Os dias foram passando, as horas os segundos. Porchay, por enquanto, estava conseguindo evitar a todos, até mesmo o seu irmão. Quando ele saíra do quarto no dia seguinte, Porchay havia ficado surpreso ao encontrar Porsche dormindo sentado no chão, em frente a sua porta. Porchay sabia que a essa altura, seu irmão já sabia que algo havia acontecido, todavia, mesmo que ele estivesse dividido entre contar tudo, a coragem sempre faltava, o tornando fraco, perdido. Em todos esses dias, seja acordando cedo para sair primeiro, seja se trancando assim que chegava do colégio, Porchay estava vivendo sua vida assim, como um rato fugindo do seu predador.
Ele fugia em casa do irmão, ele fugia na escola do amigo. Porchay adotou medidas drásticas para se distanciar de todos, querendo somente ficar sozinho. Em todo esse tempo, mesmo com o passar dos dias, a raiva aos poucos sumindo, o que estava restando em seu peito era a mágoa, mas também a sensação de culpa e desamparo. Ele estava magoado não somente com seu namorado, mas com todos. Quando ele pensava em Kinn, em como ele conseguiu disfarçar tão bem por todos esses anos, até mesmo escutando Porsche difamar o irmão mais novo, sem esboçar reação nenhuma, a não ser a que ele tinha de relevância. Ao pensar em Macau, em como desde aquele dia que ele vira Kim, e ele fora enganado até então, pensando que aqueles dois sequer se conheciam. Porchay estava namorando alguém da família de Macau, seu primo. E todas às vezes que ele pensara que Kim sentia algum tipo de hostilidade contra Macau por pensar que o mesmo era seu rival, na verdade era só porque Macau estava se aproveitando, se divertindo com a situação de vergonha do mais velho. Até mesmo quando Porchay pensava em Pete e Vegas, e em como eles em todos esses anos, mesmo não demonstrando, sempre omitiram esse fato para eles dois. Entretanto, toda vez que ele ficava magoado ao pensar nesses contras, sua mente sempre entrava em contradição. Ele tentava se colocar no lugar de Kim, tentava pensar como provavelmente o namorado pensava, e imaginava se fosse ele, ele realmente iria esconder a verdade de todos assim.
E portanto, ao se lembrar do que Porsche havia falado, o filho caçula dos Theerapanyakul havia deixado o irmão do meio em apuros, tomando conta de uma enorme empresa sozinho, com o peso do luto recente dos pais mortos. Para Porsche, Kim era um aproveitador, um sem coração, alguém que na primeira oportunidade quando surgiu a dificuldade, meteu o pé fora, pensando somente nos próprios interesses. Porchay por muito tempo, mesmo não concordando totalmente com o irmão, lá no fundo, ele achava que seu irmão tinha razão. Mas na época, ele sabia somente um lado da história, e mesmo que hoje ele não saiba muito o que realmente aconteceu, com as palavras de Kinn sempre rodando em sua mente, ele poderia supor.
Perda, luto, dor e culpa.
Por todos esses anos, seu namorado estava vivendo constantemente essa luta, sozinho, guardando tudo e muito mais que ele poderia suportar em seu peito. E sempre pensando dessa forma, Porchay sempre via que se estivesse no lugar do seu professor, ele teria agido da mesma forma, ademais, quando você vive esses anos de mentira, mesmo não sendo, se culpando por algo que sequer poderia ser mudado por suas próprias mãos, a amargura de si mesmo, da vida, se torna um fardo o obrigando a carregar pelo resto dos tempos em suas costas. E todas as vezes que Porchay pensava por esse lado, ele sempre terminava chorando no seu quarto. Ele imaginava um Kim que acabara de perder os pais, um Kim que se sentia culpado por tudo, um Kim que tentou engolir tudo por tantos anos, um Kim que mesmo não aguentando, se forçou para dar o seu melhor para o resto da família. Mas no final, essa culpa o fez ceder ao fracasso e à depressão, fazendo-o se sentir culpado não somente pela morte, mas pela desgraça de todos, achando a melhor forma possível para proteger aqueles que ele amava, se afastando e se isolando. Porchay chorava ao pensar cada vez mais nisso, algumas lembranças na qual vivera com o outro, mostrando que talvez a verdade sempre esteve na frente dos seus olhos. Kim não gostava de tocar, mas tocava por causa da sua mãe. Ele se lembrava de como havia ficado curioso na época quando seu professor lhe falou isso, e até mesmo a dúvida de estar sendo enganado por aquele cara não deixou de passar em sua mente. Porém, Kim havia dito que queria lembrá-la, e quando Porchay descobriu toda a verdade e em meio à discussão Kim começou a chorar, dizendo que havia matado até mesmo a pessoa que mais o amava, forâ que tudo de repente fez sentido. Ele tocava pela culpa, pela tristeza, como seu castigo.

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Time To Love
FanfictionQuando Kim se apaixona por seu aluno, e se vê voltando a desfrutar da felicidade que há tempos o havia deixado.