dezesseis

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2023

Feliz aniversário de novo.

Eu tive que voltar. Voltar para a Coreia. Para algum lugar, qualquer um. Algum lugar do mundo. Só precisava ser você.

Finalmente encontrei o que procurava e posso dizer que houve certa melancolia no encontrar e no descobrir que você já não sabia nem o meu nome. Admito que fiquei meio triste no começo, apesar de estar pronto para a hipótese. Foram anos. Valeu a pena, Soobin? Foi o que me perguntei. No fundo… eu sempre soube que valeu.

Às vezes, a vida é imprevisivelmente complicada e eu nunca quis fugir das partes mais descomplicadas dela, talvez um dia eu até quis, mas não pude continuar fugindo, fugindo e fugindo. Isso aqui tudo é sobre amar. Amar a areia, a arte, as formigas, o céu, as árvores, a chuva, as pessoas – você. Você, um toco de gente, que era pelúcia em meus braços, mas que ficou maior do que eu.

Você mudou. Seu sorriso já não é o mesmo – porém toda a sua essência de menino doce continua intacta, como é da pessoa que conheci há tanto tempo. Eu me apaixonei uma, duas, três, milhões de vezes pela mesma pessoa e ela por inteiro são suas versões.

Eu menti. Você me perguntou uma vez, Soobin, e eu digo com toda a certeza do mundo; você ainda me lembra daquele alguém que eu conheci. Você ainda é como aquela pessoa que tinha medo de trovão e ainda tem, apesar de ter se acostumado com o escuro.

Soobin, eu posso ser sua luz agora, eu posso te abraçar quando surgir tempestades. Eu posso te segurar, mesmo que não seja para sempre e eu quero que seja.

Essa é uma longa história para narrar, você quer continuar ouvindo? Se quiser, mande uma mensagem para o meu número dizendo "sim, eu adoraria".

Agora posso te comprar aquele bolo que prometi. Se bem que você ainda gosta mais de pão.

Soobin, você ainda é o meu melhor amigo!
(do tipo que a gente beija mil vezes antes de dormir).

*★

Era dezembro, dias após mais um ano de aniversário, que finalmente pude passar ao lado de Yeonjun em setembro, dias e dias antes de Yeonjun grudar em meus ombros no dia cinco de dezembro, no dia em que ele estaria escrevendo-me cartas. E ele escreveu. Ele me escreveu por mensagem, por palavras ditas, por presentes e por papel, ele me escreveu por telepatia, por bluetooth de corações.

Nós assistimos todos os clássicos naquele dia.

Era dezembro, bem no final, quando Yeonjun estava sentado encolhido no sofá de um chalé alugado, com toda uma coberta bordada em amor rosa, peluciada e quente, envolvendo-o dos pés à cabeça em um casulo de borboleta.

Nós estávamos maratonando animações ruins até que a neve desse suas caras, o que demorou certo tempo para acontecer. Era noite do dia vinte e sete quando vimos o primeiro floco cair de um oceano celestial. De madrugada o que se juntou foi o suficiente para que nenhum carro passasse tranquilamente nas ruas.

– Essa é a única parte boa do inverno. Eu amo a neve.

– Hyung, como assim? O inverno é a melhor estação.

– Você sabe bem que eu gosto de calor. Eu odeio vestir novecentas roupas só pra não congelar, mal consigo me mexer.

– Nós podemos ficar abraçadinhos.

– Tô antissocial.

– Certo, tudo bem, desde que você não me mate ou algo assim.

– Eu tô associal, então.

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