Capítulo 9 - Sonhos parecidos

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A raposa não queria acreditar que toda família era imperfeita e enfrentava problemas. Todo esse caos trouxe insegurança para a raposa. Ela sentia ciúmes da serpente e até dos outros animais, mas a princesa sempre deixava claro para todos que elas duas eram inseparáveis e que nem a serpente poderia interferir nisso. Mas a raposa disse:

— Tenho medo de que a gente se afaste. Às vezes penso que vou te perder para sempre. E, às vezes, até sonho com isso.

— Você não vai me perder, nunca! Por que está dizendo isso?

— Eu não sei, só sinto. Essa sensação aumentou quando a serpente chegou.

— Não se preocupe com a serpente. Você é a minha melhor amiga, ninguém vai ocupar o seu lugar!

— Você me garante isso? Eu soube que você veio à noite para a floresta, só que você não me contou que viria. Mas a serpente estava aqui.

— Não, ela não estava! Você está duvidando de mim? Isso me deixa muito triste porque eu nunca menti para você. Não acho justo que você desconfie de mim assim.

— Me desculpa. Eu não queria te entristecer. Estou insegura, só isso.

— Eu não estou com raiva de você, eu entendo. Mas não duvide do que eu sinto por você nem da minha lealdade. Ninguém pode ocupar o seu lugar, acredite em mim.

— Eu acredito. Me desculpe, não vou mais agir assim.

— Está tudo bem, vem cá. Fica perto de mim.

A raposa se aproximou. A princesa desceu da pedra e se abaixou, ajoelhando-se diante da raposa. Ela pôs a mão sobre a cabeça da raposa e a presenteou com um carinho delicado, encostando sua testa na testa dela. As duas fecharam os olhos e apenas sentiram a presença uma da outra. Ao se afastarem, a princesa beijou carinhosamente o seu focinho. Ela era única no mundo da princesa e a princesa estava ocupando um lugar especial no mundo da raposa também. Aquele era um momento que dificilmente seria esquecido por elas.

A única coisa que poderia separar a raposa da princesa era a verdade sobre a sua identidade. Em que ponto da história nós nos conhecemos? Exatamente no ponto em que essa bomba explodiu. Por isso, a raposa estava tão triste quando a conheci. Seus sumiços durante dias foram explicados depois. Então, entendi porque às vezes ela me deixava esperando e porque assisti tantos pores do sol pensando nela.

Quando eu soube do que tinha acontecido, me prontifiquei a procurar a princesa com ela. Pedi que ela me levasse à floresta onde costumava se encontrar com a princesa. E assim se deu. Combinamos de nos encontrar mais cedo para que tivéssemos mais tempo. Eu me preparei para essa busca com uma mochila recheada de ferramentas, bússola, mapas e mais um monte de coisas que eu nem sabia usar.

— Você foi mais corajosa do que eu.

— Porque está dizendo isso? – ela me perguntou.

— Você teve coragem de dizer a verdade. Eu não tive a mesma coragem que você. Por isso, perdi minha família.

— Como assim? Você tinha uma família? – Ela parecia surpresa com essa notícia.

Nós estávamos ainda no ponto de encontro, em cima da pequena montanha onde nos conhecemos. O Sol estava nascendo. O céu estava repleto de pequenas nuvens rosadas. O gramado e as plantas estavam cobertos pelo orvalho. Eu olhava com carinho e admiração para a minha pequena raposa. Estava orgulhoso dela naquele momento.

— Sim, eu tinha uma família. Tinha uma esposa e uma filha. Mas eu me deixei levar pelos problemas e me tornei alcoólatra. Eu mudei muito com o tempo, mas não a tempo de salvar minha família. Eu nunca tinha tempo para elas. Quando não estava no trabalho, estava bebendo com os colegas. Quando eu chegava em casa, era agressivo, mal humorado e distante. Eu gastava a maior parte do dinheiro com bebidas e deixava minha família passar necessidade. Eu tinha me tornado uma pessoa ruim e elas me odiavam, mas não mais do que eu mesmo me odiava.

A Raposa e a Princesa VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora