Capítulo 7 - Eu nunca vi o mar

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A raposa vibrava com a alegria da princesa. Ela dançava tão bem. Tudo o que ela fazia parecia perfeito. Era difícil de imaginar a princesa deprimida. Mas a raposa era observadora e prestava atenção a tudo. Cada olhar, cada sorriso, cada lágrima, enfim, cada detalhe contava uma história.

— Eu não imaginava que era você, princesa.

— Você não imaginava o que?

— Que era você a pessoa que se sentia profundamente triste. Eu não imaginava que estava falando de si mesma quando me disse que conhecia alguém igual a mim.

— Sim, eu me senti assim por muitos anos. Hoje, não me sinto mais assim.

— Fico feliz em ouvir isso! Quando eu me sentia triste, gostava de ver o mar. O barulho das ondas sempre me acalmavam.

— Devia ser bom então ir à praia.

— Sim, muito. Você também gostava de ir à praia quando estava triste?

— Não. Na verdade, eu nunca vi o mar. Gostaria de um dia poder conhecê-lo. Deve ser maravilhoso ver o pôr do sol na beira do mar.

— É a melhor coisa do mundo! Eu vou levar você para conhecer o mar e assistiremos ao pôr do sol juntas.

— Você poderá conversar com a raposa longe daqui sobre isso, princesa. – disse o gambá.

— Eu ficarei muito feliz se eu puder lhe ajudar a estar sempre feliz! – disse a princesa para a raposa.

— E eu ficarei ainda mais feliz se você estiver sempre comigo! – exclamou a raposa alegre.

— Eu nunca vou te deixar! – garantiu a princesa.

Algumas vezes, elas se encontravam escondidas na pequena casa de madeira que a princesa usava quando queria ficar sozinha. Aos poucos, a raposa começou a se esquecer do que era a tristeza. Ela chegou a desejar nunca mais voltar para a sua rainha.

A raposa já estava se convencendo das mentiras que contava para proteger sua identidade. Ela mentia para si mesma e já estava até mesmo se esquecendo de quem ela era. Os dias eram tão divertidos. Elas riam bastante quando tentavam entender os costumes de cada um dos que estavam ali.

A princesa queria saber se a raposa comia macacos. A raposa queria saber se o gambá tomava banho. Ele garantiu que tomava banho todos os dias! E as perguntas que surgiam eram cada vez mais estranhas e engraçadas. Algumas vezes, a barriga doía de tanta gargalhada. Eu mesmo já não me lembrava da última vez que ri assim com a minha família ou meus antigos amigos.

Enquanto a raposa estava na floresta, sua vida era feliz. Mas, quando a noite chegava e ela tinha que voltar para a sua rainha, ela voltava a ficar triste. Nem sempre a Rainha do Sul estava de mau humor. Elas até tinham momentos bons de vez em quando.

A raposa se surpreendeu quando a sua rainha a levou para um passeio em um lugar maravilhoso. O lugar parecia um paraíso. Um jardim enorme, comidas deliciosas e muitas coisas incríveis para descobrir. Elas conversaram bastante durante o passeio e a raposa se lembrou de como sua vida era feliz com sua rainha enquanto ela ainda era uma princesa e de tudo que elas haviam prometido uma à outra que iriam conquistar juntas no futuro. Isso a entristeceu bastante.

Mas a raposa estava apegada demais à Princesa Vermelha. Ela parecia entender perfeitamente os sentimentos da raposa, coisa que a Rainha do Sul já não era mais capaz de fazer. E aquele momento causou uma confusão terrível na mente da raposa. Como é estranho o mundo das emoções. Uma hora você deseja uma coisa, noutra, você não sabe exatamente o que quer.

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O que está achando da playlist? E da história? Me conta, quero saber!

A Raposa e a Princesa VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora