda vermelha, masa mulher não para de rir.

— Respira mulher. Já estou ficando nervoso. Tá tudo ficando escuro e olha que eu nem fechei os olhos.

— É  que no Brasil... A junção  dessas duas letras significa outra coisa é a quinta série que habita em mim não resistiu. - Volta a rir descontroladamente.

— Significa o que exatamente? - Questiono curioso.

— Não posso falar em voz alta. - Responde rindo.

— Fala no meu ouvido então.

    Duda se aproxima,  fica na ponta dos pés e então cochicha o significado. Choque total.

— O que??? - Solto um grito involuntário e ela cobre mimha boca rapidamente.

— Fala baixo criança.

— Meu Deus. Minha inocência foi roubada.

— Para de drama. Que inocência? Tu não tem nenhuma. - Ela brinca.

— Jesus quantas vezes eu estive no Brasil e falei Cu em voz alta. Convidei até pessoas que estavam nos servindo como staf pra tomar um soju no Cu. - Levo as mãos ao rosto me escondendo de tanta vergonha. Duda por outro lado, desmonta de vez, sentando-se no meio fio e rindo de mim.

— Para de rir. Eu estou realmente  envergonhado. - No fim a risada dela me contagia e me deixo levar. - Vai, levanta logo daí e vamos entrar, afinal, é uma experiência única, tenho certeza que você vai adorar!

— Quem foi o gênio que deu esse nome? Só de pensar nisso já me faz rir!

— Vamos tentar ignorar o nome por um momento e aproveitar tudo o que essa conveniência tem a oferecer!

— Ok, eu vou tentar me controlar, mas não vai ser fácil. O que exatamente vamos fazer aqui? Comprar um lamen?

— Também. Vamos vivenciar a experiência completa de uma conveniência Cu! - E lá recomeça ela a rir e eu vou junto. — Eles têm de tudo aqui, desde ingredientes para fazer qualquer prato até os equipamentos para o preparo do mesmo! É como um paraíso gastronômico! Dá pra fazer nossa comida aqui mesmo.

— Sério? Então, vamos aproveitar isso ao máximo! Eu quero ver tudo o que essa Cu tem para oferecer!

— Ótimo! Vamos começar pelas prateleiras de Lamen. Temos apimentados, legumes, molhos... Tudo o que você pode imaginar para preparar o lamen perfeito!

— Eu vou nesse aqui. Parece ser menos apimentado.

— Muito bem. E eu nesse aqui. Vem vamos ali nas máquinas de água quente. - Aponto para o canto esquerdo e Duda me acompanha. - Assim. Ai você abre e coloca aqui, bem embaixo pra não ter acidentes. Depois é  só ligar isso assim. - Mostro a ela como se faz.

— Perfeito.

— Quer beber alguma coisa? - Aponto para o freezer de sucos e ela concorda. — Algum sabor em mente?

— Como confio no seu bom gosto, vou deixar que escolha por mim.

— Está bem, mas já aviso que não me responsabilizo caso não goste. Sente-se aqui no balcão e me espere.

     Escolho um de morando para mim  e  maçã verde para ela. Volto e me sento ao seu lado. De repente um novo sentimento toma conta de mim.

—  Duda, sabe, às vezes sinto uma nostalgia imensa dos meus dias antes da fama. - Ela me encara com aqueles imensos olhos.

—  Ah, Hobi, entendo como você se sente. Deve ser difícil lidar com toda essa transformação na vida. Mas lembre-se de que mesmo antes de tudo isso, você era uma pessoa especial e talentosa.

— Sim, eu sei, Duda. Mas às vezes bate aquela saudade de quando eu podia ser anônimo, ir às conveniências, fazer coisas simples sem tanta pressão.

— Eu entendo completamente, Hobi. É natural sentir essa nostalgia, especialmente quando uma parte tão grande da sua vida é vivida na frente dos holofotes. Mas lembre-se de que todas essas experiências e sucesso que você conquistou são o resultado do seu trabalho árduo e talento. E das armys, claro. - Ela me dá um sorriso gentil.

— Eu sei que é verdade, Duda. Só que às vezes eu sinto falta da simplicidade daquela época. Ir à conveniência, escolher um sorvete de morango, sentar em um banco e simplesmente aproveitar o momento sem ter que me preocupar com a fama.

— Compreendo, Hobi. A fama pode realmente trazer um certo peso e pressão. Mas olhe ao seu redor, estamos aqui juntos agora, aproveitando um momento simples de descontrair. Essas são as pequenas coisas que você pode cultivar mesmo com toda a fama.

— Você tem toda razão, Duda. Esses momentos ao seu lado são tão preciosos para mim. É uma lufada de ar fresco e um lembrete de que ainda posso ser eu mesmo, mesmo que o mundo esteja nos observando.

—  E você sempre será você mesmo, Hobi. A fama pode mudar as circunstâncias, mas nunca mudará quem você é no seu âmago. Estarei aqui para te apoiar, não importa o que aconteça.

—  Obrigado, Duda. Sou tão grato por você e por esses momentos. Acho que é isso que me faz seguir em frente, saber que tenho pessoas como você ao meu lado, me apoiando e me lembrando do meu verdadeiro eu. - Ela baixa a cabeça e um semblante triste se forma por alguns instantes. Logo ela sorri.

— Sempre estarei ao seu lado, Hobi. E lembre-se, mesmo com todos os desafios e nostalgia, você está vivendo uma jornada incrível e com muitas pessoas que te amam. Valorize esses momentos especiais e aproveite cada passo do caminho.

—  Farei isso, Duda. Você me inspira a abraçar o presente e a encontrar felicidade em todas as pequenas coisas. Obrigado por ser minha força e luz. Eu amo estar ao seu lado.

     Sorrimos um para o outro, compartilhando um momento de conexão e conforto. Naquele instante, eu sei que não importa o quão famoso me torne, eu sempre encontrarei conforto nela e em quem me ama. Eu quero desfrutar de mais  momentos simples e importantes com ela. Quero poder dizer isso a ela, mas ainda não é  o momento.

     Voltamos nossa atenção ao Lamen a nossa frente e comemos em silêncio. Quando termina, Duda volta a rir.

— E agora... qual a graça?

— É que... Até que eu gostei dessa experiência CU. Mas, tá faltando algo.

— Posso saber do que se trata?

    A resposta dela foi pegar um bombom, abri-lo e depois dar uma mordida em metade, me oferecendo o resto.

— Uma promessa. - A olho confuso. — Vamos voltar a nos ver. Não importa quanto tempo passe. Um dia vamos nos reencontrar. Esse chocolate é  a nossa promessa. - Meus olhos ficam marejados. Alcanço o chocolate e o coloco inteiro na boca.

— Um dia...

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