quinze

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demorei um pouco p postar esse meus 3 leitores pfv relevem a pobre q acorda 3h40 da manhã pra trabalhar 🥲
acabei juntando 2 capítulos em 1, então cuidado com cenas +18 kk eu sempre acabo cedendo mds preciso escrever uma pwp não daaa





As cartas de Yeonjun eram como cartas para ninguém.

Talvez eu tenha me sentido um pouco abalado com olhos que brilham de lágrimas e lábios que tremem em algo que deveria ser tristeza, mas era mais provável que fosse apenas emoção.

As cartas de Yeonjun eram como cartas para o passado, para o futuro e para um alguém que ele sequer sabia se ainda existia. Era o invisível. Não existia, morreu há algum tempo, mas lutava para reviver.

Eu confesso que precisei me sentar e pensar um pouco sobre tudo quando li letras tortas e borradas na calada da noite, sozinho e sem os braços de Yeonjun para me confortar, mas sempre com os resquícios de suas rasuras de quem derramou um ou outro pedaço de lágrima. Acabei por derramar junto.

Foi como ele mesmo me disse, foi como eu mesmo pensei, eu resolvi esquecê-lo em dor e ódio infantil, até que fui cronicamente prejudicado por algum remédio, enquanto por todos os anos ele sempre fez questão de se lembrar de mim e carregar um coração repleto de emoção bonita que fez parte de seu sentido de vida. Eu sabia que não valia a pena o arrependimento, mesmo assim foi impossível que eu não me sentisse banhado em um rio escuro de arrependimentos.

Nas hipóteses, talvez eu pudesse ter me agarrado a ele como quem se agarra a um fio de esperança, como parecia que ele havia feito comigo. Nas hipóteses, eu poderia ter afundado ainda mais no abismo de saudade e solidão eterna, projetando-o, buscando-o sem resultados. Eu não teria maturidade o suficiente para conviver com aquilo, eu não teria a maturidade que ele teve em seguir em frente, mesmo com o coração em busca.

Talvez eu tenha feito o meu melhor para seguir em frente sem correntes de memórias frequentes que não fossem lapsos de um acidente, apenas um fio ensanguentado que me prendia aos bordões de anos atrás.

É possível que todo meu arrependimento fosse com base somente em mim mesmo e na dor que eu senti ao perceber a culpa que senti, num egoísmo sobre como a tristeza me bateu, então eu quis me livrar dela, quando eu sabia que os olhos de Yeonjun provavelmente brilhavam de chateação ao perceber que foi possível para mim esquecê-lo. Doeu em mim aquilo que doeu nele e eu nunca gostei de sentir muita dor.

Confesso que algumas coisas me pegaram de surpresa. Nunca em meu estado vital e consciente eu imaginaria Yeonjun com uma caixa de cigarros na mão, um isqueiro pronto para acender qualquer um que fosse. A imagem era deprimente o bastante para compor um horizonte solitário em seu telhado de pôr do sol que ele tanto amava. Confesso que não conseguia imaginar suas costas em solidão, não combinava com ele toda aquela aura cinza sendo que ele era sol.

Confesso que eu soube tanto sobre ele quanto ele gostaria que eu soubesse.

Na minha cabeça, eu estava constantemente preso à imagem sóbria e iluminada de uma estrela que se põe e, à noite, se vai ate que surja o sol da meia-noite. Eu estava constantemente pensando que Yeonjun era maior e mais brilhante que todos, então obviamente não se encaixava no quebra-cabeça que ele fosse tão humano quanto todos os outros. Algo além de sorrisos não era algo que combinava com ele.

Nós estávamos deitados daquele jeito que estávamos sempre. Ele por dentro dos meus braços, eu circulando toda sua existência que mexia no celular. Éramos eu, ele, e somente duas peças minúsculas de roupas compartilhando um calor humano tão grandioso.

- Hyung, como foi sentir a minha falta?

Talvez fosse uma pergunta cruel, gratuita demais, daquela que pega na ferida e afunda. Ele me analisou, guardou o celular e virou-se barriga para baixo, apoiando seu queixo no meu peito.

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